Investigadores
americanos descobriram a estrutura de um anticorpo humano que pode neutralizar
o vírus influenza de forma única, de acordo com um estudo publicado na “Nature.
Neste
estudo, os investigadores do The Scripps Research Institute e do Sea Lane
Biotechnologies, nos EUA, começaram por recolher a medula óssea de pacientes
que tinham sido previamente expostos a determinadas estirpes do vírus da gripe.
A medula óssea contém o registro de todos os anticorpos que um indivíduo
produz.
Após
terem sequenciado uma biblioteca enorme de anticorpos capazes de se associar a
proteínas dos vírus influenza A, a mais perigosa família de vírus da gripe, os
investigadores isolaram um anticorpo invulgar, o C05.
Os
investigadores, liderados por Ramesh R. Bhat, verificaram que este anticorpo
protegeu as células contra a infecção destes vírus. A administração de doses
relativamente baixas de C05 a ratinhos também os protegeu contra infecções do
influenza A, apesar de terem sido expostos a quantidades letais do vírus. Foi
também observado que o C05 salvou 100% dos animais, mesmo após ter sido
administrado três dias após o começo da infecção.
O
estudo apurou que o C05 tinha uma propriedade única, dado que reconhece e
bloqueia a região do vírus que medeia a sua ligação às células hospedeiras.
Esta região é determinante para que o processo de infecção ocorra, estando esta
relativamente mais exposta à ação do sistema imune que as restantes regiões. Desta
forma, este seria um alvo ideal para a ligação dos anticorpos. Contudo, esta
região é demasiado pequena.
Através
da utilização de uma técnica de cristalografia, entre outras, os cientistas
determinaram onde e como os anticorpos se associavam aos seus alvos, tendo
descoberto que o C05 se ligava aos vírus de uma forma única.
Contrariamente
a outros anticorpos, este associa-se apenas a uma região do vírus que não varia
muito de estirpe para estirpe, conseguindo assim neutralizar uma vasta gama de
vírus influenza A como os subtipos H1, H23 H3 e H9.
“Se
formos capazes de induzir a produção deste tipo de anticorpos através da
administração de uma vacina, teremos algo muito útil”, revelou em comunicado de
imprensa, um dos autores do estudo, Lawrence Horowitz.
Estudo publicado na
“Nature”