Colchicina ou colquicina é uma alcalóide altamente venenoso, originalmente extraído das plantas Colchicum. É
usada para tratamento de gota. Vem
sendo investigado o seu uso potencial como uma droga anticancerígena. Pode ser usada como tratamento
inicial para pericardite e para prevenção de recorrência desta doença. É também
usada para se determinar o cariótipo de uma espécie.
Função biológica
É uma substância que inibe a
polimerização das proteínas do fuso mitótico, parando a divisão
celular na metáfase. Ela é usada principalmente para se fazer o cariótipo da
célula que se quer estudar, pois na metáfase os cromossomos se
encontram no maior grau de condensação, facilitando a observação ao
microscópio.
A colchicina é um agente antimitótico
utilizado amplamente como substância experimental para estudar a divisão e a
função celular. Ela não influencia a excreção renal de ácido
úrico ou a sua concentração no sangue. Em virtude de se ligar à tubulina,
a colchicina interfere com a função dos fusos mitóticos e causa a despolimerização
e desaparecimento dos microtúbulos fibrilares dos granulócitos e
outras células móveis, fazendo com que a migração dos granulócitos para a
região inflamada seja inibida e haja redução das atividades metabólica e
fagocitária dessas células. Isso reduz a liberação do ácido láctico e
de enzimas pró-inflamatórias, que ocorre durante a fagocitose, rompendo o
ciclo que resulta na resposta inflamatória.
A cochicina é importante no estudo dos
cromossomos pois ela facilita a visão mais detalhada dos cromossomos gigantes o
que acarreta no seu estudo mais detalhado.Ela é muito utilizada em preparações
citogéneticas para interromper as divisões celulares.Sua atuação consiste em
impedir a organização dos microtúbulos.
Como medicamento
A colchicina é utilizada no tratamento
da gota, amiloidose e escleroderma. Também pode ser usada,
combinada a outros medicamentos, na síndrome do cólon irritável.
Trata-se de um agente anti-inflamatório único
porque é muito eficaz apenas na artrite gotosa. Esse medicamento não
está indicado nas crises agudas de gota mas é um agente profilático útil para
essas crises.
O efeito anti-inflamatório da
colchicina na artrite gotosa aguda é relativamente seletivo para esta doença e
é eficaz apenas em alguns casos nos outros tipos de artrite.
Os neutrófilos expostos aos
cristais de urato os ingerem e produzem uma glicoproteína que pode
ser o agente etiológico da artrite gotosa aguda. Quando injetada nas
articulações, essa substância produz artrite profunda que, sob o ponto de vista
histológico, não se diferencia daquela causada pela injeção direta dos cristais
de urato. A colchicina parece impedir a produção dessa glicoproteína pelos leucócitos.
Efeitos colaterais
Incluem problemas gastro-intestinais e
neutropenia. Altas doses podem também lesar a medula óssea e levar a uma
anemia. Todos estes efeitos colaterais podem resultar da hiper-inibição da
mitose.
Toxicidade
O envenenamento por colchicina foi
comparado ao envenenamento por arsênico. Os sintomas iniciam de 2 a 5 horas
após a ingestão da dose tóxica, e incluem: queimação na boca e garganta, febre,vômitos, diarreia,
dor abdominal e falência renal. Estes sintomas podem iniciar-se em qualquer
momento dentro das primeiras 24 horas após ingestão. Entre 24 e 72 horas ocorre
falência múltipla sistêmica, incluindo choque hipovolêmico devido ao
extremo dano vascular e perda de líquido pelo trato gastrointestinal, o
que pode levar ao óbito. Além disso, pode haver dano renal, resultando em anúria
e hematúria. Ocorre ainda anemia, queda nos níveis de leucócitos (persistindo
por vários dias), fraqueza muscular e falência respiratória. A recuperação pode
ocorrer em 6 ou 8 dias. Não há antídoto específico para a colchicina, apesar de
existiram vários tratamentos.
Referência: P.R.Vade-mécum ABIMIP 2006/2007