Investigadores portugueses identificaram a proteína
e o mecanismo relevante para a progressão da doença de Machado-Joseph, de
acordo com um estudo publicado na revista científica “Brain”.

"Os tratamentos que existem até agora são
apenas sintomáticos. Esperamos vir a conseguir obter indicações que permitam
levar a uma terapia que bloqueie a doença", disse.
A doença de Machado-Joseph, que tem uma alta
incidência em Portugal, principalmente nos Açores, é uma patologia rara, mas
entre as doenças genéticas que causam descoordenação motora é a mais comum, e é
causada pela alteração de um único gene.
No caso da Machado-Joseph, a proteína “ataxina-3”
mutada causa a neurodegeneração em regiões específicas do cérebro, como o
cerebelo, e os doentes têm dificuldades motoras, como andar, equilibrar-se ou
engolir.
"Verificamos que as calpaínas conseguem clivar
a ataxina-3 e dão origem a fragmentos mais pequenos com uma facilidade
aumentada para migrarem para o núcleo das células e vão tornar-se
particularmente tóxicos, o que vai contribuir para a progressão da
doença", explicou o investigador.
"Conseguimos ter evidências muito claras de
que os fragmentos estão lá, de que, quando inibimos a clivagem reduzimos os
níveis dos fragmentos e a agregação no núcleo das células e reduzimos a
patologia", resumiu.
O estudo teve como objetivo inibir as calpaínas,
juntando um vírus, uma estratégia que "envolve uma abordagem muito invasiva
para ser usada na clínica", admitiu.
No entanto, essa solução "é possível e em
certas doenças já estão a ser usadas estratégias de injeção de vírus no cérebro
dos doentes", segundo o cientista.
Os especialistas estão a estudar inibidores
farmacológicos a ser ministrados por via oral, uma estratégia menos agressiva.
"Não temos disponível uma terapia que possa ser utilizada nos doentes nos próximos meses, estamos a falar de coisas que podem demorar anos até chegar aos doentes mas temos essa esperança", disse Luís Pereira de Almeida.
"Não temos disponível uma terapia que possa ser utilizada nos doentes nos próximos meses, estamos a falar de coisas que podem demorar anos até chegar aos doentes mas temos essa esperança", disse Luís Pereira de Almeida.
Estudo publicado na
revista “Brain”