Mutações
na proteína quinase LRRK2 estão ligadas ao aparecimento da doença e também ao
aumento do risco de desenvolvê-la
Pesquisadores conseguiram bloquear a produção de uma proteína
que, quando sofre mutação, está relacionada à doença de Parkinson. A pesquisa foi realizada pela Genentech, empresa do grupo Roche,
especializada em biotecnologia e publicada no periódico Science Translational Medicine.
A doença de Parkinson acomete de 1 a 2% da
população brasileira acima de 60 anos, e se caracteriza pelos sintomas motores
(tremores no repouso, movimentos mais lentos e rigidez) e não-motores, como
alterações de sono, do olfato e da função cognitiva e depressão.
Genética
Atualmente, existem estudos que relacionam o
Parkinson a fatores ambientais, mas ela ainda é considerada uma doença de
causas genéticas. As alterações nos genes que a causam não são totalmente
conhecidas, e podem surgir de forma hereditária ou esporádica (sem que haja um
histórico familiar).
Um dos genes que tem sido relacionado à doença em
diversos estudos é o responsável pela produção da proteína quinase LRRK2. De
acordo com os pesquisadores, mutações nessa proteína estão ligadas ao
aparecimento da doença e também ao aumento do risco de desenvolvê-la, mas o
mecanismo envolvido nesse processo ainda não é conhecido, bem como a função da
proteína no organismo.
Estudo
Um dos desafios dos pesquisadores era monitorar a
atividade da quinase LRRK2 nos neurônios, para estudar sua relação com o
Parkinson. "Monitorar a atividade da quinase é tão importante quanto
monitorar a temperatura na culinária. Assim como uma pessoa utiliza um
termômetro para determinar a temperatura de um prato, os pesquisadores têm
procurando um termômetro para medir a atividade dessa proteína no cérebro de
camundongos e em culturas de células", afirma Don Kirkpatrick, pesquisador
da Genentech.
No estudo, os pesquisadores conseguiram desenvolver
esse termômetro, feito de anticorpos que ajudam a estimar a presença dessa
proteína. "Uma vez que tínhamos esse termômetro, nós o usamos para
verificar como cada um dos componentes que nós testamos afetava a atividade da
quinase", diz Kirkpatrick. Dessa forma, eles perceberam que o composto
denominado G1023poderia bloquear a ação da quinase. Porém, para o pesquisador,
mais estudos serão necessários para demonstrar que o bloqueio da quinase pode
reverter a progressão da doença.
Opinião do especialista
Erich Fonoff
Professor de neurologia da Universidade de São Paulo e neurocirurgião do Hospital das Clinicas
Professor de neurologia da Universidade de São Paulo e neurocirurgião do Hospital das Clinicas
"A quinase LRRK2 sabidamente tem relação com a
doença de Parkinson. Uma mutação faz com que ela se expresse de modo alterado e
é um dos elos na cascata de eventos moleculares que culminam na morte das
células dopaminérgicas, relacionadas ao controle dos movimentos.
"Para que a doença se desenvolva, uma cadeia
de eventos deve ocorrer. Se essa cadeia for em série, e uma etapa depender
necessariamente da anterior, ao bloquear uma delas se poderá aniquilar a cadeia
e parar o processo de morte celular. Mas, na verdade, nós não sabemos se essa
cadeia ocorre em série ou em paralelo. O bloqueio de uma proteína como essa
pode significar um auxilio para que isso não ocorra, mas é difícil prever,
porque não sabemos o quão parecido é o modelo de Parkinson em animais com o do
ser humano.
"Além disso, mais de 50% das células
dopaminérgicas devem ter morrido para que o paciente comece a apresentar os
primeiros sintomas motores. Por essa razão, a gente acabaria bloqueando uma
cascata de eventos em alguém que já esta doente há muito tempo. Para que
qualquer tentativa de cura seja feita é necessário que o diagnóstico seja mais
precoce, e isso também tem sido alvo de muitas pesquisas".
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Ser1292 Autophosphorylation Is an Indicator of LRRK2 Kinase Activity and Contributes to the Cellular Effects of PD Mutations
Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine
Quem fez: Zejuan Sheng, Shuo Zhang, Daisy Bustos, Tracy Kleinheinz, Claire E. Le Pichon, Sara L. Dominguez, Hilda O. Solanoy, Jason Drummond, Xiaolin Zhang, Xiao Ding, Fang Cai
Instituição: Genentech, empresa do grupo Roche
Resultado: Os pesquisadores desenvolveram um método para monitorar a atividade da proteína quinase LRRK2. Com isso, eles testaram um composto denominado G1023, que se mostrou capaz de bloquear a ação dessa proteína, relacionada ao Parkinson.
Título original: Ser1292 Autophosphorylation Is an Indicator of LRRK2 Kinase Activity and Contributes to the Cellular Effects of PD Mutations
Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine
Quem fez: Zejuan Sheng, Shuo Zhang, Daisy Bustos, Tracy Kleinheinz, Claire E. Le Pichon, Sara L. Dominguez, Hilda O. Solanoy, Jason Drummond, Xiaolin Zhang, Xiao Ding, Fang Cai
Instituição: Genentech, empresa do grupo Roche
Resultado: Os pesquisadores desenvolveram um método para monitorar a atividade da proteína quinase LRRK2. Com isso, eles testaram um composto denominado G1023, que se mostrou capaz de bloquear a ação dessa proteína, relacionada ao Parkinson.
Fonte:
veja.abril.com.br