Investigadores
australianos desenvolveram um método, completamente inovador, capaz de
direcionar com elevada precisão os fármacos anticancerígenos contra os seus
alvos, as células tumorais. Este método que se baseou na utilização de “mini células”
foi pela primeira vez testado em humanos e mostrou ser seguro, bem tolerado e
capaz de induzir estabilidade em pacientes com cancro incurável e em estado
avançado.
Os
investigadores da empresa de biotecnologia, EnGeneIC, na Austrália, explicaram
que a administração de fármacos anticancerígenos através das “mini células”
teve como objetivo diminuir os efeitos adversos muitas vezes associados aos
tratamentos quimioterápicos. As “células” foram desenvolvidas a partir de
membranas celulares e colocadas na superfície de baterias geneticamente
modificadas. Estas estruturas podem transportar várias substâncias químicas,
como os anticancerígenos, e conter anticorpos capazes de se associar
diretamente aos receptores encontrados nas células tumorais.
O
estudo apresentado no Symposium on Molecular Targets and Cancer Therapeutics,
na Irlanda, refere que deste modo as “mini células” têm como único alvo as
células tumorais, dado que as células saudáveis não apresentam este tipo de
receptores à sua superfície. Após detectarem a presença das bactérias, as
células tumorais ativam os seus mecanismos de defesa. Consequentemente, as
bactérias que têm as mini células acopladas são ingeridas ficando assim o
núcleo das células tumorais expostas ao agente anticancerígeno.
No
estudo, os investigadores testaram este novo método em 28 pacientes com cancros
incuráveis e constataram que 10 destes estabilizaram após seis semanas de
tratamento. “A principal conclusão deste estudo é que estas “mini células”
podem ser administradas aos pacientes com cancro em fase avançada de uma forma
eficaz. Adicionalmente foi também verificado que era possível dar múltiplas
doses, um único paciente recebeu 45 doses durantes 15 meses. O único efeito
adverso observado foi a febre. Contudo, para concentrações mais elevadas foram
observados alterações nos testes funcionais do fígado”, revelou em comunicado
de imprensa, um dos autores do estudo, Benjamin Solomon.
“Esta
nova tecnologia é a base para a administração de diferentes moléculas,
incluindo fármacos e moléculas capazes de silenciar genes que causam a resistência
a fármacos nos estágios finais do cancro. No futuro esta tecnologia vai
permitir a administração personalizada de fármacos para o tratamento do cancro
uma vez que o conteúdo das “mini células” pode ser ajustado ao perfil genético
de cada paciente”, conclui o investigador.
Estudo apresentado no Symposium on Molecular Targets
and Cancer Therapeutics - ALERT Life Sciences
Computing, S.A.