Medo é um sentimento universal e muito antigo. Pode ser definido como uma sensação de que você corre perigo, de que algo de muito ruim está para acontecer, em geral acompanhado de sintomas físicos que incomodam bastante. Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de evitações das situações causadoras de medo imotivado, patológico, ilógico e especificamente orientado para um determinado objeto ou situação. Normalmente é acompanhada de intensa ansiedade e outros sintomas autossômicos.É chamado de fobia que na verdade é uma crise de pânico desencadeada em situações específicas.
Existem três tipos básicos de fobias, que são: Agorafobia, fobia específica e fobia social.
Agorafobia
A característica essencial da agorafobia é uma ansiedade que aparece quando a pessoa se encontra em locais ou situações das quais quer sair dali (escapar) que poderia ser difícil ou embaraçoso ou, na maioria das vezes, em situações nas quais um auxílio imediato pode ser difícil, caso a pessoa venha a passar mal. A ansiedade agorafóbica pode ser, inclusive, antecipatória, ou seja, aparecer diante da simples possibilidade de ter que participar de determinadas situações. Essa ansiedade antecipatória pode levar ao afastamento (fuga) dessas situações, presumivelmente causadoras de ansiedade, tais situações podem incluir:
· Estar sozinho fora de casa ou estar sozinho em casa;
· Estar em meio a uma multidão;
· Viajar de automóvel, ônibus ou avião, ou estar em uma ponte ou elevador.
Alguns indivíduos mais teimosos podem ser capazes de se expor às situações causadoras de ansiedade agorafóbica, mas enfrentam essas experiências com considerável temor. De um modo geral essas pessoas são mais capazes de enfrentar as situações temidas quando acompanhado por alguém de confiança. As vezes basta uma criança como companhia para o agorafóbico sentir-se tranquilo. A esquiva ou fuga dessas situações pode prejudicar, de alguma forma, o desempenho sócio-ocupacional do indivíduo ou até mesmo interferir na dinâmica da família, pois este tipo de problema provoca irritação nos parentes que quando não conhecem o problema passam a hostilizar ou ridicularizar o paciente que sofre com sua ansiedade e com a incompreensão.
DSM-IV recomenda como critérios para o diagnóstico da Agorafobia o seguinte:
Ansiedade acerca de estar em locais ou situações de onde possa ser difícil (ou embaraçoso) escapar ou onde o auxílio pode não estar disponível, na eventualidade de ter um Ataque de Pânico inesperado ou predisposto pela situação, ou sintomas tipo pânico. Os temores agorafóbicos tipicamente envolvem agrupamentos característicos de situações, que incluem: estar fora de casa desacompanhado; estar em meio a uma multidão ou permanecer em uma fila; estar em uma ponte, viajar de ônibus, trem ou automóvel.
As situações são evitadas (por ex., viagens são restringidas) ou suportadas com acentuado sofrimento ou com ansiedade acerca de ter um ataque de pânico ou sintomas tipo pânico, ou exigem companhia.
A ansiedade ou esquiva agorafóbica não é mais bem explicada por um outro transtorno mental, como Fobia Social (por ex., a esquiva se limita a situações sociais pelo medo do embaraço), Fobia Específica (por ex., a esquiva se limita a uma única situação, como elevadores), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., esquiva à sujeira, em alguém com uma obsessão de contaminação), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (por ex., esquiva de estímulos associados com um estressor severo) ou Transtorno de ansiedade de Separação (por ex: esquiva a afastar-se do lar ou de parentes).
Fobia Específica
A característica essencial da Fobia Específica é o medo acentuado e persistente de objetos ou situações claramente específicas. É um medo irracional e excessivo que provoca a evitação consciente de um objeto ou de uma determinada situação, tal como, medo de voar, de altura, de animais, de tomar uma injeção ou ver sangue. As manobras para evitar a situação temida, o medo antecipatório da situação ou a ansiedade extrema causada pela exposição interferem na rotina normal do indivíduo, no seu trabalho ou em seus relacionamentos. Diante da exposição a essas situações, ou seja, diante do estímulo fóbico, quase que invariavelmente a pessoa experimenta imediatamente uma sensação de ansiedade. Esta ansiedade pode assumir várias formas, inclusive pode aparecer como um ataque de pânico; por sudorese, batimentos rápidos do coração, tremor das mãos, falta de ar e sensação de "frio" na barriga.
Embora os pacientes com esse transtorno reconheçam que seu temor é excessivo ou irracional, continuam experimentando-o. Por causa disso, com frequência o estímulo fóbico passa a ser evitado, embora às vezes seja suportado com muito medo e pavor. O diagnóstico é mais bem dado quando a evitação ou esquiva, o medo ou a antecipação ansiosa do encontro com o estímulo fóbico passam a interferir significativamente na rotina diária, no funcionamento ocupacional ou na vida social.
O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta. Utiliza-se no tratamento tanto a psicoterapia cognitivo-comportamental quanto à psicoterapia de orientação analítica. Aos pacientes que relutam em fazer uso de medicamentos, invocando o surrado discurso de que não gostariam de "depender" de remédios para "tocar" suas vidas, devemos lembrar que, de fato, não são "obrigados" a usar tais medicamentos. As pessoas que usam óculos também não são obrigadas a eles. Evidentemente terão alguns riscos. Existem ainda aqueles que reclamam (queixar-se é uma coisa, reclamar é outra) de que "não eram assim", que sempre foram determinados, decididos e fortes (muito azar daqueles que associam a ansiedade à fraqueza). Para estes, lembramos que não nascemos com dentes cariados, calvos, grisalhos, etc. Essas coisas vão acontecendo ao longo do tempo e os transtornos emocionais surgem, tal como surgem também, os reumatismos, as miopias, as hipertensões, etc. Enfim, a medicina dispõe de recursos que suprimem o desconforto e mal estar da expressiva maioria das situações patológicas. Mas seu uso continua sendo democrático. O uso dos ansiolíticos e antidepressivos prescritos pelo médico deve ser considerado tão livre quanto o uso de anticoncepcionais, de vitaminas, de anti-hipertensivos, etc. Aliás, é tão opcional quanto fazer terapia.
Fobia Social
É um medo excessivo de humilhação ou embaraço em vários contextos sociais, como falar, comer, escrever, praticar atividades físicas e esportivas em público, assim como urinar em toalete público ou falar ou aproximar-se de um parceiro em um encontro romântico. O resultado disso é uma importante limitação na vida da pessoa pela evitação dessas situações ou atividades sociais temidas. Também podem ocorrer prejuízos na vida profissional e afetiva do indivíduo. A pessoa com fobia social sente medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho quando é exposta às pessoas estranhas. Pode haver temor por acabar agindo de forma humilhante e embaraçosa para si próprio. A exposição à situação social temida causa ansiedade que é caracterizada por sudorese, batimentos rápidos do coração, tremor das mãos, falta de ar, sensação de "frio" na barriga. O indivíduo reconhece que o medo é irracional ou excessivo. As situações sociais e de desempenho temidas são evitadas ou suportadas com intensa ansiedade e sofrimento.
Em todos os Transtornos fóbico-ansiosos pode ocorrer a chamada ansiedade antecipatória, fazendo com que o quadro ansioso apareça antes mesmo da pessoa deparar-se, de fato, com a situação de medo, ou seja, no caso do indivíduo pressentir a necessidade de se deparar com a situação de sua fobia. Essas situações fóbicas são frequentemente, evitadas de forma franca ou dissimuladas. Invariavelmente, até para uma questão de se firmar o diagnóstico, o paciente fóbico deve reconhecer a irracionalidade e o absurdo de seu medo. Concorda com a anormalidade de seus sentimentos, mas, mesmo assim, percebe-se impotente em combatê-los. O diagnóstico diferencial para se distinguir os quadros de Agorafobia, Fobia Social, Fobia Específica pode ser difícil, uma vez que todas essas condições caracterizam-se pelo afastamento de situações específicas. Clinica e terapeuticamente falando, entretanto, essa dificuldade parece não ter a mínima importância, devido ao fato do tratamento médico-psiquiátrico ser basicamente, o mesmo para todos esses casos.

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