É uma enfermidade na
qual ocorrem alterações do humor, caracterizando-se por períodos de um quadro
depressivo, que se alteram com períodos de quadros opostos, isto é, a pessoa se
sente eufórica (mania). Tanto o período de depressão quanto da mania podem
durar semanas, meses ou anos. O termo mania não significa “repetição de
hábitos”, mas sintomas de euforia. O Transtorno do Humor pode ocorrer, ao longo
da vida, dentro de um curso bipolar ou unipolar. O curso unipolar refere-se a
episódios somente de depressão e, no bipolar, depressão e mania (euforia). O
Transtorno Bipolar do Humor atinge de igual maneira homens e mulheres em torno
de 1% a 2% e, geralmente, entre os 15 e 30 anos de idade. O transtorno bipolar
também pode atingir as crianças, manifestando-se com sintomas predominantes de
humor ansioso e irritável.
O humor da pessoa oscila de muito eufórico (agitado), para muito triste (com desesperança, desmotivação e desvalia). Como em outras doenças, o Transtorno Bipolar do Humor afeta não só quem o tem, como também, o cônjuge, familiares, amigos e empregadores.
Se depressão, mania forem acompanhadas de alucinações (ouvir, ver, sentir o que não existe) e delírios (pensamentos irreais à realidade) trata-se do subtipo psicótico. As pessoas que sofrem de Transtorno Bipolar levam, em média, 8 anos antes de serem diagnosticadas ou receberem tratamento adequado, o que pode causar grande sofrimento e perdas.
Tipos de Transtorno Bipolar do Humor
Existem quatro formas de Transtorno Bipolar do Humor:
- Transtorno Bipolar Tipo I – Períodos de mania (euforia) com humor elevado e
expansivo, grave o suficiente para causar prejuízo no trabalho, relações
sociais podendo necessitar de hospitalização contrapostos por períodos de humor
deprimido, sentimentos de desvalia, desprazer, desmotivação, alterações do
sono, apetite, entre outros. Geralmente, o estado maníaco dura dias ou pelo
menos uma semana, e períodos de depressão de semanas à meses.
- Transtorno Bipolar Tipo II – Períodos de hipomania, em que também ocorre estado de humor elevado e agressivo mas de forma mais suave. Um episódio de tipo hipomania, ao contrário da mania, não chega a ser suficientemente grave para causar prejuízo em atividades de trabalho ou vida social.
- Transtorno Bipolar Misto – Períodos mistos, em que em mesmo dia haveria alternâncias entre depressão e mania. Em poucas horas a pessoa pode chorar, ficar triste, com sentimentos de desvalia e desprazer e, no momento seguinte, estar eufórica, sentindo-se capaz de tudo, falante e agressiva.
- Transtornos Ciclotímicos – Períodos em que haveria uma alteração crônica e flutuante do humor marcada por numerosos períodos com sintomas maníacos e numerosos sintomas depressivos que se alterariam. Contudo, não seriam suficientemente graves nem ocorreriam em quantidade suficiente para se ter certeza de se tratar de depressão e mania. Isto é, pode ser facilmente confundida com o jeito de ser da pessoa, “de lua”.
Principais teorias etiológicas
Apesar de se
desconhecer a base causal, existe uma interação complexa entre fatores
biológicos, genéticos e psicossociais para tentar explicar o Transtorno:
- Fatores Biológicos – As teorias dos neurotransmissores, no sistemas noradrenérgico, seratonérgico e dopaminérgico, que tem características semelhantes, pois todos se originam em núcleos localizados no tronco cerebral e se projetam para amplas áreas do pró-encéfalo, têm sido admitidas na etiologia dos Transtornos Bipolares. Além destes, outros neurotransmissores, incluindo o glutamato, neuropeptídeos, como a colecistocinina e o hormônio liberado de corticotrofina, têm sido implicados assim como anormalidades no eixo hipotalâmico - pituitário - tireóide são comuns no Transtorno Bipolar.
- Fatores Genéticos – Quando um dos pais apresenta Transtorno Bipolar, existe de 25 a 50% de chance de o filho adquirir Transtorno Bipolar. Quando maior a distância de parentesco, menor a possibilidade de ter um Transtorno Bipolar. Os estudos de gêmeos tem mostrado que a taxa de concordância em gêmeos monozigóticos é de 33 a 90% e gêmeos dizigóticos cerca de 5 a 25%. As associações entre o Transtorno Bipolar I e marcadores genéticos têm sido relatadas para os cromossomas 5,11 e x.
- Fatores Psicossociais – Os acontecimentos vitais estressores precedem, mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas, entre outros, podem contribuir para o desencadeamento da doença.
- Fatores Biológicos – As teorias dos neurotransmissores, no sistemas noradrenérgico, seratonérgico e dopaminérgico, que tem características semelhantes, pois todos se originam em núcleos localizados no tronco cerebral e se projetam para amplas áreas do pró-encéfalo, têm sido admitidas na etiologia dos Transtornos Bipolares. Além destes, outros neurotransmissores, incluindo o glutamato, neuropeptídeos, como a colecistocinina e o hormônio liberado de corticotrofina, têm sido implicados assim como anormalidades no eixo hipotalâmico - pituitário - tireóide são comuns no Transtorno Bipolar.
- Fatores Genéticos – Quando um dos pais apresenta Transtorno Bipolar, existe de 25 a 50% de chance de o filho adquirir Transtorno Bipolar. Quando maior a distância de parentesco, menor a possibilidade de ter um Transtorno Bipolar. Os estudos de gêmeos tem mostrado que a taxa de concordância em gêmeos monozigóticos é de 33 a 90% e gêmeos dizigóticos cerca de 5 a 25%. As associações entre o Transtorno Bipolar I e marcadores genéticos têm sido relatadas para os cromossomas 5,11 e x.
- Fatores Psicossociais – Os acontecimentos vitais estressores precedem, mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas, entre outros, podem contribuir para o desencadeamento da doença.
Achados clínicos –
como identificar:
Mania:
Mania:
- humor para cima, exaltação, alegria exagerada e duradoura; irritabilidade (impaciência, “pavio curto”);
- agitação, inquietação física e mental;
- aumento da energia, da produtividade ou começar muitas coisas e não conseguir terminar;
- pensamentos acelerados, tagarelice;
- achar que possui dons ou poderes especiais de influência, grandeza e poder;
- otimismo e autoconfiança exagerados;
- aumento dos gastos, endividamentos;
- distração fácil: tudo desvia a atenção;
- maior contato social e desinibição, comportamento inadequado e provocativo, agressividade física e/ou verbal;
- erotização, aumento da atividade e necessidade sexuais;
- insônia, redução da necessidade de sono;
- quando grave, ocorrem delírios e/ou alucinações. Estressores precedem, mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas entre outros, podem contribuir para o desencadeamento da doença.
Depressão:
- humor para baixo, tristeza, angústia ou sensação de vazio;
- irritabilidade, desespero;
- pouca ou nenhuma capacidade de sentir prazer e alegria na vida;
- cansaço mais fácil, desânimo, preguiça, falta de energia física e mental;
- falta de concentração, lentidão do raciocínio, memória ruim;
- falta de vontade, falta de iniciativa e interesse, apatia;
- pensamentos negativos repetidos amplificados, pessimismo, idéias de culpa, fracasso, inutilidade, falta de sentido na vida, doença, morte (suicídio);
- sentimentos de insegurança, baixa auto-estima, medo;
- interpretação distorcida e negativa do presente, de fatos ocorridos no passado e no futuro;
- redução da libido e vontade de ter sexo;
- perda ou aumento de apetite e/ou peso;
- insônia ou dormir demais, sem se sentir repousado;
- dores ou sintomas físicos difusos, sofridos, que não se explicam por outras doenças: dor de cabeça, nas costas, no pescoço e nos ombros, sintomas gastrointestinais, alterações menstruais, queda de cabelo, dentre outros;
- em depressões graves, alucinações e/ou delírios.
Para fazer o
diagnóstico, bastam sintomas dos três primeiros itens e, pelo menos, dois dos
demais.
Diagnóstico
Diferencial:
A – Doenças Médicas:
- distúrbios metabólicos (exemplo: tireóide);
- doenças neurológicas (exemplo: esclerose múltipla);
- doenças infecciosas (exemplo: HIV, neurossífilis);
- neoplasias (exemplo: tumores, metástases).
B – Doenças
Psiquiátricas:
- dependência química (exemplo: cocaína). OBS: embora 41% dos pacientes com Transtorno Bipolar abusam e são dependentes de drogas e 46% abusam e são dependentes de álcool e 61% abusam e são dependentes de outras substâncias;
- esquizofrenia;
- THDA, delírio, demência, entre outros;
- transtornos de personalidade.
Tratamento do
Transtorno Bipolar
O tratamento envolve manejo nas fases agudas e na terapia de manutenção. Os quadros agudos demandam contenção imediata dos sintomas através da farmacologia: estabilizadores do humor, antidepressivos (se necessário), antipsicóticos (se necessário) e, muitas vezes internação hospitalar para proteção do paciente. Os episódios de depressão aguda são tratados, preferencialmente, com antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, pois são maiores indutores de “virada” maníaca (eufórica) ou hipomaníaca, mais comuns com as ADT (tricíclicos). As fases maníacas podem ser controladas com medicamentos.
Se sintomas psicóticos
estiverem presentes, é necessário o uso de antipsicóticos ou benzodiazepínicos.
Muitas vezes, é necessária a combinação de drogas, isto é, mais de um
estabilizador do humor associado, antidepressivos, mesmo na fase de manutenção.
Existem substâncias que propiciam a desestabilização do quadro do humor e que devem ser identificados (tricíclicos, esteróides, álcool e os estimulantes).
Existem substâncias que propiciam a desestabilização do quadro do humor e que devem ser identificados (tricíclicos, esteróides, álcool e os estimulantes).
Psicoterapia
Sabe-se que a terapia cognitiva pode contribuir na adesão do tratamento e na prevenção das recaídas, tornando-se um valioso acessório para o tratamento farmacológico. Como relatado anteriormente, o Transtorno Bipolar não se limita meramente a um problema bioquímico mas, também, psicológico e social (envolve dificuldades pessoais, familiares e sociais). Existem outros tipos de psicoterapias como individual, grupal, de família, conjugal, entre outros, mas, o que importa é se está surtindo resultado na melhora do paciente e na sua qualidade de vida.
Curso e prognóstico do
Transtorno Bipolar
O curso é variável, habitualmente se experimentando o primeiro episódio maníaco aos 20 anos, mas pode começar na adolescência ou após os 40 anos de idade. O uso de álcool ou substâncias pioram o prognóstico clínico. A aderência ao tratamento é fundamental e, bastam alguns dias de interrupção da medicação ou diminuição para que o paciente apresente exacerbação de sintomas e mais períodos de novas de crises. A boa relação médico-paciente, esclarecendo dúvidas, pedindo socorro em crises, discutindo fatores estressores, ajudam no melhor prognóstico.
Por Dr. Adriano Rosendo Haubert