Fraqueza
oscilante
Médicos
brasileiros e suecos, trabalhando conjuntamente, fizeram um importante avanço
no diagnóstico da miastenia grave.
A miastenia
grave é doença neuromuscular que causa "fraqueza oscilante" dos
músculos voluntários, uma fraqueza anormalmente rápida nos músculos
voluntários.
O grande
problema para os médicos é que os sintomas podem ser sutis e muito variáveis, o
que dificulta o diagnóstico, principalmente nas formas oculares.
O grupo agora
conseguiu estabelecer valores de referência para um novo exame capaz de
diagnosticar a doença com altíssima precisão.
Os resultados
mais recentes do estudo serão publicados na próxima edição da revista Muscle
& Nerve.
Miastenia
grave
A miastenia
grave é considerada uma doença autoimune, na qual o próprio organismo do
paciente produz anticorpos que atacam receptores localizados na junção
neuromuscular, prejudicando a transmissão dos impulsos nervosos para os
músculos.
A principal
característica da doença é que a fraqueza muscular oscila durante o dia e
aumenta à medida que os pacientes se movimentam.
Dependendo da
gravidade e da região acometida podem ocorrer queda das pálpebras, visão dupla,
queda da cabeça, fraqueza em membros superiores e inferiores e dificuldade para
mastigação, deglutição e até de respiração.
Embora não
existam dados precisos no Brasil, estima-se que a incidência esteja entre 6 e
11 pessoas afetadas por milhão por ano.
Eletromiografia
de fibra única
João Aris
Kouyoumdjian, pesquisador da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto,
foi até a Suécia para um estágio com o criador de uma nova técnica, chamada
eletromiografia de fibra única.
"O exame
consiste em introduzir um eletrodo semelhante a uma agulha de acupuntura no
músculo. À medida que o paciente faz movimentos, o aparelho registra as
contrações de uma única fibra muscular", explicou Kouyoumdjian.
Ao comparar os
registros na tela do aparelho é possível medir a variação do tempo de contração
de uma fibra muscular em relação à outra - medida denominada jitter.
Em pessoas
saudáveis, o jitter dura entre 35 e 40 microssegundos, dependendo do músculo
analisado. Já em pacientes com doenças neuromusculares, o jitter pode atingir
valores tão elevados como 100 ou 150 microssegundos.
Referência
internacional
O estudo
conjunto concentrou-se no estabelecimento de valores de referência para
determinar o limite de normalidade para o jitter. Para isso o pesquisador
avaliou as contrações musculares de pessoas saudáveis.
"Estudamos,
até o momento, os três músculos mais usados no diagnóstico de miastenia:
antebraço (Extensor Digitorum), olhos (Orbicularis Oculi) e testa (Frontalis).
Hoje, diversos países usam nossos valores de referência. Com essa metodologia
conseguimos acertar o diagnóstico em 95% dos casos", disse Kouyoumdjian.
Fonte:
Agência Fapesp