domingo, 5 de maio de 2013

Células-tronco são usadas para tratar esclerose


As conquistas do agrônomo Henrique Dias, de 68 anos, podem servir de esperança para portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), rara doença neurodegenerativa que atinge uma em cada 100 mil pessoas. Ele é o primeiro brasileiro a passar por um bem-sucedido tratamento com células-tronco que regrediu a enfermidade. 

Especialistas afirmam, porém, que o procedimento ainda é experimental e demanda mais um ou dois anos de pesquisas. “A melhora é lenta, mas para mim foi ótimo”, diz Dias, diagnosticado com ELA em 2006 e que até o procedimento não conseguia falar nem se mover.

Dois fatores principais contribuíram para o sucesso. O primeiro foi a escolha do local de retirada celular: no lugar de células da medula óssea, os hematologistas Adelson Alves e Elíseo Joji Sekiya escolheram células mesenquimais. Presentes no tecido adiposo e no cordão umbilical, elas são a aposta para o tratamento de doenças autoimunes, como diabetes, Alzheimer e esclerose múltipla. A segunda inovação foi o método de infusão das células tronco no corpo. Em vez de injetá-las na veia, optaram pela via raquimedular, por meio do liquor (liquido do cérebro), diretamente no sistema nervoso. Os resultados foram apresentados no Congresso Internacional de Terapia Celular, na Nova Zelândia.

Para o tratamento, foram necessárias autorizações do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Justiça. A permissão foi dada sob o argumento do “uso compassivo”, quando não há tratamento convencional e técnicas experimentais são usadas para tentar curar um paciente terminal. “O diagnóstico foi um choque, disseram que ele teria um ano de vida. Quando surgiu a chance do tratamento, ninguém teve dúvidas”, disse um dos três filhos do agrônomo, o administrador Renato Dias. A primeira das três infusões foi feita em janeiro de 2012. Hoje, o pai conversa, caminha com ajuda e segura pequenos objetos.“O principal resultado é que ele parou de piorar”, diz o filho.

FDA

Pouco depois do início do procedimento, pesquisadores americanos conseguiram aval da agência reguladora de fármacos nos EUA, a FDA, para iniciar o tratamento em 25 pacientes em Minnesota. Agora, o hematologista Adelson Alves deve pedir nova autorização ao Conep para fazer o procedimento em outros dez pacientes.

Fonte: O Estado de S.Paulo