Mecanismo
descrito por pesquisadores brasileiros mostra como células impedem a ação do
remédio
Uma equipe de pesquisadores do Centro
Infantil Boldrini, em Campinas (SP), descobriu um mecanismo de interação que
torna a leucemia linfoide aguda, câncer desenvolvido na medula óssea,
resistente à quimioterapia. Com o estudo, os pesquisadores esperam desenvolver
novos tratamentos para os pacientes que não conseguem se recuperar da doença
por esse motivo. Publicado na revista Leukemia, o trabalho mostra como alguns genes
desse tipo de tumor interagem com uma família específica de células da medula
óssea.
Três tipos de leucemia se desenvolvem em crianças e adolescentes: mieloide aguda, mieloide crônica e linfoide aguda – sendo esta o câncer mais comum entre eles. Cerca de 70% a 80% dos jovens acometidos pela leucemia linfoide aguda conseguem a cura por meio da quimioterapia. Nos demais, as células cancerígenas se mostram resistentes ao ataque da quimioterapia, ocasionando uma recaída do paciente com relação à da doença. O mecanismo descoberto agora pode ser uma das explicações para essa falha do medicamento e uma direção para novas medicações no futuro.
Três tipos de leucemia se desenvolvem em crianças e adolescentes: mieloide aguda, mieloide crônica e linfoide aguda – sendo esta o câncer mais comum entre eles. Cerca de 70% a 80% dos jovens acometidos pela leucemia linfoide aguda conseguem a cura por meio da quimioterapia. Nos demais, as células cancerígenas se mostram resistentes ao ataque da quimioterapia, ocasionando uma recaída do paciente com relação à da doença. O mecanismo descoberto agora pode ser uma das explicações para essa falha do medicamento e uma direção para novas medicações no futuro.
Coordenado por José Andrés Yunes, do
Centro Infantil Boldrini e da Universidade Estadual de Campinas, o estudo
aborda a influência das células de estroma (família de células responsáveis por
formar a estrutura básica de um órgão) sobre as células leucêmicas. Mais
especificamente, os pesquisadores estavam interessados em analisar o efeito do
estroma sobre genes da leucemia relacionados à resistência aos quimioterápicos.
Os pesquisadores mostraram que a atividade de alguns genes de resistência das
células leucêmicas aumentou ao entrar em contato com o estroma. Ou seja, ele
acaba colaborando com a doença, estimulando genes da célula cancerosa a
produzirem em conjunto com a insulina uma proteína chamada IGFBP7, que potencializa
a resistência do tumor ao tratamento quimioterápico.
O trabalho revelou uma ’cumplicidade’
entre as células leucêmicas e as células do estroma, graças a essa proteína. As
células do estroma atuam sobre as leucêmicas que por sua vez estimulam o metabolismo
das primeiras, dificultando a ação da quimioterapia. Isso acontece porque,
apesar de o medicamento quebrar um aminoácido essencial para o desenvolvimento
das células cancerosas, a IGFBP7 faz com que o estroma forneça quantidades
maiores do aminoácido. Assim, a proteína conduz a uma alteração do
microambiente tumoral que atrapalha a ação do quimioterápico, beneficiando a
leucemia.
“Entender esse funcionamento pode
abrir a possibilidade de se desenvolver drogas capazes de neutralizar esse
efeito”, conta um dos autores, Angelo Laranjeira, doutorando da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com o Boldrini. “Resultados
preliminares nos levam a crer que a IGFBP7 também possa estar envolvida na
resistência a outros quimioterápicos”, diz. Segundo Yunes, medicamentos contra
o diabetes talvez possam auxiliar a quimioterapia no tratamento desses casos de
câncer.
Por:
Isis Nóbile Diniz