Príons

Jerson Lima
Silva e sua equipe estão sugerindo que pode haver uma ligação até agora
desconhecida entre os príons e o desenvolvimento do câncer.
Príon é uma
sigla em inglês para o termo "Partículas Proteicas Infecciosas". E
eles são justamente isso, um aglomerado de proteínas cujo processo de
dobramento se desencaminha, gerando uma partícula infecciosa.
Por razões
ainda não conhecidas, os príons conseguem sequestrar outras proteínas e
induzi-las a se dobrar incorretamente, o que os caracteriza, de certa forma,
como capazes de reprodução.
Os príons são
os agentes
causadores do Mal da Vaca Louca e de várias outras doenças, estando
envolvidos em processos verificados nas doenças de Parkinson e Alzheimer.
Príons
e câncer
O Dr. Jerson e
sua equipe encontraram indícios de que a proteína p53,
que tem a heroica tarefa de evitar a formação de tumores no corpo, pode apresentar um comportamento
típico dos príons quando sofre uma mutação.
Já se sabia
que um acúmulo de p53 no interior da célula atrapalha seu trabalho de prevenir a formação de tumores - isto foi
observado em cânceres como neuroblastoma, retinoblastoma, câncer de mama e de
cólon.
O que os
pesquisadores brasileiros descobriram agora é que, nas linhagens de células
contendo a mutação mais comum da p53, presentes no câncer de mama, a formação
dos agregados dessa proteínas - um agregado do tipo príon - é responsável pela perda de função da p53.
Ou seja, não é
apenas uma questão de acúmulo da proteína, mas o seu processo de
"prionização" que importa.
Mudança
na compreensão do câncer
O grupo agora
pretende desenvolver estratégias para evitar que a p53 se dobre incorretamente
e se agregue, na tentativa de demonstrar que o comportamento prionoide da
proteína de fato representa um mecanismo de desenvolvimento do câncer.
"Nós
estamos planejando testes pré-clínicos com ácidos nucleicos sintéticos, na
tentativa de evitar a alteração na conformação normal da p53, e evitar a
formação dos agregados de proteínas mal dobradas," disse o Dr. Jerson.
Se eles
tiverem sucesso, a estratégia poderá revelar um mecanismo molecular de formação
de tumores até agora desconhecido.
Considerando
que mais da metade dos cânceres apresenta perda de função da p53, esse
comportamento do tipo príon poderá ser usado como um alvo terapêutico,
alterando radicalmente a forma de compreender e tratar os pacientes com câncer.
Fonte:
Diário da Saúde