quarta-feira, 24 de abril de 2013

Venda de hormônios sintéticos da tireoide cresce 65% em cinco anos


Uso indevido é prejudicial à saúde

A venda de hormônios sintéticos da tireoide cresceu 65% no período de 2008 a 2012, segundo um levantamento feito pela consultoria IMS Health, que analisa dados da indústria farmacêutica. Um dos medicamentos é o segundo mais vendido no País.

O fenômeno, ainda subdimensionado, porque os dados não levam em consideração medicamentos manipulados, pode estar ligado ao crescente consumo do produto não só por quem sofre de disfunção na tireoide, mas por pessoas interessadas em emagrecimento rápido (uso "off label"). Médicos alertam que o uso indevido do hormônio compromete o organismo e tem efeito pouco duradouro.

O hormônio tireoidiano em excesso, promove a perda de peso, mas a perda é de músculo, e não de tecido gorduroso, como explica a dra. Laura Ward, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e professora de clínica médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo a especialista, a preocupação maior é com as fórmulas manipuladas, já que alguns médicos prescrevem o hormônio tireoidiano puro, o T3, que é o de maior atividade: acelera o coração, causa arritmia, pode levar à isquemia do miocárdio e até ao infarto.

Além desta classe de medicamentos, depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de emagrecedores à base de anfetaminas, o consumo off label, com o objetivo de perda de peso, cresceu também para medicamentos para diabete, epilepsia e depressão.

Alerta do CRF-SP

A preocupação em reforçar junto aos profissionais a importância de fazer valer a exigência do receituário para a venda de medicamentos tarjados foi manifestada pelo CRF-SP, ao enviar, em junho do ano passado, uma circular a todos os farmacêuticos paulistas alertando que o responsável técnico por uma farmácia e/ou drogaria responde por todos os atos técnicos praticados no estabelecimento, devendo zelar pelo cumprimento das normas sanitárias e profissionais que regulamentam essa atividade.

A circular enviada pelo CRF-SP também alerta para o fato de que o farmacêutico, no exercício da profissão, não pode estar sujeito à pressão ou ser obrigado a cumprir metas de vendas de medicamentos, já que a dispensação é um ato técnico, e a escolha do medicamento não pode, em nenhuma hipótese, estar associada a qualquer tipo de interesse ou vantagem financeira. 

Fonte: CRF-SP