terça-feira, 18 de outubro de 2016

Bactérias intestinais aumentam eficácia de quimioterápico

Investigadores franceses identificaram duas espécies de bactérias intestinais que aumentam o efeito de um fármaco anticancerígeno através da ativação de um tipo de células imunitárias, dá conta um estudo publicado na revista “Immunity”.

Estudos recentes têm demonstrado que alguns microrganismos intestinais podem promover o crescimento de tumores, enquanto outros protegem contra o cancro. Poucos foram aqueles que indicaram que as bactérias intestinais podem também contribuir para a eficácia dos fármacos quimioterápicos. Contudo, até à data, ainda não se sabia ao certo que espécies bacterianas ativavam a resposta imune antitumoral em resposta à quimioterapia e como este processo ocorria.  

Neste estudo, os investigadores do Centro para a Infecção e Imunidade de Lille, em França, demonstraram que duas bactérias intestinais, a Enterococcus hirae (E. hirae) e a Barnesiella intestinihominis (B. intestinihominis), orquestram os efeitos anticancerígenos do fármaco ciclofosfamida, um fármaco quimioterápico imunossupressivo utilizado no tratamento de vários tipos de cancro.  

Através da utilização de modelos animais, os investigadores demonstraram que o tratamento oral com E. hirae ativava a resposta antitumoral dos linfócitos T no baço em paralelo com os efeitos tóxicos diretos da cisplatina no tumor, contendo assim o crescimento do tumor. Por outro lado, o tratamento oral com B. intestinihominis conduziu a um efeito semelhante ao promover a infiltração dos linfócitos T em vários tumores de ratinho.

Posteriormente, o estudo também analisou as respostas dos linfócitos T de 38 pacientes com cancro do pulmão e ovário em estadio avançado tratado com o fármaco quimioimunoterápico. Verificou-se que as respostas imunes dos linfócitos T de memória específicos para a E. hirae e B. intestinihominis previram o tempo de permanência da doença sem agravamento durante e após o tratamento. 

Mathias Chamaillard, um dos autores do estudo, referiu que a eficácia do fármaco anticancerígeno baseia-se numa interação complexa entre o microbioma dos pacientes com cancro e a sua capacidade de produzirem uma resposta de memória imune eficaz contra algumas bactérias da flora intestinal.

Este paradigma abre o caminho para melhorar o tratamento, tanto através da otimização da utilização de antibióticos como através da implementação de suplementos conhecidos por oncomicrobióticos ou seus metabólitos bioativos para promover a eficácia dos fármacos anticancerígenos.

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