A hemofilia é uma doença hemorrágica, de herança
genética, que leva à perda de mobilidade do paciente. Ela se caracteriza pela deficiência
quantitativa e/ou qualitativa de Fator VIII (hemofilia A) ou de Fator IX
(Hemofilia B). O tratamento profilático corresponde à reposição destes fatores
no organismo, de maneira periódica e ininterrupta a longo prazo, iniciada antes
ou após ocorrência do primeiro sangramento ou hemorragia da articulação
(hemartrose).
Os hemofílicos assistidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm garantida a chamada “profilaxia primária”
para o tratamento de hemofilia grave dos tipos A e B. O procedimento preventivo
à doença é indicado para pacientes com até três anos de idade que tenham tido
até uma ocorrência de sangramento ou hemorragia da articulação (hemartrose). O
tratamento profilático consiste no uso de medicamento (hemoderivado) para a
reposição do Fator de Coagulação VIII no organismo, que previne lesões nas
articulações (artropatias) como também diminui a possibilidade de sangramentos.
O Ministério da Saúde também recomenda que os portadores adultos de
hemofilia grave façam o tratamento profilático da doença com o uso de Fator
VIII de Coagulação. Para isso, o ministério repassou às secretarias de saúde de
todo o país mais de 150 milhões de Unidades Internacionais (UIs) deste
medicamento, além de manter outras 200 milhões de unidades no estoque
estratégico do órgão. O objetivo da recomendação é incentivar o uso preventivo
de Fator VIII (plasmático) para evitar que o portador da doença tenha
sangramentos nas articulações, principal característica da doença.
“A ampliação do tratamento profilático da hemofilia
grave para jovens e adultos é um avanço porque, entre outros benefícios à
saúde, certamente vai melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, observa o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A recomendação para a chamada “profilaxia
secundária” da hemofilia grave está afinada às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). O abastecimento do SUS com as
mais de 600 milhões de unidades de Fator VIII será possível graças, também, à
economia que o ministério vem obtendo a partir de mudanças na metodologia de
compra de medicamentos para o SUS. Só na aquisição de hemoderivados
(medicamentos derivados do sangue), o Ministério da Saúde conseguiu economizar
R$ 50 milhões nos últimos 12 meses.
Documento com as recomendações para a ampliação do
tratamento profilático de portadores de hemofilia grave foi enviado para os 32
hemocentros coordenadores da Hemorrede, nos 26 estados e no Distrito Federal.
“Para ter acesso ao tratamento e receber o hemoderivado (Fator VIII), os
pacientes precisam estar cadastrados em um dos 35 Centros de Tratamento de
Hemofilia (CTH), onde têm orientação e acompanhamento médico para a obtenção e
o uso do medicamento”, explica Helder Teixeira Melo, da Coordenação de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde. A adesão ao tratamento está
condicionada à avaliação clínica, social e psicológica.
Atualmente, 10.558 hemofílicos são assistidos pelo
Sistema Único de Saúde; ou seja, recebem medicamentos pelo SUS, incluindo
aqueles que utilizam a rede privada ou possuem convênios e planos de saúde.
Desse total, 3.421 são portadores da forma grave da doença, caracterizada por
sangramentos em uma mesma articulação, que pode levar ao dano articular e em
alguns casos à invalidez.
Fonte: Blog da Saúde
