Ataque e defesa
Os cânceres são notórios por produzir compostos
químicos que confundem o sistema imunológico, frustrando as defesas biológicas.
Para combater esse efeito, alguns tratamentos
tentam neutralizar o arsenal químico do câncer e aumentar a resposta imune do
paciente.
Contudo, as tentativas de fazer as duas coisas ao
mesmo tempo raramente são bem-sucedidas.
Bionanotecnologia
Agora, cientistas usaram a bionanotecnologia para
desenvolver um sistema que fornece ao corpo, simultaneamente, uma dose
sustentada de um reforço para o sistema imunológico, e de um medicamento para
inibir a produção dos compostos químicos do câncer.
Isto resultou em uma potente terapia combinada que,
em experimentos em animais, retardou o crescimento de alguns tumores e chegou a
colocar outros em remissão, levando a taxas de sobrevivência significativamente
maiores.
Essa técnica para a aplicação simultânea de vários
tratamentos pode resolver as frustrantes dificuldades que as chamadas terapias
medicamentosas combinatórias têm enfrentado.
Nanolipogels
Classificada como imunoterapia, a nova técnica usa
medicamentos já bem estudados, mas leva-os para o organismo usando nanolipogéis
(NLGs:NanoLipoGels), uma tecnologia inovadora para o transporte de
medicamentos.
Os NLGs (nanolipogéis ou nanolipogeles) são esferas
ocas biodegradáveis com dimensões em nanoescala (bilionésimos de metro), cada
uma capaz de acomodar grandes quantidades de moléculas quimicamente diferentes.
Aparentemente as nanoesferas se acumulam nos vasos
sanguíneos frágeis dos tumores, liberando sua carga de forma controlada e
sustentada, conforme as paredes das nanoesferas e sua estrutura interior
quebram-se na corrente sanguínea.
Imunoterapia
Nestes experimentos iniciais, os NLGs continham
dois componentes: uma droga inibidora que ataca uma defesa particularmente
potente do câncer chamada fator de crescimento transformador-beta (TGF-beta), e
a interleucina-2 (IL-2), uma proteína que induz o sistema imunológico a responder às ameaças em
pontos específicos.
A capacidade de empacotar dois tipos completamente
diferentes de moléculas - grandes proteínas solúveis em água, como a IL-2, e
pequenas moléculas hidrofóbicas, como o inibidor de TGF-β - em um mesmo
invólucro foi fundamental para o sucesso do tratamento.
Os pesquisadores, da Universidade de Yale (EUA),
descreveram suas descobertas na edição da revista Nature Materials.
Fonte:
Diário da Saúde