A Taenia saginata, ou tênia do boi, e a Taenia solium, ou tênia do porco, são
parasitos que na fase adulta têm o homem como único hospedeiro normal. Ambas
são conhecidas popularmente como “solitárias” porque os indivíduos com teníase,
em geral, só apresentam um exemplar do helminto em seu intestino.
São vermes grandes, medindo a Taenia
saginata de 4 a 12 metros de comprimento e tendo por hospedeiro
intermediário o gado bovino.
O estróbilo inicia-se com um pequeno escólex provido de 4 ventosas, seguido de
uma região de crescimento (o colo) e das regiões de proglotes jovens, de
proglotes maduras e de proglotes grávidas.As proglotes (ou ‘anéis da tênia’)
vão se destacando uma a uma (fenômeno dito apólise) na T. saginata, ou em pequenas cadeias, na T. solium. Elas são eliminadas com as fezes do paciente.
Taenia solium
As formas adultas de T. solium só
foram encontradas, até agora, no organismo humano e suas larvas vivem
normalmente na musculatura de suínos. Popularmente é conhecida como tênia do
porco.
O estróbilo pode medir de 1,5 a 5 metros. O escólex implanta-se no início do
jejuno por meio de suas 4 ventosas e de seu rostro armado com dupla coroa de
acúleos em forma de foice. Diariamente pequenos segmentos da cadeia, formados
em média por 5 proglotes maduras, desprendem-se e são eliminados com as fezes.
Cada proglote contém de 30 a 50 mil ovos. Elas diferem das de T. saginata por serem menores, mais
curtas, e terem poucas ramificações uterinas, com aspecto dendrítico. Os ovos
não são distinguíveis dos de T. saginata.Quando
é o médico quem levanta a suspeita, deve-se buscar as proglotes nas fezes, para
o que o bolo fecal seja desfeito na água e tamisado em peneira de malhas finas.
Em virtude de seus hábitos coprófilos, os porcos costumam infectar-se
maciçamente ao ingerir as proglotes desta tênia. Os cisticercos que se formam
nos tecidos deste animal são um pouco maiores que os da T. saginata (pois medem de 5 a 20 mm) e após 60 a 75 dias já são
infectantes para o homem. Os cisticercos podem manter-se viáveis, no porco, por
muitos anos.
Quando é o médico quem levanta a suspeita, deve-se buscar as proglotes nas
fezes, para o que o bolo fecal seja desfeito na água e tamisado em peneira de
malhas finas.
Nos três primeiros meses da infecção não se encontram
proglotes nem ovos. Depois, os ovos podem ser encontrados no exame de fezes ou,
melhor, pesquisados com a técnica da fita adesiva transparente. Os ovos chegam
a ser abundantes na pele do períneo, onde as proglotes, exprimidas ao passar
pelo esfíncter anal, deixaram sair muitos deles pelas superfícies de apólise. A
fita gomada, montada sobre uma lâmina de microscopia com a parte colante para
fora deve ser aplicada contra o ânus; e as nádegas comprimidas contra ela, para
que os ovos situados na pele adiram. Colar depois a fita na lâmina e examinar
ao microscópio. O método só permite o diagnóstico de teníase, sem revelar a
espécie e o risco, eventual, de cisticercose.
As teníases podem ser diagnosticadas pelo exame
de sedimentação espontânea das fezes.
Diagnóstico diferencial entre T. solium e T. saginata
Para o diagnóstico de espécie, as proglotes
serão comprimidas entre duas lâminas de vidro grosso; o conjunto posto a
clarear no ácido acético e, depois, examinado com lupa para ver as estruturas
uterinas:
a) Se com 15 a 30 ramos uterinos em cada lado da
haste e aspecto dicotômico, é T. saginata.
A proglote é mais retangular.
b) Se com 7 a 16 ramificações de cada lado e
aspecto dendrítico, é T. solium . A
proglote é mais quadrada.
A infecção humana decorre do consumo de carne de
porco crua ou mal cozida. O parasito evolui no intestino como o faz a tênia do
boi. Após algum tempo (60 a 75 dias depois da infecção), os pacientes
infectados com a Taenia solium
adulta, começam a eliminar passivamente, de mistura com as fezes, pequenas
cadeias de proglotes. Se os movimentos antiperistálticos levarem alguma
proglote para o estômago do paciente, ela será digerida, aí, deixando em
liberdade os milhares de ovos que contém. Ao voltarem para o intestino, esses
ovos liberam as oncosferas, sob a ação das enzimas proteolíticas e da bile. Em
consequência, produzem uma infecção maciça do organismo humano com cisticercos:
é a cisticercose humana.
Taenia
saginata
As proglotes da T. saginata, conhecida também como a tênia do boi, saem ativamente
pelo ânus, graças a uma eficiente musculatura, ou são eliminadas com as fezes
do paciente, em número de 8 a 9 proglotes por dia. Então, pelas superfícies de
apólise (sem tegumento), são liberados entre 40 e 80 mil ovos por proglote.
Esses ovos disseminados pelo solo são
ingeridos, com o pasto, por bovinos. Sob a ação das enzimas proteolíticas e da
bile, as oncosferas eclodem no tubo digestivo dos animais, invadem a mucosa e
vão, pela circulação, para a musculatura ou para outros lugares, onde se
transformam em cisticercos, constituindo a cisticercose animal.
Quando as pessoas comem a carne de gado crua ou
mal cozida, os cisticercos são liberados no tubo digestivo, desenvaginam os
escólex, fixam-se à mucosa e crescem como tênias adultas.
Formas clínicas
O período de incubação da teníase é, em geral,
de dois a três meses. Depois, muitos pacientes se queixam de uma dor
epigástrica, com caráter de ‘dor de fome’, e que simula a dor de úlcera
duodenal, melhorando com a ingestão de alimentos. Inapetência e perda de peso
são frequentes; mas, em outros casos, o apetite está aumentado, com dores
abdominais fugazes. Em um terço dos pacientes, as queixas são de dor abdominal,
náuseas, astenia e perda de peso. Em outros há cefaleia, vertigens, constipação
intestinal ou diarreia e prurido anal. Eosinofilia (entre 5 e 35%) costuma
estar presente. Pode haver apendicite, por penetração do parasito no apêndice,
ou obstrução intestinal pela massa total da tênia.
Clinicamente, o parasitismo humano pelos vermes
adultos de Taenia solium é menos
evidente que pela T. saginata, pois o
estróbilo é menor e suas proglotes menos ativas. E por saírem estas
passivamente de mistura com as fezes, podem passar despercebidas pelo paciente.
O quadro clínico, quando presente, é semelhante ao produzido pela tênia do boi,
sendo mais frequentes as formas assintomáticas ou as benignas.
A gravidade da Taenia solium está em poder o homem tornar-se ocasionalmente o
hospedeiro de sua forma larvária – o cisticerco – que determina os quadros
clínicos da doença denominada cisticercose humana. Por isso há necessidade de
um diagnóstico rápido da espécie de tênia que parasita um paciente e de seu
tratamento imediato.
Diagnóstico laboratorial das
teníases
O diagnóstico é feito, muitas vezes, pelo
próprio paciente ao observar a expulsão de proglotes. Quando elas saem entre as
evacuações e são encontradas nos lençóis ou na roupa íntima, trata-se de T. saginata. As de T. solium só saem passivamente, durante as evacuações e, em geral,
formando cadeias entre 3 e 6 segmentos unidos.
Fonte: Portal Educação