terça-feira, 22 de março de 2016

Células-tronco para combater cegueira

Antes de chegar à retina, a luz passa pela córnea e pelo cristalino, duas estruturas que, para cumprir bem sua função, precisam ser transparentes. Caso se tornem opacos, geram dificuldades de visão que podem levar à cegueira, sendo um dos mais comuns a catarata. Hoje, esses problemas podem ser resolvidos com procedimentos como transplantes e implantes artificiais, mas especialistas estão sempre em busca de terapias mais eficazes e menos arriscadas. Duas pesquisas apresentadas na edição da revista Nature mostram como tecidos construídos com células-tronco podem se tornar, no futuro, uma alternativa viável de tratamento.

No primeiro estudo, cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apresentam uma técnica minimamente invasiva para tratar a catarata, a principal causa de cegueira no mundo. Com a abordagem, os pesquisadores regeneraram o cristalino de coelhos, macacos e humanos recém-nascidos com menos complicações que o tratamento padrão.

Na primeira etapa, a equipe de Kang Zhang isolou células-tronco progenitoras (CTPs), que protegem a lente ocular contra lesões externas e depois avaliou suas capacidades regenerativas. A partir daí, desenvolveu um método cirúrgico para remover a lente original sem prejudicar as CTPs. A técnica foi bem-sucedida tanto nos animais quanto em 12 humanos de até 2 anos de idade diagnosticados com catarata congênita. Nos bebês, as lesões oculares foram curadas em um mês, e a transparência do eixo visual aumentou em mais de 20 vezes em comparação com aqueles submetidos ao tratamento convencional.

Reparação

Em outro artigo, pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, detalham um método que permitiu, a partir de células estaminais pluripotentes induzidas humanas, gerar múltiplas linhagens celulares do olho, incluindo córnea, conjuntiva, cristalino, retina e epitélio pigmentado da retina.

O grupo de Kohji Nishida conseguiu cultivar e transplantar células epiteliais da córnea para os olhos de coelhos com cegueira induzida experimentalmente. No estudo, toda a parte frontal dos olhos dos animais foi reparada, o que devolveu aos bichos a visão. Os achados abrem caminho para potenciais ensaios clínicos de transplante da parte anterior do olho com o objetivo de restaurar a função visual em humanos.

Com informações do Correio Braziliense

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