domingo, 5 de maio de 2013

Cancro do pulmão associado ao vírus do papiloma humano


Um vírus conhecido por causar cancro do útero, cabeça e pescoço, o vírus do papiloma humano (HPV), pode também desencadear alguns casos de cancro do pulmão, de acordo com um estudo apresentado na reunião anual da ‘American Association for Cancer Research’.

Estudos anteriores já tinham demonstrado que os tumores do pulmão são frequentemente infetados com o HPV. De acordo com uma das autoras do estudo, Ranee Mehra, este padrão faz sentido na medida em que os pulmões estão localizados perto da cabeça e pescoço, regiões estas que são conhecidas por apresentar um maior risco de desenvolvimento de tumores após exposição ao HPV.

Neste estudo, os investigadores do Fox Chase Cancer Center, nos EUA, analisaram 36 amostras de tecidos de indivíduos diagnosticados com cancro do pulmão de pequenas células, que nunca tinham fumado. Foi verificado que quatro das 36 amostras apresentavam sinais de infeção de duas estirpes de HPV, a 16 e a 18. Após uma análise mais minuciosa, foi verificado que as amostras tumorais infetadas com o HPV 16 tinham integrado o vírus no seu DNA.

Apesar destes resultados sugerirem que o HPV conduz ao desenvolvimento deste tipo de cancro em menos de 6% dos não fumantes, sendo assim um fenômeno raro, o cancro do pulmão é muito comum. Na verdade este tipo de cancro é o responsável pela morte anual de 1 milhão de pessoas, sendo que 10% dos casos ocorre nos não fumantes.

“Tendo em conta o número de casos de cancro do pulmão, mesmo que apenas uma pequena percentagem esteja associada à infeção por HPV, acaba por se traduzir num elevado número de pacientes”, revelou, em comunicado de imprensa a investigadora.

O estudo refere que ainda não se sabe ao certo como o HPV atinge os pulmões. “A ocorrência dos dois cancros poderia ser apenas uma coincidência. Contudo, a sua presença simultânea e a integração do vírus no DNA do tumor, fortalece a hipótese de estes estarem relacionados”, diz Ranee Mehra.

Apesar de a maioria das pessoas estar exposta ao HPV, estes resultados não devem ser motivo de preocupação. “Trato muitas pessoas com cancro da cabeça e pescoço que estão infetadas com este vírus. Alguns pacientes temem que este seja contagioso e possa ser transmitido a algum membro da família. Contudo, apesar de a maioria das pessoas estar exposta a este vírus, apenas uma minoria desenvolve cancro”, explica a investigadora.

Ranee Mehra espera que estes resultados fomentem a discussão ou futuros estudos, uma vez que é necessário perceber o motivo pelo qual o cancro se desenvolve em alguns pacientes e noutros não.

Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.