segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Casos de alergias respiratórias não param de crescer. Saiba como evitá-las


Aumento na incidência de alergia na população está relacionada a várias hipóteses. Mas é possível evitá-la com mudanças simples dentro de casa e usando produtos alternativos, que não possuem substâncias alergênicas


No Brasil, estima-se que 30% da população tenha algum tipo de alergia. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), a rinite atinge 30% e a asma 10% das pessoas. Nos Estados Unidos, a alergia é a quinta doença crônica mais prevalente em todas as idades e a terceira mais comum em crianças. "Estudos mostram que há um crescimento no aparecimento de todos os tipos de alergias no mundo todo", disse Rachel Miller, professora de Medicina e Ciências Ambientais de Saúde da Universidade Columbia, em Nova York. Em 1980, somente 10% da população ocidental sofriam de alergias. Hoje, o número é três vezes maior. E, de acordo com previsões da Rede Global de Alergia e Asma (Galen), metade da população da Europa vai sofrer de algum tipo de alergia até 2015.
Não se sabe exatamente por que esse crescimento está ocorrendo. Especialistas em alergia levantam diversas hipóteses para explicar o avanço das doenças alérgicas. "A poluição, a industrialização, hábitos de vida e até alguns medicamentos podem estar propiciando o aparecimento da alergia", diz Fábio Morato Castro, vice-presidente da Asbai.
"O aquecimento global pode ser uma das possíveis razões do aumento do número de pacientes com alergias e da piora dos sintomas", afirma Michael Blaiss, ex-presidente do American College of Allergy, Asthma and Immunology (Acaai). Em alguns países, as mudanças no clima são responsáveis pela antecipação e por estações de polinização mais duradouras – o que também causa alergia. No Brasil, problemas em decorrência do pólen ocorrem mais na região Sul do país.

Crianças:
Bebês e crianças costumam ter eczema e alergias respiratórias sazonais. Em muitas crianças, a alergia pode desaparecer durante a adolescência:
- 8% das crianças nos EUA são afetados por alergias alimentares;
- Alergia e soja é mais prevalente em bebês do que em criança mais velhas;
- Causada por uma sensibilidade ao glúten, a doença celíaca se desenvolve entre seis meses e dois anos de idade;
- A rinite alérgica afeta até 40% das crianças;
- Crianças com alergias têm três vezes mais risco de desenvolver asma do que aquelas sem nenhuma alergia.

Adultos
Cerca de 20% de todos os casos de alergia aparecem pela primeira vez entre 40 e 50 anos:
- Entre 10% e 30% dos adultos sofrem com rinite alérgica;
- Alguns tipos de alergias alimentares se desenvolvem principalmente em adultos. Exemplo disso é a alergia a frutos do mar;
- Adultos podem desenvolver asma, mesmo se não tiveram a doença enquanto eram crianças.

Idosos
O aparecimento de alergia pela primeira vez na velhice não é raro – mas menos frequente:
- Quando as pessoas envelhecem, o sistema imunológico enfraquece e as membranas mucosas perdem a elasticidade, tornando-os mais sensíveis a substâncias irritantes;
- Normalmente, por conta da pele ressecada, eles podem ter dermatite.

Gestantes:
Mulheres grávidas que tomam remédios para controlar a alergia devem conversar com os especialistas para avaliar se devem ou não manter a medicação:
- A rinite alérgica tende a piorar no último trimestre de gravidez por causa das alterações hormonais;
- A asma deve ser controlada durante a gravidez. Se não estiver, pode piorar no fim da gestação. Isso ocorre porque o desenvolvimento do feto pode prejudicar a respiração da mãe;

A gravidez provoca diversas alterações no corpo da mulher, inclusive na pele, cabelo e unhas. As mulheres podem apresentar alergias de pele:
- Maior incidência de brotoeja: bolinhas vermelhas, coceira e pequenas bolhas.
- Herpes gestacional: começa com bolinhas e manchas vermelhas semelhantes à urticária com coceira. A ocorrência é rara, com um caso para cada 50 mil mulheres grávidas. Entre os riscos estão o parto prematuro, baixo peso do recém-nascido, além de lesões na pele do bebê.
- Prurido gravídico: é o surgimento de coceira generalizada que ocorre no fim da gravidez, geralmente no terceiro trimestre de gestação. Ocorre em uma a cada 300 gestações.
- Prurido gestacional de Besnier: a grávida apresenta coceira e pequenas bolinhas, que aparecem na parte superior dos membros e parte superior do tronco. Em geral, ocorre a partir do quarto mês de gravidez. A alergia desaparece após o parto e a causa é desconhecida.

Muita limpeza — Há quem defenda a chamada hipótese de higiene, que basicamente afirma que quanto menos contato com a sujeira, maiores as chances de ter alergia. Segundo estudos, crianças que crescem em áreas rurais rodeadas de animais e que possuem famílias maiores parecem desenvolver asma e alergias de pele com menos frequência que crianças criadas em áreas urbanas. A principal pesquisa foi realizada por médicos do Hospital Infantil de Salzburg, na Áustria. Foram comparadas alergias em 319 crianças com idades entre 6 e 13 anos que cresceram em chácaras com 493 crianças que cresceram em ambientes mais 'limpos', como casas e apartamentos em áreas urbanas. Os resultados mostraram que crianças que viviam em fazendas tinham mais proteção do que as outras; e que quanto mais cedo elas fossem expostas a esses elementos, mais elas estariam protegidas. A hipótese sugere que a exposição a determinados vírus, bactérias ou parasitas ajuda o sistema imunológico a se desenvolver. Além disso, ensina o corpo a diferenciar as substâncias nocivas das inofensivas, que causam a asma, por exemplo. "Combinado a isso, há ainda um menor contato com a poluição em áreas rurais", diz Blaiss.
As alergias ocorrem quando o sistema imunológico reage a uma substância estranha, como a poeira, medicamento ou alimentos, entre outras centenas de possibilidades. O sistema imunológico produz anticorpos para proteger o organismo de invasores indesejados, que seriam capazes de deixar uma pessoa doente ou causar uma infecção. Quando você tem alergia, o sistema imunológico produz anticorpos que identificam um alérgeno particular como algo prejudicial e por isso ocorrem essas reações.
Para J. Allen Meadows, presidente da comissão de educação e saúde pública da Acaai, outra evidência sugere que a exposição de crianças de países subdesenvolvidos a alimentos contaminados com substâncias fecais pode estar relacionada a uma menor incidência de alergia. Ele explica que essas infecções fazem com que o sistema imunológico combata infecções e não lute contra alérgenos. "Muitas crianças que têm essas doenças morrem. Mas aquelas que sobrevivem parecem estar protegidas da alergia", diz Meadows. "Enquanto a distribuição de alimentos no mundo inteiro melhorar e ficar mais limpa e segura, as doenças alérgicas devem continuar a subir", afirma.

Pouco sol — Outra teoria é a de que a redução gradual a exposição do sol diminuiu os estoques de vitamina D no organismo. Segundo Scott Weiss, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, mais de 70% das pessoas em grande parte dos países possui deficiência de vitamina D. O que, de acordo com ele, influencia o aumento das doenças conhecidas como autoimunes, incluindo alergias alimentares e diabetes tipo 1, por exemplo. “As alergias vão continuar aumentando. Isso vai ocorrer na mesma medida em que as pessoas continuarem passando tempo dentro de casa e deixando o nível de vitamina D diminuir”.
Na área científica, a epigenética é considerada uma área promissora. “Acredito que a epigenética tem potencial para explicar alguns mistérios da alergia. A ideia que o nosso ambiente pode mudar a forma que os nossos genes funcionam ou como eles podem ser alterados mesmo depois que nascemos é uma hipótese muito atraente para a asma. Isso porque é um problema crescente nos últimos tempos e não sabemos porque acontece”.
Enquanto a clareza sobre os processos alérgicos não avançam, resta ao paciente evitar a exposição à substância que causa a alergia. Nos casos em que isso não é possível, os médicos indicam remédios para tratar os sintomas. Há também a possibilidade de tratamento de imunoterapia, em que as vacinas podem diminuir os sintomas e colaborar para um melhor controle do problema.

ALERGIA SEM MISTÉRIO
Quais são os testes que detectam alergias
TESTE NA PELE
Testes cutâneos: gotas do alérgeno suspeito são diluídas na pele. Depois, o médico faz uma pequena escarificação ou  puntura para que o alérgeno seja absorvido. Em geral, esse tipo de exame é feito no braço. E o resultado sai em 20 minutos.
Teste intradérmico: é um teste mais sensível em que os médicos injetam uma pequena quantidade do alérgeno irritante sob a pele.
Teste de contato: são geralmente realizados para descobrir a origem da dermatite de contato. Nesse caso, o especialista aplica o teste nas costas, que contém as substâncias químicas que são responsáveis por cerca de 90% das alergias de contato. Os pacientes ficam com os alérgenos por 48 horas, já que as reações podem se desenvolver lentamente.
TESTE DE SANGUE
Conhecido como exame rast, é teste sanguíneo indicado para medir a quantidade de anticorpos da Imunoglobulina E (IgE), que o corpo produz como resultado da exposição a um tipo de alérgeno.
TESTE DE FUNÇÃO PULMONAR
Geralmente, o teste é indicado para pacientes com alergias respiratórias. A prova de função pulmonar visa avaliar o fluxo de ar dentro e fora dos pulmões. Além disso, há também o desafio de inalação, em que o paciente é exposto a uma pequena quantidade de alérgeno para avaliar sua capacidade de respiração diante da substância.

Sete produtos para quem tem alergia

Batom e blush: Cosméticos como batom e blush possuem lanolina e conservantes, substâncias capazes de desencadear alergias. No caso do batom, é possível utilizar aqueles formulados com ingredientes vegetais e antioxidantes naturais, que previnem o envelhecimento precoce. 

Esmalte: No esmalte, o formaldeído, presente na resina, é o principal responsável pela reação alérgica. Essa substância tem como função aumentar a durabilidade e a aderência do produto. Esmaltes hipoalergênicos também são livres de tolueno e dibutilftalato.

Hidratante: Perfume, corantes e conservantes podem ser substâncias desencadeadoras potenciais de uma alergia. Por isso, indica-se preferir hidratantes sem essas substâncias. Em algumas composições, há fomblin, uma substância que reduz a agressividade de alguns aditivos e forma uma espécie de barreira que protege a pele.

Bijuteria: Produtos banhados a outro ou a rhodium são os mais indicados para mulheres que têm alergia à níquel – uma matéria-prima utilizada em quase todas as bijuterias. Quem é alérgico e utiliza esses produtos pode ter crises alérgicas, além de coceira e vermelhidão.

Desodorante: Desodorantes possuem cloridóxido de alumínio, que inibem a transpiração. A substância, porém, provoca reações alérgicas em algumas pessoas. No mercado, é possível encontrar produtos com cloridóxido de zircônio que é tão eficaz quando o primeiro, só que com efeitos pouco irritantes.

Xampu: Lavar o cabelo pode ser uma atitude perigosa para quem tem alergia. O perfume forte pode desencadear crises em quem tem rinite e asma. Para os alérgicos, há produtos livres de corantes, essência e conservantes.

Creme de barbear: Muitos homens têm irritação quando utilizam espumas de barbear convencionais. Se a pele ficar irritada, indica-se utilizar produtos hipoalergênicos, que possuem as mesmas propriedades hidratantes e calmantes para a pele, mas não contém substâncias irritantes. 

Por: Natalia Cuminale