quarta-feira, 10 de julho de 2013

Investigadores da UA desenvolvem nova nanoferramenta para Medicina

Poderá vir a destruir célula malignas através de calor

Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um novo dispositivo, cem mil vezes menor do que um milímetro, com potencial aplicação em nanomedicina. Trata-se de uma nanoferramenta que junta nanopartículas de ouro cuja finalidade é libertarem calor ao absorverem luz infravermelha (nanoaquecedores) e nanocilindros de óxidos de metais lantanídeos. 

Estes últimos elementos emitem luz visível cuja intensidade varia com a temperatura (nanotermômetros). A nanoplataforma da UA constitui um avanço tecnológico único porque permite medir com grande precisão, à escala do nanômetro, o aumento de temperatura provocado pela absorção de luz infravermelha pelas nanopartículas metálicas de ouro.

O aquecimento local causado pela absorção de luz por nanopartículas de certos metais tem inúmeras aplicações em sensores fotovoltaicos, na libertação controlada de fármacos e em hipertermia. Nesta forma de terapia são usadas nanopartículas, por exemplo de ouro, que após administração ao paciente se acumulam nas células de certos tumores. A irradiação desses tecidos com luz infravermelha e a sua absorção pelas nanopartículas provoca, por aquecimento, a morte das células tumorais.

É, pois, importante medir a temperatura local das nanopartículas evitando, nomeadamente, que o calor libertado destrua também células benignas. Reside aqui a principal novidade do trabalho dos investigadores do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da academia de Aveiro: a nanoferramenta, que inventaram, abre a perspectiva de simultaneamente se poder aquecer e medir a temperatura das células. É esta possibilidade que o grupo investiga presentemente.

Luís Dias Carlos espera que a nanoferramenta da UA, num amanhã não muito longínquo, “seja direcionada exatamente para células malignas destruindo-as através de calor, controlando o aumento de temperatura, sem necessidade do doente ter de recorrer às terapias convencionais que acabam também por afetar células saudáveis”. Mengistie Debasu, Duarte Ananias e João Rocha são os restantes investigadores da UA que desenvolveram o novo dispositivo que vai estar descrito num artigo que faz a capa do próximo número da prestigiada revista ‘Advanced Materials’.

A nanoferramenta ainda não foi testada em células. A equipe de investigação da UA procura agora dar os próximos passos: testes em células laboratoriais e, posteriormente, em animais.

O trabalho da UA teve parcerias das universidades espanholas de Vigo e de San Sebastián.

Fonte: Ciência Hoje