sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Medicamento biológico injetável apresenta bons resultados para o tratamento do colesterol alto


Um novo medicamento biológico para o controle do colesterol, ainda em fase de testes, se apresenta como o mais promissor recurso descoberto desde as estatinas. A substância que pode fazer essa revolução é uma molécula nova, ministrada na forma injetável, com periodicidade quinzenal ou mensal.
Os resultados foram publicados na conceituada revista científica “Lancet”. Os cientistas promoveram testes em cerca de mil pacientes e a injeção conseguiu reduzir em até 72% o LDL, abreviação das iniciais de low density lipoprotein, ou proteína de baixa densidade. O LDL é o chamado “colesterol ruim”, vilão das doenças cardíacas e da aterosclerose. Tem em sua composição 45% de puro colesterol e no seu trajeto pela corrente sanguínea vai se depositando na parede das artérias. 
O trabalho comparou indivíduos saudáveis que tomaram a injeção anticolesterol com portadores da forma genética da doença em tratamento com estatinas e ezetimiba (medicamento que ajuda na diminuição do colesterol com a absorção do LDL no intestino) por quatro meses.
A injeção é inovadora em vários sentidos. Primeiro, porque atua por caminhos diferentes das estatinas, que contêm as taxas de gordura no sangue, inibindo a sua produção no fígado. A molécula bloqueia a atividade de uma enzima natural do corpo chamada PCSK9.
Essa enzima destroi os receptores de LDL no sangue, cuja função é retirar o excesso de colesterol ruim em circulação, como ficou demonstrado por estudos publicados nos últimos dez anos pela revista científica “New England Journal of Medicine”. 
Com o avanço das pesquisas, os cientistas encontraram mais alterações na mesma enzima capazes de gerar baixas concentrações de LDL no sangue e de ligá-la aos casos de hipercolesterolemia familiar. São situações em que membros de diversas idades de famílias inteiras convivem com elevadíssimas taxas de colesterol. 
No próximo ano, dezenas de milhares de pessoas serão submetidas ao uso experimental do novo medicamento. Seis grandes empresas farmacêuticas multinacionais estão acelerando o planejamento dos seus testes de fase três, que comprovam a eficácia e a segurança do medicamento em populações maiores. Elas disputam qual chegará primeiro ao mercado com o novo medicamento. 
Hoje o tratamento para o colesterol alto passa necessariamente pelas estatinas, quando o controle não é conseguido com mudanças no estilo de vida. O problema é que pouca gente consegue mudar a dieta, parar de fumar e adotar um programa de exercícios semanais, que são as primeiras recomendações dos médicos a quem começa a mostrar alterações no LDL. 
Embora seja a arma mais eficaz encontrada até hoje, as estatinas têm sido alvo de duras críticas por seus efeitos colaterais, como perda de memória e fadiga muscular. Outro efeito indesejado é um incremento na produção da enzima que destrói os receptores de LDL, responsáveis pela remoção do mau colesterol. A nova injeção combate justamente essas enzimas. 
Para a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o colesterol total não deve ultrapassar 200 mg/dl. Níveis entre 200 e 240 mg/dl já são elevados e merecem atenção. Acima desses valores, são preocupantes. O colesterol em taxa elevadas atinge cerca de 40% da população mundial e contribui para 56% dos casos de óbitos por doenças coronárias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).           

Por: Carlos Nascimento - Revista IstoÉ