quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Estatinas são benéficas em muitos pacientes com doença renal crônica

As estatinas diminuem eventos cardiovasculares graves na doença renal crônica (DRC) leve a moderada. No entanto, esses benefícios diminuem com a redução da função renal e podem não se aplicar a pacientes em diálise, de acordo com uma meta-analise publicada online em 28 de julho em Lancet Diabetes & Endocrinology.

Os dados sugerem que as estatinas podem beneficiar uma "grande variedade" de pacientes com doença renal crônica. "Em pacientes com DRC, regimes com estatina devem ser escolhidos para maximizar a redução absoluta no colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL) para alcançar os maiores benefícios de tratamento", escrevem os autores, que fizeram parte do Cholesterol Treatment Trialists' (CTT) Collaboration. No entanto, os resultados não deixam de ter algumas ressalvas.

"Nossos resultados mostram que, mesmo após permitir reduções um pouco menores no colesterol LDL, à medida que a taxa de filtração glomerular (TFG) diminuiu, houve uma tendência de menores reduções do risco relativo para eventos coronarianos graves e acidentes vasculares encefálicos. Em particular, houve pouca evidência de que o tratamento com estatina tenha sido eficaz em pacientes que iniciaram o tratamento após iniciada a diálise", eles escrevem.

O estudo também destacou que quanto maior a redução do LDL, maior o benefício das estatinas. Alcançar maiores reduções do LDL, no entanto, geralmente significa doses mais altas de estatinas, o que pode aumentar o risco de miopatia em alguns pacientes com doença renal.

Os pesquisadores analisaram dados do banco de dados clínicos da CTT Collaboration, envolvendo 28 ensaios com 183,419 indivíduos, incluindo pacientes em diálise e com transplante renal. A análise incluiu o AURORA, um estudo-chave de pacientes em diálise. Uma vez que o estudo AURORA usou uma definição diferente para morte coronária em relação a outros estudos, os pesquisadores reclassificaram este desfecho para padronizar a avaliação. Eles também padronizaram os resultados para explicar as diferenças na redução do LDL entre os estudos.

De forma geral, os resultados mostraram que as estatinas reduziram o risco de ter um primeiro evento vascular grave em cerca de 21% por mmol/l de redução no colesterol LDL (rate ratio, 0,79; intervalo de confiança de 95%, 0,77 – 0,81; p < 0,0001). Os eventos coronarianos graves e acidente vascular encefálico reduziram com o uso de estatinas (rate ratio, 0,76, IC de 95%, 0,73 – 0,79, e 0,84, IC de 95%, 0,80 – 0,89, respectivamente).

Os benefícios das estatinas diminuíram juntamente com o declínio na TFG estimada (TFGe; p = 0,008 para a tendência), principalmente relacionada a eventos coronários graves (p = 0,01 para a tendência) e AVE (p = 0,07 para tendência):

TFGe ≥60 ml/minuto por 1,73 m2: RR, 0,78; IC de 99%, 0,75 – 0,82
TFGe 45 a <60 ml/minuto por 1,73 m2: RR, 0,76; IC de 99%, 0,70 – 0,81
TFGe 30 a <45 ml/minuto por 1,73 m2: RR, 0,85; IC de 99%, 0,75 – 0,96
TFGe <30 ml/minuto por 1,73 m2 e não em diálise: RR, 0,85; IC de 99%, 0,71 – 1,02
Diálise: RR, 0,94; IC de 99%, 0,79 – 1,11

Além disso, as estatinas diminuíram o risco de procedimentos de revascularização coronariana em 25% por 1,0 mmol/l de diminuição do LDL (RR, 0,75; IC de 95%, 0,73-0,78; p <0,0001), o que não foi significativamente afetado pela função renal basal (p = 0,9 para a tendência).

As estatinas também reduziram a morte vascular em 12% por 1,0 mmol/l de diminuição no colesterol LDL (RR, 0,88; IC 95%, 0,85-0,91; p <0,0001), com menores reduções de risco nos pacientes com pior função renal de base (p = 0,03 para a tendência)

Com informações da Dra. Veronica Hackethal em Medscape 

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