Exercício
físico, não mental
A atividade
física regular na terceira idade pode ajudar a evitar o encolhimento do cérebro
e outros sinais associados à demência, revela um novo estudo.

Os resultados
mostraram que aqueles que eram fisicamente mais ativos tiveram menor retração
do cérebro do que os que não se exercitavam.
Por outro
lado, os que realizavam atividades de estimulação mental e intelectual, como
fazer palavras cruzadas, ler um livro ou socializar com os amigos, não tiveram
efeitos benéficos em relação ao tamanho do cérebro, constatou o estudo, publicado
na revista Neurology.
Deterioração
do cérebro
Existem vários
estudos que detectaram uma espécie de encolhimento do cérebro com o
envelhecimento.
Esse
encolhimento está associado com uma perda da memória e das capacidades
cerebrais, embora os estudos não sejam conclusivos sobre quem causa o quê.
Mas os estudos
também têm mostrado uma correlação inversa entre esse encolhimento e as
atividades sociais, físicas e mentais.
Neste novo
estudo, que levou três anos para ser concluído, o médico Alan Gow e sua equipe
pediram aos participantes que levassem um registro de suas atividades diárias.
No final desse
período, quando completaram 73 anos, os participantes passaram por scanners de
ressonância magnética para analisar as mudanças no cérebro.
Depois de levar
em conta fatores como idade, sexo, saúde e inteligência, os resultados
mostraram que a atividade física estava "significativamente
associada" com a menor atrofia do tecido cerebral.
Massa
cinzenta
"As
pessoas de 70 anos que fizeram mais exercício físico, incluindo uma caminhada,
várias vezes por semana, apresentaram uma retração menor do cérebro e outros
sinais de envelhecimento da massa cerebral do que aqueles que eram menos ativos
fisicamente", explicou Grow.
"Além
disso, nosso estudo não mostrou nenhum benefício real no tamanho do cérebro com
a participação em atividades mental e socialmente estimulantes durante os três
anos de estudo", acrescentou.
Segundo o
pesquisador, a atividade física foi também associada a um aumento no volume de
massa cinzenta. Esta região tem-se mostrado relacionada com a memória de curto
prazo.
Quando os
cientistas analisaram o volume de substância branca, responsáveis pela
transmissão de mensagens no cérebro, descobriram que as pessoas fisicamente
ativas tinham menos lesões nessa área do que as que se exercitavam menos.
Causas
indeterminadas
Embora estudos
anteriores já tenham mostrado os benefícios do exercício para prevenir ou
retardar a demência, ainda não está claro os motivos por que isso acontece.
"Embora
não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós
sabemos que o exercício na meia-idade pode reduzir o risco de demência
futura", comentou Simon Ridley, da entidade Alzheimer's Research no Reino
Unido.
"Vai ser
importante acompanhar tais voluntários para ver se essas características
estruturais estão associadas com maior declínio cognitivo nos próximos
anos", disse.
"Também
será necessário mais pesquisas para saber detalhadamente sobre por que a
atividade física está tendo esse efeito benéfico", afirmou.
Fonte:
BBC