Assim como os mestres de obras, que zelam por todo o trabalho envolvido
em uma construção, os hormônios são responsáveis por manter o organismo
funcionando a pleno vapor. Mas, quando a fabricação dessas substâncias sai dos
trilhos, o corpo da mulher pode ficar fora de sintonia. Quem tem a síndrome dos
ovários policísticos (SOP), problema que se distingue pelo surgimento de cistos
nos ovários e pela produção exacerbada de hormônios masculinos, conhece bem
essa história. "O distúrbio desregula a menstruação, favorece o ganho de
gordura abdominal e ainda pode provocar o aparecimento de acne e pelos no rosto
e em outras partes do corpo", relata a ginecologista Angela Maggio da
Fonseca, da Universidade de São Paulo.
Se o descompasso deixa de ser acompanhado por um médico, várias complicações não custam a aparecer. Entre elas, merecem destaque a infertilidade e, agora sim, falamos dele, o diabete tipo 2. Há um bom tempo os clínicos notam que as portadoras da SOP desenvolvem mais facilmente a resistência à insulina — o hormônio que conduz a glicose para dentro das células não consegue trabalhar direito e, aí, o açúcar sobra no sangue, abrindo caminho ao diabete. Mas faltava uma peça no quebra-cabeça: o que dispararia a tal da resistência? Especulava-se que tudo era fruto de uma interferência do excesso de hormônios masculinos. A resposta para o mistério, porém, parece recair sobre as células de gordura, os adipócitos.
Um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, revela que as mulheres com o distúrbio, sejam elas magras ou gordas, apresentam adipócitos mais rechonchudos e com um defeito. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores selecionaram 62 voluntárias, metade delas com SOP. Elas foram divididas em duplas formadas por uma participante com a síndrome e outra sem o problema, mas que tinham idade e peso semelhantes. Ao compará-las, os estudiosos constataram que o tecido adiposo daquelas com SOP produzia uma quantidade inferior de um hormônio liberado justamente pelos adipócitos, a adiponectina. "Essa substância facilita a ação da insulina. Na falta dela, a glicose tem dificuldade para entrar nas células", explica o endocrinologista Ivan Ferraz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
De acordo com Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o trabalho é revelador porque alivia a culpa sobre o hormônio masculino e aponta que até mesmo jovens magras podem abrigar células de gordura volumosas e má produtoras de adiponectina. "É por isso que elas estão cada vez mais propensas à resistência à insulina e ao diabete tipo 2", afirma.
Vale ressaltar, contudo, que os quilos extras costumam agravar a situação. Portanto, quem tem ovários policísticos e quer manter distância do diabete deve apostar em uma dieta equilibrada aliada à prática regular de uma atividade física. O diagnóstico precoce e o monitoramento médico também são fundamentais. "Pelo menos 30% das mulheres com SOP não sabem que têm o distúrbio", calcula Meirelles. Não dá para vacilar e permitir que essa sigla promova uma algazarra hormonal.
Se o descompasso deixa de ser acompanhado por um médico, várias complicações não custam a aparecer. Entre elas, merecem destaque a infertilidade e, agora sim, falamos dele, o diabete tipo 2. Há um bom tempo os clínicos notam que as portadoras da SOP desenvolvem mais facilmente a resistência à insulina — o hormônio que conduz a glicose para dentro das células não consegue trabalhar direito e, aí, o açúcar sobra no sangue, abrindo caminho ao diabete. Mas faltava uma peça no quebra-cabeça: o que dispararia a tal da resistência? Especulava-se que tudo era fruto de uma interferência do excesso de hormônios masculinos. A resposta para o mistério, porém, parece recair sobre as células de gordura, os adipócitos.
Um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, revela que as mulheres com o distúrbio, sejam elas magras ou gordas, apresentam adipócitos mais rechonchudos e com um defeito. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores selecionaram 62 voluntárias, metade delas com SOP. Elas foram divididas em duplas formadas por uma participante com a síndrome e outra sem o problema, mas que tinham idade e peso semelhantes. Ao compará-las, os estudiosos constataram que o tecido adiposo daquelas com SOP produzia uma quantidade inferior de um hormônio liberado justamente pelos adipócitos, a adiponectina. "Essa substância facilita a ação da insulina. Na falta dela, a glicose tem dificuldade para entrar nas células", explica o endocrinologista Ivan Ferraz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
De acordo com Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o trabalho é revelador porque alivia a culpa sobre o hormônio masculino e aponta que até mesmo jovens magras podem abrigar células de gordura volumosas e má produtoras de adiponectina. "É por isso que elas estão cada vez mais propensas à resistência à insulina e ao diabete tipo 2", afirma.
Vale ressaltar, contudo, que os quilos extras costumam agravar a situação. Portanto, quem tem ovários policísticos e quer manter distância do diabete deve apostar em uma dieta equilibrada aliada à prática regular de uma atividade física. O diagnóstico precoce e o monitoramento médico também são fundamentais. "Pelo menos 30% das mulheres com SOP não sabem que têm o distúrbio", calcula Meirelles. Não dá para vacilar e permitir que essa sigla promova uma algazarra hormonal.
Por: Thaís ManariniI