Investigadores americanos conseguiram criar, a partir de um tipo de células estaminais, tecido de retina que contém células fotorreceptoras capazes de responder à luz, revela um estudo publicado na revista “Nature Communications”.
“Basicamente desenvolvemos uma retina humana em miniatura que tem a organização arquitetônica da retina e também a capacidade de detectar a luz. Estes resultados podem conduzir, em última análise, a tecnologias capazes de restaurar a visão nos indivíduos com doenças da retina”, revelou, em comunicado de imprensa, a líder do estudo, M. Valeria Canto-Soler.
As células estaminais pluripotentes induzidas são células adultas que foram geneticamente reprogramadas para o seu estado mais primitivo. Em determinadas condições, estas células podem-se diferenciar em qualquer dos 200 tipos de células do nosso organismo. Neste estudo os investigadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, decidiram diferenciá-las em células progenitoras da retina, destinadas a criarem o tecido da retina sensível à luz.
Através de uma técnica simples, os investigadores foram capazes de promover o crescimento das células progenitoras da retina, das células da retina e por fim do tecido. De acordo com os investigadores, este é um feito importante na medida em que o tecido da retina é complexo, sendo composto por sete tipos de células, com seis tipos de neurônios que correspondem a camada de células que absorvem e processam a luz, e transmitem esses sinais ao cérebro para este os interpretar.
“Sabíamos que era necessária uma estrutura 3D se quiséssemos reproduzir as características funcionais da retina. Contudo, não sabíamos que as células estaminais eram capazes de construir a retina quase por sua conta. De alguma forma as células sabiam o que fazer”, revelou, em comunicado de imprensa, uma das autoras do estudo, M. Valeria Canto-Soler.
Quando o tecido da retina se encontrava num estádio equivalente às 28 semanas de desenvolvimento no útero, com fotorreceptores maduros, os investigadores testaram estas mini-retinas de forma a verificar se os fotorreceptores eram de fato sensíveis à luz e transformá-la em sinais visuais.
Os investigadores verificaram que os fotorreceptores cultivados em laboratório respondiam à luz da mesma forma que os bastonetes da retina o fazem. A maioria dos fotorreceptores nos humanos são bastonetes, os quais permitem ver em condições de pouca luz.
Os autores do estudo concluem que este sistema permitirá a criação simultânea de centenas de mini- retinas para um indivíduo afetado com uma doença da retina. O sistema criado abre também portas para a medicina personalizada e poderá ajudar a substituir o tecido morto da retina com o material desenvolvido em laboratório.
Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.
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