quarta-feira, 3 de abril de 2013

Imunoterapia promissora no tratamento da leucemia em estado avançado


Um tratamento que atua a nível do sistema imunitário poderá oferecer uma nova abordagem relativamente ao tratamento de uma forma particularmente agressiva e fatal de leucemia em adultos, sugere um estudo preliminar.

O novo tratamento, que se encontra ainda em fase experimental, envolve a manipulação genética de células T (células pertencentes a um grupo de glóbulos brancos) dos próprios pacientes, as quais são posteriormente utilizadas nesse tratamento.

A pesquisa contou com a participação de cinco adultos com recidiva de leucemia linfoblástica aguda (LLA) tipo B. Este tipo de cancro é de progressão muito rápida, podendo causar a morte no espaço de semanas se não for tratado. O primeiro tratamento da doença consiste normalmente em três ciclos de quimioterapia.

Este processo costuma ser eficaz em muitos pacientes. Mas a doença recidiva com frequência e, nesse caso, a única opção que poderá garantir a sobrevivência de longo termo consiste em novos ciclos de quimioterapia seguidos de um transplante de medula óssea. No entanto, uma recidiva poderá provocar a resistência do cancro à quimioterapia.

Só nos EUA, estima-se que sejam diagnosticados cerca de 6000 mil casos de LLA só este ano, sendo que mais de 1400 pacientes não resistirão à doença. Apesar de este tipo de cancro ser muito prevalente em crianças, três quartos das mortes devidas a esta doença sucedem em adultos. 

Renier Brentjens, um oncologista no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque, EUA, e colegas decidiram então experimentar uma nova abordagem. A equipa retirou linfócitos T do sangue dos cinco participantes no estudo e procedeu à sua manipulação genética com o objetivo de expressar os receptores quiméricos de antígeno (CAR), os quais ajudam os linfócitos T a reconhecer e a destruir as células de LLA.

Os pacientes receberam estes linfócitos T manipulados após terem iniciado quimioterapia padrão. Verificou-se uma remissão completa em todos os pacientes, tendo o mesma sucedido no espaço de oito dias num dos pacientes. Quatro dos pacientes foram posteriormente submetidos a um transplante de medula (um dos pacientes não reunia as condições necessárias para ser submetido a esse procedimento).

Michel Sadelain, também investigador no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, e que trabalhou igualmente nesta investigação, relatou que “para nosso espanto, verificou-se uma muito rápida e completa eliminação do tumor nesses pacientes”.

No entanto, permanecem muitas dúvidas relativamente a este tratamento promissor, que é conhecido como terapia adotiva com células T, e que apenas está disponível em contexto de ensaio clínico. Debate-se, por exemplo, se este tipo de tratamento poderá ser utilizado em fases mais iniciais da LLA. Outra questão é saber se o tratamento isoladamente poderá proporcionar uma remissão de longo termo.

Existem também questões de segurança, como a resposta imunitária do organismo ao tratamento, já que existe o risco de esta ser devastadora e provocar febres elevadíssimas e outros efeitos que ponham a vida em risco.

No entanto, segundo Renier Brentjens, apesar de “ser ainda um tratamento em fase experimental”, este é “um tratamento promissor”.

Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.