quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os Parasitos: Taenia solium e Taenia saginata

A Taenia saginata, ou tênia do boi, e a Taenia solium, ou tênia do porco, são parasitos que na fase adulta têm o homem como único hospedeiro normal. Ambas são conhecidas popularmente como “solitárias” porque os indivíduos com teníase, em geral, só apresentam um exemplar do helminto em seu intestino.

São vermes grandes, medindo a Taenia saginata de 4 a 12 metros de comprimento e tendo por hospedeiro intermediário o gado bovino.

O estróbilo inicia-se com um pequeno escólex provido de 4 ventosas, seguido de uma região de crescimento (o colo) e das regiões de proglotes jovens, de proglotes maduras e de proglotes grávidas.As proglotes (ou ‘anéis da tênia’) vão se destacando uma a uma (fenômeno dito apólise) na T. saginata, ou em pequenas cadeias, na T. solium. Elas são eliminadas com as fezes do paciente.

Taenia solium

As formas adultas de T. solium só foram encontradas, até agora, no organismo humano e suas larvas vivem normalmente na musculatura de suínos. Popularmente é conhecida como tênia do porco.

O estróbilo pode medir de 1,5 a 5 metros. O escólex implanta-se no início do jejuno por meio de suas 4 ventosas e de seu rostro armado com dupla coroa de acúleos em forma de foice. Diariamente pequenos segmentos da cadeia, formados em média por 5 proglotes maduras, desprendem-se e são eliminados com as fezes. Cada proglote contém de 30 a 50 mil ovos. Elas diferem das de T. saginata por serem menores, mais curtas, e terem poucas ramificações uterinas, com aspecto dendrítico. Os ovos não são distinguíveis dos de T. saginata.Quando é o médico quem levanta a suspeita, deve-se buscar as proglotes nas fezes, para o que o bolo fecal seja desfeito na água e tamisado em peneira de malhas finas.
Em virtude de seus hábitos coprófilos, os porcos costumam infectar-se maciçamente ao ingerir as proglotes desta tênia. Os cisticercos que se formam nos tecidos deste animal são um pouco maiores que os da T. saginata (pois medem de 5 a 20 mm) e após 60 a 75 dias já são infectantes para o homem. Os cisticercos podem manter-se viáveis, no porco, por muitos anos.

Quando é o médico quem levanta a suspeita, deve-se buscar as proglotes nas fezes, para o que o bolo fecal seja desfeito na água e tamisado em peneira de malhas finas.


Nos três primeiros meses da infecção não se encontram proglotes nem ovos. Depois, os ovos podem ser encontrados no exame de fezes ou, melhor, pesquisados com a técnica da fita adesiva transparente. Os ovos chegam a ser abundantes na pele do períneo, onde as proglotes, exprimidas ao passar pelo esfíncter anal, deixaram sair muitos deles pelas superfícies de apólise. A fita gomada, montada sobre uma lâmina de microscopia com a parte colante para fora deve ser aplicada contra o ânus; e as nádegas comprimidas contra ela, para que os ovos situados na pele adiram. Colar depois a fita na lâmina e examinar ao microscópio. O método só permite o diagnóstico de teníase, sem revelar a espécie e o risco, eventual, de cisticercose.

As teníases podem ser diagnosticadas pelo exame de sedimentação espontânea das fezes.

Diagnóstico diferencial entre T. solium e T. saginata

Para o diagnóstico de espécie, as proglotes serão comprimidas entre duas lâminas de vidro grosso; o conjunto posto a clarear no ácido acético e, depois, examinado com lupa para ver as estruturas uterinas:

a) Se com 15 a 30 ramos uterinos em cada lado da haste e aspecto dicotômico, é T. saginata. A proglote é mais retangular.
b) Se com 7 a 16 ramificações de cada lado e aspecto dendrítico, é T. solium . A proglote é mais quadrada.

A infecção humana decorre do consumo de carne de porco crua ou mal cozida. O parasito evolui no intestino como o faz a tênia do boi. Após algum tempo (60 a 75 dias depois da infecção), os pacientes infectados com a Taenia solium adulta, começam a eliminar passivamente, de mistura com as fezes, pequenas cadeias de proglotes. Se os movimentos antiperistálticos levarem alguma proglote para o estômago do paciente, ela será digerida, aí, deixando em liberdade os milhares de ovos que contém. Ao voltarem para o intestino, esses ovos liberam as oncosferas, sob a ação das enzimas proteolíticas e da bile. Em consequência, produzem uma infecção maciça do organismo humano com cisticercos: é a cisticercose humana.

Taenia saginata

As proglotes da T. saginata, conhecida também como a tênia do boi, saem ativamente pelo ânus, graças a uma eficiente musculatura, ou são eliminadas com as fezes do paciente, em número de 8 a 9 proglotes por dia. Então, pelas superfícies de apólise (sem tegumento), são liberados entre 40 e 80 mil ovos por proglote.

Esses ovos disseminados pelo solo são ingeridos, com o pasto, por bovinos. Sob a ação das enzimas proteolíticas e da bile, as oncosferas eclodem no tubo digestivo dos animais, invadem a mucosa e vão, pela circulação, para a musculatura ou para outros lugares, onde se transformam em cisticercos, constituindo a cisticercose animal.

Quando as pessoas comem a carne de gado crua ou mal cozida, os cisticercos são liberados no tubo digestivo, desenvaginam os escólex, fixam-se à mucosa e crescem como tênias adultas.


Formas clínicas

O período de incubação da teníase é, em geral, de dois a três meses. Depois, muitos pacientes se queixam de uma dor epigástrica, com caráter de ‘dor de fome’, e que simula a dor de úlcera duodenal, melhorando com a ingestão de alimentos. Inapetência e perda de peso são frequentes; mas, em outros casos, o apetite está aumentado, com dores abdominais fugazes. Em um terço dos pacientes, as queixas são de dor abdominal, náuseas, astenia e perda de peso. Em outros há cefaleia, vertigens, constipação intestinal ou diarreia e prurido anal. Eosinofilia (entre 5 e 35%) costuma estar presente. Pode haver apendicite, por penetração do parasito no apêndice, ou obstrução intestinal pela massa total da tênia.

Clinicamente, o parasitismo humano pelos vermes adultos de Taenia solium é menos evidente que pela T. saginata, pois o estróbilo é menor e suas proglotes menos ativas. E por saírem estas passivamente de mistura com as fezes, podem passar despercebidas pelo paciente. O quadro clínico, quando presente, é semelhante ao produzido pela tênia do boi, sendo mais frequentes as formas assintomáticas ou as benignas.

A gravidade da Taenia solium está em poder o homem tornar-se ocasionalmente o hospedeiro de sua forma larvária – o cisticerco – que determina os quadros clínicos da doença denominada cisticercose humana. Por isso há necessidade de um diagnóstico rápido da espécie de tênia que parasita um paciente e de seu tratamento imediato.

Diagnóstico laboratorial das teníases

O diagnóstico é feito, muitas vezes, pelo próprio paciente ao observar a expulsão de proglotes. Quando elas saem entre as evacuações e são encontradas nos lençóis ou na roupa íntima, trata-se de T. saginata. As de T. solium só saem passivamente, durante as evacuações e, em geral, formando cadeias entre 3 e 6 segmentos unidos.

Fonte: Portal Educação