Produtos alternativos podem
causar hepatite crônica e cirrose hepática
Ervas
naturais usadas para tratar constipação intestinal, gastrite, hemorroida, e
diminuir a retenção de líquidos, entre outros sintomas, podem trazer
complicações sérias ao fígado de quem as utiliza, como hepatite crônica e
cirrose hepática. Embora não exista uma pesquisa sobre o tema, segundo Raymundo
Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, houve um aumento no
número de casos de pacientes que procuram centros de hepatologia por causa da
intoxicação do fígado, causado tanto por medicamentos alopatas como também por
ervas e chás.
Ele
chama a atenção para um levantamento realizado por hepatologistas que mostrou
que há no país mais de 170 práticas alternativas sem comprovação científica –
as conclusões dos médicos foram encaminhadas à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária e ao Ministério da Saúde. "Levantamos a literatura médica para
ver o que havia de evidência científica. E o fato é que falta
embasamento", diz Paraná. Em geral, esses medicamentos carecem de estudos
científicos fase I, II e III, quando são testados em seres humanos — mostrando
apenas resultados positivos em testes com animais.
As plantas são
uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade, presentes na
cultura africana e na cultura indígena. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
estimula países a estabelecerem políticas para medicamentos fitoterápicos e
plantas medicinais, com o objetivo de que eles utilizem recursos naturais
disponíveis em seus próprios territórios com finalidade de tratamento, cura e
prevenção.
Vendidas como
uma alternativa natural e menos tóxica que os tratamentos convencionais, as
ervas passam a falsa impressão de que são todas inofensivas à saúde. "Em
geral, a parte da população acha que a medicação alternativa não faz mal
nenhum. O fato é que algumas plantas podem causar uma doença hepática grave e,
se associadas a algum tipo de medicamento, podem diminuir a ação de outras
drogas", explica Aécio Meirelles, hepatologista da Universidade Federal de
Juiz de Fora e pesquisador da área de doenças hepáticas induzidas por
medicamentos.
Entre
as ervas que podem trazer consequências, os especialistas citaram: sacaca (Croton
cajucara benth),
kava-kava (Piper
methysticum) e erva-de-São-João(Hypericum
perforatum). Meirelles
explica que o problema das plantas é que não se sabe exatamente de onde vem a
parte que causa problema — pode vir da folha, do caule da raiz ou até do
próprio preparo. Em alguns casos, as pessoas misturam mais de uma erva em um só
chá, fazendo com que fique ainda mais difícil descobrir a origem do problema.
O que dizem as pesquisas
Estudos recentes
mostram os riscos
• O uso de ervas medicinais pode enfraquecer ou até
potencializar o efeito do medicamento quimioterápico, podendo trazer
consequências letais em alguns casos.
• Uma em cada dez crianças americanas recebe ervas — não
autorizadas pela agência reguladora americana FDA — em seu primeiro ano de vida
para combater a cólica e ajudar na digestão.
• Plantas populares como a erva de São João não são boas
combinações para pacientes que tomam medicamentos para o coração. Elas podem
ser perigosas para quem toma remédios para hipertensão, estatina, e remédios
que afinam o sangue.
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chás que podem prejudicar o seu fígado
Espinheira-santa
Nome da erva: Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
Indicação de uso: Indica-se uma xícara de chá de três a quatro vezes por dia para tratar sintomas como azia e gastrite.
Outros efeitos adversos: O uso pode provocar secura e gosto estranho na boca e náuseas.
Indicação de uso: Indica-se uma xícara de chá de três a quatro vezes por dia para tratar sintomas como azia e gastrite.
Outros efeitos adversos: O uso pode provocar secura e gosto estranho na boca e náuseas.
Sene
Nome da erva: Sene (Cassia
angustifolia)
Indicação de uso: Indica-se uma xícara de chá antes de dormir para pessoas com constipação intestinal.
Outros efeitos adversos: O uso contínuo, por mais de uma semana, pode causar diarreia.
Indicação de uso: Indica-se uma xícara de chá antes de dormir para pessoas com constipação intestinal.
Outros efeitos adversos: O uso contínuo, por mais de uma semana, pode causar diarreia.
Cáscara-sagrada
Nome da erva: Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana)
Indicação de uso: Indica-se entre meia e uma xícara de chá antes de dormir para pessoas com constipação intestinal.
Outros efeitos adversos: O uso contínuo, por mais de uma semana, pode causar diarreia e dependência.
Indicação de uso: Indica-se entre meia e uma xícara de chá antes de dormir para pessoas com constipação intestinal.
Outros efeitos adversos: O uso contínuo, por mais de uma semana, pode causar diarreia e dependência.
Cavalinha
Nome da erva: Cavalinha (Equisetum
arvense)
Indicação de uso: Indica-se entre uma xícara de chá de uma a quatro vezes por dia para combater inchaço por retenção de líquidos.
Outros efeitos adversos: O uso por período prolongado pode provocar dor de cabeça e anorexia. Altas doses podem provocar irritação gástrica e no sistema urinário.
Indicação de uso: Indica-se entre uma xícara de chá de uma a quatro vezes por dia para combater inchaço por retenção de líquidos.
Outros efeitos adversos: O uso por período prolongado pode provocar dor de cabeça e anorexia. Altas doses podem provocar irritação gástrica e no sistema urinário.
Unha de gato
Nome da erva: Unha de gato (Uncaria tomentosa)
Indicação de uso: Indica-se entre uma xícara de chá de duas a três vezes por dia para dores articulares e musculares.
Outros efeitos adversos: O uso pode provocar cansaço, febre, diarreia e constipação. Altas doses podem causar problemas no pâncreas e alterações do nervo ótico.
Indicação de uso: Indica-se entre uma xícara de chá de duas a três vezes por dia para dores articulares e musculares.
Outros efeitos adversos: O uso pode provocar cansaço, febre, diarreia e constipação. Altas doses podem causar problemas no pâncreas e alterações do nervo ótico.
Paraná
acredita que o Conselho Federal de Medicina deveria ser mais ativo em relação a
práticas não comprovadas. Em alguns locais, chás e ervas são vendidos
clandestinamente em bancas comercializadas em saquinhos ou garrafadas. Segundo
a Anvisa, as embalagens desses produtos deverão conter, dentre outras
informações, o nome, CNPJ e endereço do fabricante, número do lote, datas de
fabricação e validade, alegações terapêuticas comprovadas com base no uso
tradicional, precauções e contra indicações de uso, além de advertências
específicas para cada caso.
Segundo os
especialistas, é importante que o paciente não omita do médico que está usando
a medicina alternativa, para não prejudicar o tratamento em curso e também para
evitar consequências no futuro. "Não acho que precisamos acabar com a medicina
alternativa, mas temos que ter mais cautela ao aprovar e utilizar esses
produtos", diz Meirelles.
Antes de
tomar:
- Consulte seu médico e farmacêutico sobre as possíveis interações com outros medicamentos
- Procure pesquisas científicas confiáveis sobre o uso de ervas e plantas medicinais
- Verifique se a embalagem possui data de fabricação e validade, precauções de uso e advertências
Cuidado em dobro se:
- Estiver grávida ou amamentando
- Está prestes a fazer ou fez uma cirurgia recentemente
- Tem menos de 18 anos ou mais de 65 anos
- Está fazendo um tratamento com remédios controlados
Por: Natalia Cuminale, em http://veja.abril.com.br