A tontura é a terceira principal queixa que os
pacientes fazem nos consultórios. Saiba como identificar as origens do problema
A terceira queixa mais comum em consultórios
médicos do Brasil é a tontura. O sintoma só fica atrás de dor e febre. E, assim
como os outros dois, a tontura pode ter uma série de razões ocultas — mais de
300 quadros clínicos podem levar a essa sensação. Portanto, é certo: quem ainda
não teve, em algum momento da vida, terá sinais como falta de equilíbrio,
sensação de possível queda ou de que a cabeça está girando.
Em geral, as causas estão relacionadas com o
labirinto, uma estrutura localizada no ouvido interno que está relacionada à
audição e equilíbrio. Quando ele é afetado por um dos fatores – que podem ser
infecciosos, inflamatórios, neoplásicos (decorrentes de tumores), entre outros
— a pessoa fica com a sensação de ter perdido o equilíbrio. O ideal é que um
médico seja procurado assim que o sintoma aparecer. Segundo Fernando
Ganança, otorrinolaringologista da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), mais
de 90% das pessoas apresentam melhora parcial ou total depois de iniciar um
tratamento.
Outra boa notícia é que raramente a tontura indica
um problema neurológico mais sério, como um derrame, hemorragia cerebral ou
esclerose múltipla.
Atenção -- Casos em que a tontura ocorrer após uma
forte pancada na cabeça, vier acompanhada de febre alta, perda súbita de
audição, dor no peito e visão turva devem seguir imediatamente para o serviço
de emergência hospitalar. Enfraquecimento das pernas ou braços, fala
embaralhada, perda de consciência e mal-estar acompanhado de náusea e vômito,
além da presença de desequilíbrio intenso também fazem parte dos sinais que
indicam a necessidade de procurar imediatamente um hospital. Abaixo, 11
causas comuns para a tontura:
Anemia: Quando
o corpo não possui ferro suficiente para produzir hemoglobina — proteína que
transporta oxigênio no sangue — a pessoa pode ter tontura, entre outros
sintomas, se não houver tratamento.
Gripe: Pode
obstruir a cavidade nasal. Com o nariz congestionado, outras áreas são afetadas
e podem trazer consequências diretas ao labirinto, causando a tontura.
Enxaqueca: As
dores de cabeça podem vir acompanhadas de náuseas e sensibilidade à luz. Em
alguns casos, a enxaqueca pode vir junto com tontura.
Síndrome metabólica: Problemas
como diabetes ou colesterol alto também podem causar tonturas. No caso do
colesterol, por exemplo, há um engrossamento do sangue que prejudica a
oxigenação do labirinto — fazendo com que o sintoma ocorra.
Transtornos de
ansiedade: Sintomas como respiração ofegante, taquicardia e
tontura podem ser sintomas de uma crise de ansiedade.
Distúrbios hormonais: A
menopausa ou distúrbios na tireoide comprometem o labirinto. Nesse caso, a tontura
pode não ser permanente, mas recorrente.
Distúrbios
neurológicos: Entre 10 e 15% das tonturas tem origem neurológica,
como por exemplo tumores que envolvam o próprio labirinto ou os nervos que saem
dele, além de doenças degenerativas.
Lesões: Uma
pancada forte na cabeça pode afetar o labirinto. Um trauma acústico também -
por exemplo, se uma pessoa ficar próxima de uma caixa acústica potente
poderá ter tontura. Outro tipo de lesão é o barotrauma, que é ligado a
pressão no interior do corpo. O problema pode ocorrer ao decolar no
avião ou durante um mergulho na água.
Medicamentos: Alguns
medicamentos têm a tontura como efeito colateral. Por isso, é importante
questionar o médico sobre as reações adversas dos remédios.
Distúrbios na visão: Problemas
visuais, como distúrbios de refração (como miopia, hipermetropia,
astigmatismo), e alterações na pressão intraocular podem dar a falsa sensação
de movimento, causando tontura.
Doenças
cardiovasculares: Arritmias, hipertensão e alterações dos vasos
que levam o sangue para o ouvido, como é o caso da aterosclerose, alteram
o fluxo de sangue que vai até o labirinto.
Fontes: Alfredo Salim Helito, clínico-geral do Hospital Sírio-Libanês; Ítalo Medeiros, chefe laboratório do Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Fernando Ganança, otorrinolaringologista da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) e chefe da disciplina de Otoneurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
