Material
é capaz de se dissolver na boca do paciente e liberar o medicamento
Pesquisadores
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram uma tecnologia que
pode mudar o modo como os medicamentos são administrados para pacientes. A
ideia dos cientistas é que um filme natural desenvolvido em seus laboratórios
substitua, em alguns casos, os medicamentos em pílula. O material é uma fina
lâmina de textura plástica que se dissolve na boca e transmite a substância
desejada – do mesmo como agem algumas pastilhas de menta que existem no
mercado.
Segundo
os pesquisadores, o material poderia ser usado para medicar pacientes com
dificuldades motoras de deglutição. “Como ele se dissolve na boca com
facilidade, pode ser consumido por pessoas com dificuldade para engolir, como
aquelas que sofreram AVC e ficaram com paralisia facial. Desse modo, podemos
administrar medicamentos e até alimentos para esses pacientes”, diz Cláudia
Sampaio, pesquisadora do Comitê Técnico de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
da UFPE e uma das envolvidas na pesquisa.
Natural
- A
ideia surgiu há cerca de dois anos, quando os cientistas buscavam melhores
modos de administrar as substâncias contidas em plantas medicinais. “Nós
queríamos encontrar uma base neutra para armazenar de modo seguro produtos como
chás e extratos vegetais. Depois que começamos a desenvolver a tecnologia,
vimos que ela poderia ser usada com outras substâncias”, afirma Cláudia
Sampaio.
A
partir daí, os pesquisadores conseguiram desenvolver um filme natural a partir
de produtos alimentícios comuns, encontrados no nordeste brasileiro. Por isso
mesmo, a substância não possui nenhum componente tóxico. O material permanece
estável com as mudanças de temperatura - ele somente se dissolve em contato com
a água, ou a saliva de um paciente.
Concorrência - Já existem alguns produtos parecidos
com esse no mercado, mas com algumas diferenças. Aqueles utilizados nas
pastilhas de menta, por exemplo, são feitos a base de amido. “O amido se
converte em glicose quando metabolizado no organismo. Com nosso produto isso
não acontece: ele pode ser usado inclusive por diabéticos”, diz Cláudia
Sampaio.
No Japão,
existe um material chamado Pululana que também é capaz de se dissolver na boca
do paciente, e não é convertido em amido. No entanto, ele é produzido a partir
de fungos, e exige um complexo procedimento industrial para ser feito. “Por
isso, ele custa caro. Nossa produção é muito mais simples, usamos componentes
comuns, produzidos aqui no nordeste”, afirma.
No
entanto, a “receita” completa do filme polimérico é tratada como segredo
industrial pelos pesquisadores. Agora que concluíram a fase de desenvolvimento
em laboratório, eles procuram uma parceria para produzir o filme em larga
escala. “A tecnologia já está patenteada. Nós agora queremos repassar o produto
para a indústria”, diz Cláudia Sampaio. Até lá, eles não revelam quais os
produtos locais usados na produção da tecnologia.
Fonte: veja
.abril.com.br

