domingo, 8 de setembro de 2013

Biopróteses fabricadas no Brasil começam a ser testadas em pacientes

Imagine um paciente, vítima de uma doença ou de um acidente, obriga a usar chapéu para esconder marcas - a ausência de uma parte do osso da cabeça.

Se, de apenas imaginar, a situação o incomoda, saiba que esta é a realidade diária de quem passa por essas situações e aguarda uma prótese.

Do ponto de vista médico, a questão é maior: os pacientes ficam mais vulneráveis com a deformidade no crânio, que antes protegia o cérebro, e isso representa um risco para a vida, exigindo cuidados especiais.

A boa notícia é que 10 pacientes terão esse problema resolvido até o final deste ano, graças ao trabalho de uma equipe de pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O grupo do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (Biofabris) desenvolveu um projeto único de fabricação desse tipo de "peças de titânio" para implantes em seres humanos.

Biofabricação

O conceito de "biofabricação" consiste em utilizar técnicas de engenharia e materiais biológicos para a construção de estruturas tridimensionais, substitutos que atuarão no tratamento, restauração e estruturação de órgãos e tecidos humanos.

As próteses desenvolvidas são usadas em cirurgias plásticas (craniofaciais) para a reparação de deformidades causadas por má-formação ou por sequelas de traumas, como acidentes, ou doenças.

No Brasil, de cada dez vítimas de acidentes de trânsito, quase seis (57,6%) apresentam traumas faciais e um (10%) tem lesões no crânio.

A etapa de estudos clínicos que está se iniciando com os 10 pacientes servirá para que a equipe avalie todo o processo, desde a fabricação da peça até a fase pós-cirúrgica, verificando, por exemplo, a biocompatibilidade do material escolhido, o titânio.

Os pacientes serão acompanhados por, no mínimo, um ano a partir da realização da cirurgia, mas o prazo pode ser ampliado de acordo com as necessidades da pesquisa.

Próteses no SUS

Atualmente, próteses sob medida, do tipo pesquisado pelo laboratório, são produzidas apenas no exterior e com alto custo. Outras, construídas com diferentes materiais (metacrilato, cerâmica, por exemplo), no Brasil, podem custar mais de R$ 100 mil.

"A nossa ideia é desenvolver um produto para ser utilizado no SUS [Sistema Único de Saúde]", afirma a professora Cecília Zavaglia.

A técnica desenvolvida para a produção das próteses craniofaciais poderá ser replicada para qualquer osso do corpo humano.

Além disso, as pesquisas realizadas no Biofabris podem resultar na descoberta de novos biomateriais - de origem natural ou sintética, usado para a substituição, por qualquer período de tempo, de tecido, órgão ou função do corpo -, novas próteses e implantes, assim como no desenvolvimento de máquinas para a produção das peças, entre outras inovações.

Fonte: Jornal da Unicamp

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