quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Além de prevenir, medicação pode reduzir gravidade do enfarte do miocárdio

A medicação normalmente prescrita para a prevenção do enfarte agudo do miocárdio foi recentemente associada a uma diminuição da gravidade deste tipo de evento, de acordo com um estudo chinês publicado na revista científica “PLOS One”.

Fármacos como a aspirina, estatinas e betabloqueadores são frequentemente prescritos para pacientes com elevado risco de enfarte agudo do miocárdio, devido à sua eficácia comprovada na prevenção deste tipo de evento. Contudo, ainda não se sabia se este tipo de medicação poderia beneficiar os pacientes que desenvolvem enfarte agudo do miocárdio mesmo tomando esta medicação para prevenção.

O estudo levado a cabo pelo Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Pequim, na China, analisou a relação entre a utilização anterior de quatro tipos de medicação preventiva de eventos cardíacos (aspirina, inibidores da enzima de conversão de angiotensina /antagonistas dos receptores de angiotensina, estatinas e betabloqueadores) e os resultados clínicos de pacientes com síndrome coronário agudo (SCA). SCA denomina um conjunto de condições em que ocorre um bloqueio nas artérias que conduzem o sangue e oxigênio ao coração. 

A investigação incluiu 14.790 pacientes internados com diagnóstico de SCA em 75 hospitais na China que participaram no Estudo Fase 2 – Vias Verdes SCA. De entre os participantes, 7.501 tinham antecedentes de doença cardíaca e foram incluídos no estudo com um evento repetido de SCA, enquanto os restantes não apresentavam qualquer antecedente deste tipo de doenças e foram incluídos no estudo com um primeiro evento de SCA.

Os cientistas avaliaram a associação entre a utilização anterior de medicação e os resultados clínicos dos pacientes, incluindo gravidade da doença (tipo de SCA, pressão arterial inferior a 90 mmHg e frequência cardíaca acima ou igual a 100 batimentos por minuto), arritmias e eventos cardiovasculares adversos major (incluindo morte, enfarte do miocárdio não-fatal e AVC não-fatal). Além disso, os cientistas verificaram se os pacientes tinham alguma doença cardíaca estabelecida anteriormente para revelar se o efeito da medicação anterior nos resultados clínicos dos pacientes variava do primeiro para os eventos subsequentes.

Os dados desta análise revelaram que a utilização de medicação preventiva apresentava uma associação significativa com uma menor gravidade da doença, menos arritmias e menor risco de eventos cardiovasculares adversos major durante a hospitalização. Muitas das associações passaram para não significativas após ajustes para gravidade da doença aquando da chegada ao hospital. Os achados foram semelhantes entre os pacientes com antecedentes e sem antecedentes de doenças cardíacas.

De acordo com os dados recolhidos, os pacientes que tomaram um, dois, três ou quatro medicamentos apresentaram um risco 23%, 33%, 52% e 41% mais baixo de eventos cardiovasculares adversos major, em comparação com aqueles que não tomaram nenhuma medicação. A mesma tendência foi observada na gravidade da doença e na ocorrência das arritmias.

“Cada uma das quatro medicações preventivas foi associada a uma redução de resultados clínicos negativos”, referiu a primeira autora do estudo, Min Li, em declarações reproduzidas no sítio da internet da Sociedade Europeia de Cardiologia. “O facto de muitas associações não serem significativas após termos realizado ajustes para a gravidade da doença sugere que estes fármacos poderão reduzir a gravidade dos eventos SCA, o que minimiza o impacto clínico”, acrescentou.

Segundo Li, estes achados sugerem que os benefícios deste tipo de medicação podem extravasar a prevenção de SCA e reduzir a gravidade dos eventos cardíacos adversos major naqueles pacientes que desenvolvem SCA apesar da toma da medicação.

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