sábado, 10 de setembro de 2011

Hepatites

Hepatite é uma inflamação dos hepatócitos, ou seja, toda e qualquer inflamação do fígado. Existem várias causas de hepatite, sendo as mais conhecidas as causadas por vírus, mas podem ser também por intoxicações por álcool e outras substâncias e medicamentos tóxicos. Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das células hepáticas. A grande maioria das hepatites agudas são assintomáticas ou leva a sintomas incaracterísticos como febre, mal estar, desânimo e dores musculares. Hepatites mais severas podem levar a sintomas mais específicos, sendo o sinal mais chamativo a icterícia, conhecida popularmente no Brasil por “trisa” ou "amarelão" e que caracteriza-se pela coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. Associado pode ocorrer urina cor de coca-cola (colúria) e fezes claras, tipo massa de vidraceiro (acolia fecal). Hepatites mais graves podem cursar com insuficiência hepática e culminar com a encefalopatia hepática e óbito. Hepatites crônicas (com duração superior a 6 meses), geralmente são assintomáticas e podem progredir para cirrose.

A hepatite é classificada em: A, B, C, D, F, G, TT e SEN

* HEPATITE A

É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite A, que pode cursar de forma subclínica. Altamente contagiosa, sua transmissão é do tipo fecal oral, ou seja, ocorre pela contaminação direta de pessoa para pessoa ou através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum onde não há ou é precário o saneamento básico. A falta de higiene ajuda na disseminação do vírus. O uso na alimentação de moluscos e ostras de águas contaminadas com esgotos e fezes humanas contribui para a expansão da doença. Uma vez infectada a pessoa desenvolve imunidade permanente. Existe vacina segura para hepatite A. A transmissão através de agulhas ou sangue é rara. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. A icterícia é mais comum no adulto (60%) do que na criança (25%). A icterícia desaparece em torno de duas a quatro semanas. É considerada uma hepatite branda, pois não há relatos de cronificação e a mortalidade é baixa. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber sintomáticos e tomar medidas de higiene para prevenir a transmissão para outras pessoas. Pode ser prevenida pela higiene e melhorias das condições sanitárias, bem como pela vacinação. É conhecida como a hepatite do viajante.

* HEPATITE B

Sua transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, também com as tintas das tatuagens, bem como através da relação sexual. É considerada também uma doença  sexualmente transmissível. Pode ser adquirida através de tatuagens, piercings, no dentista e até em sessões de depilação. Os sintomas são semelhantes aos das outras hepatites virais, mas a hepatite B pode cronificar e provocar a cirrose hepática. A prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais e não utilizando materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único. Quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores as chances de ter uma cirrose hepática. Existe vacina para hepatite B, que é dada em três doses intramusculares e deve ser repetida a cada 10 anos.

* HEPATITE C

A mais perigosa e temida das hepatites virais, sua transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, com transmissão muito fácil e rápida. Pode ser adquirida através de transfusão sanguínea, tatuagens, uso de drogas, piercings, no dentista e em manicure.  Na grande maioria dos pacientes é assintomática no período agudo da doença, mas podem ser semelhantes aos das outras hepatites virais. Estima-se que 3 % da população mundial esteja contaminada, atingindo níveis dez vezes maiores no continente africano. A hepatite C é perigosa porque pode cronificar e provocar a cirrose hepática e o hepatocarcinoma, neoplasia maligna do fígado. A prevenção é feita não utilizando materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único, bem como material próprio em manicures. A esterilização destes materiais é possível, porém não há controle e as pessoas que ‘dizem’ que esterilizam não têm o preparo necessário para fazer uma esterilização real. Não existe vacina para a hepatite C e é considerada pela Organização Mundial de Saúde como o maior problema de saúde pública, é a maior causa de transplante hepático e transmite-se pelo sangue mais facilmente que a AIDS.
O anti-HCV positivo detecta infecção atual ou pregressa. Pode ser necessário biópsia hepática para descartar malignidade e determinar o grau da doença. A detecção do ácido ribonucleico (RNA) do vírus caracteriza a presença do vírus no hospedeiro.
Aproximadamente metade dos pacientes tratados  se curam. Possuem melhores resposta ao tratamento os pacientes com idade inferior a 40 anos, do sexo feminino, com genótipos 2 ou 3, que não apresentem cirrose e de peso inferior a 85 quilogramas.

* HEPATITE D

Causada pelo agente Delta, só tem importância quando associada à hepatite B, pois a potencializa quando juntas. Isoladamente parece não causar infecção.

* HEPATITE E

É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que pode cursar de forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum após enchentes. Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado para mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com hepatite fulminante. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado comprar alimentos e bebidas de vendedores ambulantes.

* HEPATITE F (Idêntica a hepatite B)

Pouco conhecida, foi relatada em pacientes submetidos a transplante hepático. É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite F, que pode cursar de forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum após enchentes Não existe vacina para hepatite F. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado para mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com hepatite fulminante. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado comprar alimentos e bebidas de vendedores ambulantes.

* HEPATITE G, TT e SEN

Outros vírus podem causar hepatites, porém sem ser causa comum. São potencialmente causadores de hepatite em pacientes submetidos a transfusões sanguíneas e imunodeprimidos, relações sexuais, Epstein-Barr, o citomegalovírus e o herpes zoster. Outros agentes de importância são os vírus da dengue e febre amarela.

Hepatites por drogas:

Causado por drogas hepatotóxicas, que lesam diretamente o hepatócito. O acetaminofem (analgésico e anti-inflamatório), substância muito utilizada por crianças e adultos, quando utilizada em doses muito altas é altamente hepatotóxica. Dentro outro como Metildopa (anti-hipertensivo).

 Hepatite autoimune (HAI)

São hepatites causadas por uma auto agressão do organismo, que fabrica anticorpos que atacam e matam os hepatócitos. Isto pode acontecer porque uma bactéria, vírus ou fungo pode conter uma porção muito parecida com a célula hepática, causando confusão do sistema imunológico. O tratamento é feito com corticóides e drogas imunossupressoras.

Exames que devem ser realizados:

Testes laboratoriais úteis na avaliação hepática são as dosagens de bilirrubinas, transaminases (AST e ALT ou TGO e TGP), fosfatase alcalina, gama-glutamil-transpeptidase  (antes denominada gama-glutamil-transferase e geralmente abreviada como gama-GT ou GGT), proteínas totais, albumina, atividade de protrombina, amônia e ácidos biliares, pesquisa de marcadores virais e execução de exames complementares de diagnóstico por imagem, como o ultrassom e a tomografia computadorizada. Se for necessária a análise histopatológica do fígado, pode ser necessária a biópsia hepática, que pode ser feita por agulha ou videolaparoscopia.

PREVENÇÃO:

A vacina para hepatite B deve ser feita em todos os recém-nascidos, iniciando o esquema vacinal já no primeiro mês de vida. Adultos não vacinados e que não tiveram a doença também podem fazer a vacinar, que está especialmente recomendada a pessoas que cuidam de pacientes, a profissionais da área da saúde, aos portadores do vírus C, alcoólatras e indivíduos com outras doenças hepáticas. Deve-se usar luvas, máscara e óculos de proteção quando houver possibilidade de contato com sangue ou secreções corporais.
Pessoas que tiveram exposição conhecida ao vírus (relação sexual com indivíduo contaminado, acidente com agulha, dentre outros) devem receber uma espécie de soro (gamaglobulina) nos primeiros dias após o contato, o que pode diminuir a chance ou, pelo menos, a intensidade da doença Recém-nascidos de mães com hepatite B devem receber gamaglobulina específica e vacina imediatamente após o parto para diminuir o risco do bebê desenvolver a doença.
Para os outros tipos de hepatite não existe vacina, somente prevenção.
O consumo de carne previamente congelada e bem cozida não oferece riscos de contaminação.

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