A maioria dos cancros invasivos da bexiga são provocados por um único tipo de célula encontrada no revestimento deste órgão, dá conta um estudo publicado na revista “Nature Cell Biology”.
Através de experiências realizadas em ratinhos, os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, constataram que, ao longo de um estádio intermédio da progressão do cancro, uma única célula estaminal cancerígena pode rapidamente substituir todo o revestimento da bexiga.
“Todas estas células já tinham dados vários passos para se tornarem num tumor agressivo. Assim, mesmo quando os carcinomas invasivos são removidos com sucesso através de cirurgia, estas células permanecem e têm uma elevada probabilidade de progredirem”, revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Philip Beachy.
Os investigadores também verificaram que apenas as células estaminais cancerígenas expressavam uma proteína sinalizadora, a qual permite a comunicação com outras células da bexiga e estimulação da proliferação e diferenciação em outros tipos de células . Contudo, nenhuma das células presentes nos carcinomas mais avançados e invasivos apresentavam esta proteína. Esta diferença parece ser importante para o processo de invasão e metastização do cancro.
De acordo com um dos coautores do estudo, Michael Hsieh, estes achados podem alterar as abordagens de diagnóstico e terapêuticas. “Até agora não estava claro se o cancro da bexiga era resultante da ocorrência de mutações em múltiplas células do revestimento da bexiga provocadas pela exposição contínua a toxinas excretadas na urina, ou se, por outro lado era proveniente de um defeito numa única célula ou tipo de célula”, referiu o investigador.
Na opinião de Michael Hsieh se for possível conhecer melhor a forma como o cancro da bexiga aparece e se desenvolve, talvez seja possível direcionar o tratamento contra a célula estaminal cancerígena ou encontrar marcadores moleculares que permitam um diagnóstico precoce, bem como a monitorização da doença.
O cancro da bexiga pode ser de dois tipos: um que invade o músculo que rodeia a bexiga e cria metástases para outros órgãos e um outro que fica confinado ao revestimento da bexiga. Contrariamente ao tipo não invasivo, que compreende cerca de 70% dos cancros da bexiga, a forma invasiva é em grande parte incurável. Este tipo de cancro é de difícil tratamento e tendo em conta o seu elevado risco de recidiva, necessita de uma monitorização constante após o tratamento.
Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.
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