Câncer
e carne
A dieta dos prazeres à mesa pode ser uma
ameaça à saúde se a escolha do cardápio não for bem diversificada.
Embora não se
possa fazer uma associação direta de casos de câncer de intestino com o hábito
alimentar, existem indícios de que os riscos de se contrair a doença aumentam
nos grupos populacionais onde é exagerado o consumo de carnes, principalmente
das processadas, enquanto se deixam de lado as fibras vegetais, as frutas e as
verduras.
Segundo o
oncologista Samuel Aguiar Júnior, Hospital A.C. Camargo, hospital referência no
tratamento de câncer, os experimentos com animais ainda não puderam esclarecer
de maneira convincente qual o real impacto sobre a saúde a que estão sujeitas
as pessoas que não abrem mão da carne em suas refeições.
"[No
entanto], existe evidência científica de que padrões em que há excesso de
consumo de carne vermelha e excesso contrário de não consumir frutas e verduras
aumentam o risco," disse ele.
Balanço
energético
Dados do
Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que os casos de câncer colorretal
(tumores encontrados no intestino grosso e no reto) têm, na maioria das vezes,
tratamento e cura quando detectados no início.
A doença
aparece quase sempre em pólipos - lesões benignas que podem crescer na parede
interna do intestino grosso. A retirada desses pólipos é o procedimento correto
para evitar que se transformem em tumores malignos.
"A gente
fala muito hoje de balanço energético. Mas há uma diferença entre o que você
ingere e o que você gasta. Então você pode até ter uma dieta calórica, mas se
você gastar muito, você, teoricamente, está compensado. Você pode ter uma dieta
pouco calórica, mas se for sedentário, então, você não está protegido. São
muitos fatores associados. Quando você associa a fumo, aí você tem uma bomba
relógio maior. É muito difícil você identificar um fator único e isolado para
câncer de intestino," explicou.
Chimarrão
O médico
salienta que alimentos inadequados, sedentarismo, excesso de álcool e tabagismo
por um período prolongado contribuem para a pessoa vir a desenvolver a doença.
A grande
maioria dos casos de câncer
colorretal surge
em pessoas acima dos 50 anos. Apesar de mais raros, observa Samuel, há registro
também entre os jovens e, sempre que isto ocorre, desconfia-se da possibilidade
de ser um problema hereditário.
Contudo, a
incidência de fatores genéticos, herdados de pai para filho, responde por
apenas 10% dos casos.
Até "o
velho e bom chimarrão", muito apreciado pelos habitantes do Sul do país,
principalmente, entre os gaúchos, moradores de algumas regiões do Paraná e
pelas populações da Argentina e do Uruguai, aparece como um fator de risco, mas
para o câncer de esôfago.
No entanto,
são só evidências que não estão relacionadas à erva e sim ao costume de se tomar
a bebida muito quente. "Essa evidência, porém, não é tão forte
assim", diz o médico.
Fonte:
Agência Brasil