Quando uma criança tem febre, mas sem outros sintomas, é difícil perceber se este sintoma tem na sua origem uma infecção viral ou bacteriana. Mas os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington conseguiram agora, através do perfil da atividade genética, distinguir estes dois tipos de infecção, dá conta um estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences Online Early Edition”.
“É comum as crianças ficarem com febre sem nenhuma causa aparente. Algumas destas crianças têm graves infecções bacterianas que podem colocar em risco a sua vida, mas a maioria é afetada por infecções virais. Contudo é difícil, numa primeira fase, distingui-las”, revelou em comunicado de imprensa ao líder do estudo, Gregory Storch.
As pessoas que têm febre sem nenhuma causa aparente são por vezes tratadas com antibióticos, como precaução, apesar de estes fármacos não tratarem as infecções provocadas por vírus e a sua excessiva prescrição contribuir para a resistência aos antibióticos.
Para o estudo os investigadores contaram com a participação de 30 crianças que tinham entre dois meses a três anos de idade, que tinham febre acima dos 38ºC, mas não apresentavam sinais óbvios de doença, como tosse ou diarreia.
Neste estudo, os investigadores propuseram-se a encontrar um padrão de atividade genética num tipo de células imunitárias, os leucócitos, que fosse capaz de distinguir a infecção viral da bacteriana. Para obter este tipo de perfil genético, foi utilizada uma técnica de biologia molecular conhecida por “microarrays”. Os autores do estudo explicam que os leucócitos estão envolvidos na primeira linha da defesa do sistema imunitário contra organismos invasores, tendo-se assim colocado a hipótese de responderem de uma forma diferente aos vírus e bactérias.
Através da utilização deste tipo de tecnologia e dos diferentes perfis de atividade genética, os investigadores foram capazes de distinguir, com 90% de precisão, o tipo de infecção em causa. Este resultado foi melhor do que o obtido a partir dos testes standard, que apenas têm uma precisão de 70%. “Estes resultados são bastante úteis para os médicos, pois perante um padrão de expressão genética indicador de uma infecção viral estes sentem-se mais confiantes para não prescreverem antibióticos”, explicou o investigador.
O investigador referiu ainda que nas crianças com vírus e febre, muitos genes estão altamente ativos, comparativamente com aquelas com vírus e sem febre, cujos genes estão menos ativos. Esta técnica informa basicamente como o paciente está a “ler” a infecção. Os genes altamente ativos informam que a infecção causa doença no paciente, enquanto os genes menos ativos podem significar a ausência de infecção ou a presença de bactérias ou vírus e ausência de doença.
Segundo Gregory Storch, esta distinção é importante, pois quando um teste sugere que a criança tem um vírus, o médico não sabe se o vírus está a provocar doença ou se é mero espectador. “O perigo de atribuir o sintoma a um vírus que na realidade é um espectador inocente pode significar a não prescrição de antibióticos necessários.”
O investigador conclui que a medição da atividade genética fornece resultados mais conclusivos relativamente à doença e ajuda a prescrição de antibióticos para as crianças que realmente necessitam deles.
Com informações de ALERT Life Sciences Computing, S.A.