quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Enxaqueca: estatinas são uma opção viável de tratamento?

Estudos estimam que cerca de 38% dos pacientes com enxaqueca precisam de terapia preventiva, mas poucos (de 3% a 13%) tomam medicamentos profiláticos. Quando as drogas recomendadas falham, o uso de estatinas é viável?

As diretrizes atuais de prevenção da enxaqueca recomendam drogas antiepilépticas, incluindo divalproato de sódio, valproato de sódio e topiramato; e beta-bloqueadores, incluindo metoprolol, propranolol e timolol, como agentes de primeira linha. Frovatriptano é recomendado para enxaqueca menstrual. Estatinas não são mencionados nas diretrizes atuais. Então, porque utilizá-las?

O potencial uso de estatinas na prevenção da enxaqueca foi proposto pela primeira vez em um relato de caso, há mais de 10 anos. Um homem de 58 anos de idade tomou atorvastatina 20 mg por dia para colesterol alto. Ele tinha histórico de enxaqueca (cerca de dois episódios por mês), desde os 20 anos. Após iniciar terapia com estatina, seus ataques de enxaqueca desapareceram.

Depois do relato, foi feito um estudo aberto com propranolol 60 mg por dia em mulheres com mais de seis crises de enxaqueca por mês e sinvastatina 20 mg em mulheres com hiperlipidemia e mais de seis crises de enxaqueca por mês. Ambas as drogas tiveram uma alta eficácia; a taxa de resposta para o propranolol foi de 88% com uma diminuição de 50% nas crises e 83% de sinvastatina.

Outro estudo (transversal populacional) com cerca de 6.000 pessoas concluiu que o uso de estatina foi associado com uma menor prevalência de dor de cabeça severa ou enxaqueca. Quando foi analisada a variável de vitamina D e o uso de estatina, participantes com nível de 25 hidroxivitamina D > 57 nmol / L (22,8 ng / mL) tiveram um risco muito menor para dor de cabeça severa ou enxaqueca.

Um estudo controlado duplo-cego tratou, aleatoriamente, 57 adultos com enxaqueca episódica com sinvastatina 20 mg duas vezes ao dia + vitamina D3 (colecalciferol) 1000 UI duas vezes por dia ou placebo idêntico durante 24 semanas. No grupo sinvastatina/vitamina D, oito pacientes (25%) apresentaram 50% de redução no número de dias de enxaqueca em 12 semanas e nove pacientes (29%) em 24 semanas; apenas um paciente (3%) no grupo do placebo experimentou redução de dias de enxaqueca.

As estatinas têm efeitos pleiotrópicos em adição aos efeitos anti-hiperlipêmicos que podem desempenhar um papel na redução da frequência das crises de enxaqueca, melhorando a função endotelial e a rigidez arterial. Outras ações, tal como a redução de respostas inflamatórias e diminuição da agregação de plaquetas e trombose, podem também contribuir para o efeito benéfico sobre a enxaqueca.

Conclusão:

Para os pacientes que não respondem aos tratamentos de primeira linha, estatinas podem ser uma opção viável, com base em evidências limitadas e um bom perfil de segurança. Lembrando que mais pesquisa são necessárias para estabelecer o lugar das estatinas na prevenção da enxaqueca.

Com informações de PebMed

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