Os
números são alarmantes: de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
depressão atinge 350 milhões de pessoas ao redor do mundo. A entidade prevê
que, até 2020, esta doença passe a ser a segunda maior causa de incapacidade e
perda de qualidade de vida. Estima-se que cerca de 17 milhões de brasileiros
sejam deprimidos. Especialistas dizem que esses números são semelhantes ao
número de casos de hipertensão e infecções respiratórias.
Ao
contrário dessas doenças, entretanto, muitos não estão preparados para
reconhecer e tratar a depressão. Um estudo realizado no Brasil, com 157 médicos
e mais de 6 mil pacientes, mostrou que pessoas em tratamento com agomelatina
(Valdoxan) retornam mais rápido às atividades sociais e funcionais. A melhora,
que já era percebida pelos pacientes e pelos médicos, foi comprovada através
desta pesquisa apresentada pelo professor Pedro Lima, psiquiatra e pesquisador
da PUCRS, com duração de 12 semanas. Os dados do estudo observacional batizado
de Vital foram divulgados durante o 30° Congresso Brasileiro de Psiquiatria,
realizado em outubro em Natal (RN).
A
agomelatina, substância utilizada no Brasil há três anos, é a primeira em uma
nova classe de antidepressivos, que trata a doença por meio da restauração dos
ritmos biológicos. De acordo com publicação da revista The Lancet, existe uma
relação direta entre a depressão e a desregulação dos ritmos biológicos. Inclusive,
também foi comprovado que quanto mais alterado o ritmo biológico, mais grave é
a depressão.
A
agomelatina tem uma ação no cérebro parecida com a da melatonina, mas não
apenas regulando o sono, como também todos os ritmos biológicos alterados. A
substância também atua no receptor da serotonina, mas sem liberação desse
neurotransmissor, e apenas de dopamina e noradrenalina. Esse fato parece
explicar a ausência de apatia emocional, comum em pacientes que tomam demais
substâncias.
O
modo de ação da agomelatina explica, em parte, o fato dos pacientes em uso de
agomelatina se sentirem melhor, acordarem mais dispostos, com pensamentos mais
claros e com aumento da atenção desde o inicio do tratamento, sem sofrer com os
efeitos adversos comuns ao inicio do tratamento da maioria dos antidepressivos
atuais.
Saiba
mais
A
depressão tem algumas características que muitas vezes passam despercebidas,
não somente por quem sofre da doença, mas também por familiares e amigos,
podendo ser confundida com tristeza ou falta de interesse. Ficar atento a esses
sintomas é importante — afinal, isso possibilita um diagnóstico precoce e um
tratamento eficaz, de acordo com a recomendação dos médicos.
A
agomelatina é tão eficaz quanto os antidepressivos tradicionais, com a vantagem
de ter uma eficácia rápida no retorno às atividades, proporcionando uma nova
vida ao paciente, e sem os mesmos efeitos colaterais. É uma nova classe de
medicamentos, eficaz e com ação mais localizada, segundo Ricardo Moreno,
diretor do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (Gruda) da Universidade de São
Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTP).
Fonte:
Zero Hora – RS