sábado, 1 de outubro de 2016

Existe câncer no coração?

Órgão essencial para o corpo humano, o coração tem como função bombear o sangue, que carrega oxigênio e nutrientes, por todo o organismo. Localizado no interior da cavidade torácica, é o centro do sistema circulatório e sempre requer atenção quanto à sua saúde: de acordo com o Ministério da Saúde, quase 30% das mortes no país são causadas por doenças cardiovasculares. Mas, entre as diversas doenças que envolvem o coração, o câncer não costuma ser uma delas.

De acordo com Dr. Humberto Rigon, diretor da Clínica Médica do A.C.Camargo, tumores no coração são muito raros. Enquanto os primários (originários no órgão) representam cerca de 0,05% do total das neoplasias, os metastáticos correspondem de 1 a 2% dos casos. No entanto, em 75% dos casos, os tumores são doenças benignas que não causam metástase. O mixoma - o mais comum entre eles - apresenta uma consistência gelatinosa e é tratado com cirurgia.

Se o coração for atingido por um câncer, é importante o acompanhamento de especialistas. "Tumores cardiovasculares malignos apresentam prognóstico complicado, porque surgem, principalmente, após a ação metastática de linfomas, sarcomas, melanomas malignos e neoplasias de mama ou pulmão", explica o cardiologista. As células tumorais metastáticas podem chegar ao coração por dois modos. "Pela via hematogênica, que é a transmissão de células da doença pelo sangue ou por implante nas valvas (válvulas), no miocárdio ou no pericárdio. Outro modo é por proximidade (contiguidade), quando o câncer está em locais próximos, como o pulmão, pleura, mama e mediastino", diz Rigon.

Os sintomas podem variar de acordo com a localização do tumor. "Se houver obstrução dos átrios ou ventrículos, além da estenose (estreitamento anormal das valvas do coração), as células tumorais podem adentrar na circulação sanguínea e bloquear artérias do pulmão, causando embolia. Se ocorrer na região do miocárdio ou do pericárdio, pode surgir a arritmia (presença de batimentos cardíacos anormais) e parada cardíaca", exemplifica Dr. Humberto Rigon.

Diagnóstico, Tratamento e Fatores de Risco

Por ser incomum e apresentar sintomas semelhantes aos de outras doenças cardiovasculares, o diagnóstico do câncer no coração pode ser dificultado por não haver a suspeita inicial. Entre os principais exames que podem ajudar na detecção estão o ecocardiograma, a tomografia computadorizada do tórax e a ressonância nuclear magnética do coração.

Um câncer metastático que atinge o coração geralmente indica uma doença agressiva e que pode comprometer a resposta ao tratamento quimio e radioterápico. O procedimento terapêutico mais utilizado é a cirurgia, no entanto, cada caso é avaliado individualmente, considerando os riscos e benefícios da operação.

São desconhecidos fatores de riscos para o desenvolvimento do câncer de coração. "Não dá para associar com tabagismo, má alimentação ou outros hábitos, pois o campo de estudo epidemiológico ainda é bastante pequeno", explica Dr. Humberto Rigon.

Com informações do Dr. Humberto João Rigon Junior - CRM 33925 - Diretor do Serviço de Clínica Médica do A.C.Camargo

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