Apesar de muito estudado, especialmente nas últimas quatro décadas, o Azobenzeno (AB) – molécula mãe de uma família de moléculas muito utilizadas como corantes e pigmentos nas mais distintas áreas (indústrias têxtil e alimentar, materiais exóticos, eletrônico, tintas, etc.) – continua a ser um grande enigma para a comunidade científica internacional pelo fato de viver sob duas formas com propriedades diferentes cujo mecanismo da conversão permanece desconhecido.
Pela primeira vez, uma equipe de investigadores do Departamento de Química da Universidade de Coimbra (UC) conseguiu isolar a molécula em matrizes criogênicas e caracterizar as suas duas estruturas, isto é, obteve a impressão digital completa de cada uma das configurações da molécula. Foram ainda capazes de as manipular, sendo assim possível obter seletivamente cada forma da molécula para o fim desejado.
Dito de forma mais simples, «o Azobenzeno funciona como um interruptor molecular, assumindo dois estados. Dependendo da forma em que se encontra, tem propriedades diferentes. Até aqui não eram conhecidas com detalhe as assinaturas vibracionais (ditas impressões digitais) de cada uma das faces da molécula.
O estudo consistiu precisamente em separar as estruturas e estudar o seu comportamento isoladamente. Para tal, encontramos as condições experimentais adequadas, e por via de irradiação laser, de um comprimento de onda específico, convertemos uma forma na outra» explicam os investigadores Luís Duarte, Igor Reva e Rui Fausto.
O estudo foi escolhido para a capa da edição de Agosto da Physical Chemistry Chemical Physics (PCCP), a revista da Royal Society of Chemistry.
Os resultados, afirma a equipe, «são um contributo relevante para facilitar o design de corantes com propriedades adequadas e desenvolver modelos de previsão do comportamento molecular.
Ao entender os mecanismos das duas espécies desta intrigante molécula, podemos pensar em desenhar moléculas com propriedades específicas para o fim desejado, ajustando as propriedades».
Fonte: Ciência Hoje
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