As farmacêuticas conseguiram uma sequência de recentes sucessos contra o câncer de próstata, encerrando um longo período durante o qual parecia haver poucas armas para enfrentar a doença. Na última demonstração desse progresso, pesquisadores anunciaram esta semana que uma droga experimental desenvolvida pela Medivation, de San Francisco, aumentou por cinco meses a sobrevida num estudo de 1.199 pacientes.
Uma segunda droga, uma emissora de radiação sendo desenvolvida pela alemã Bayer e pela norueguesa Algeta, direcionada para o câncer de próstata que se espalhou para os ossos, aumentou a sobrevida por quase três meses num estudo com 922 pacientes.
O resultado das duas pesquisas foi divulgado antes da sua apresentação durante o Simpósio de Cânceres Genitais-Urinários da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em San Francisco.
Os novos tratamentos devem fazer com que o mercado mundial de terapias para câncer de próstata atinja US$ 4 bi.
Se os remédios forem aprovados pela FDA, a agência de vigilância sanitária dos EUA, a indústria farmacêutica terá produzido em apenas três anos, depois de décadas de frustrações, cinco novos tratamentos contra o câncer de próstata avançado.
Entre os já aprovados nos últimos dois anos estão o Provenge, da Dendreon, o Jevtana, da Sanofi e o Zytiga, da Johnson & Johnson.
A indústria farmacêutica está cada vez mais procurando maneiras de acelerar o desenvolvimento de novos remédios - incluindo a conclusão de que uma cooperação mais próxima com pesquisadores acadêmicos pode ajudar nas descobertas. O composto da Medivation, chamado MDV3100, é notável pelo modo como foi desenvolvido - em grande parte no laboratório de pesquisa de Charles Sawyers, um cientista do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, que tem um histórico de descobertas.
A Medivation espera submeter o remédio para aprovação da FDA este ano. Se tudo correr bem, o remédio pode ser aprovado cerca de cinco anos depois de ter sido testado pela primeira vez em pessoas. "Sob todos os aspectos, isso será considerado muito, muito rápido", disse David Hung, diretor-presidente da Medivation.
Outro acelerador do progresso é uma compreensão cada vez maior da biologia do câncer de próstata, uma doença alimentada em grande parte pelo hormônio masculino testosterona.
Os novos tratamentos não são curas e o impacto deles na sobrevida é modesto. O alto custo deve dificultar o seu uso para muitos pacientes. Uma série de três tratamentos com o Provenge, por exemplo, custa US$ 93 mil, enquanto que o preço das pílulas do Zytiga para um mês é de US$ 5 mil.
Mas alguns pesquisadores acreditam que as opções vão levar a novos tratamentos em que os remédios serão usados em sequência ou combinados, com aumento da sobrevida. Os novos tratamentos devem fazer com que o mercado mundial de terapias suba para US$ 4 bilhões até 2015, de acordo com a firma Morningstar, ante US$ 1 bilhão atualmente.
"Toda a equação do câncer de próstata está completamente diferente", disse Christopher J. Logothetis, diretor de oncologia genito-urinária do Centro de Câncer M.D. Anderson, de Houston, Texas. "Ele está agora entre os tumores sólidos que deveriam ser considerados altamente tratáveis."
Tudo isso vem em contraste com somente uma década atrás, quando a doença era considerada resistente a quase todos os tratamento. As farmacêuticas diziam "nada funcionou em 35 anos. Por que nós vamos colocar nossas [novas] drogas nisso?" disse Bruce Roth, professor de medicina e oncologista da Universidade de Washington, no Missouri. "Agora, nós estamos começando a ver o retorno do investimento nas pesquisas da biologia do câncer de próstata."
O MDV3100 é um exemplo. Sawyers, um pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes, teve um papel importante no desenvolvimento do revolucionário remédio contra a leucemia Gleevec, da Novartis, e uma versão de segunda geração chamada Sprycel, da Bristol-Myers Squibb.
Na metade da década de 90, quando estava na Universidade da Califórnia em Los Angeles, Sawyers interessou-se em descobrir por que homens com câncer de próstata não têm sucesso com terapia de hormônio - tratamento padrão, que impede que os tumores sejam alimentados por testosterona, seu principal fator de crescimento.
O senso comum era de que, uma vez que o paciente tinha uma recaída, os chamados receptores andrógenos - estruturas no exterior do tumor que se sobressaem das células cancerígenas como um cadeado para atrair a "chave" de testosterona que as ativa e promovem o crescimento do tumor - não eram mais o motor da doença. Sawyers duvidava disso. Numa série de experiências com ratos, ele e seus colegas concluíram que os pacientes resistentes a remédios na verdade tinham níveis mais elevados, e não reduzidos, de receptores andrógenos. As drogas estavam agora ativando os receptores em vez de bloquear a testosterona.
Mas ele diz que não estava conseguindo convencer as farmacêuticas a seguir sua pista. Então, ele se uniu ao químico Michael Jung, da Universidade da Califórnia, para desenharem eles mesmos a droga.
Cientistas acadêmicos, porém, não têm como fazer a transição entre a descoberta de uma droga promissora no laboratório e o seu teste em seres humanos, disse Sawyers. Em 2005, a Medivation aceitou licenciar a droga. A companhia confirmou as descobertas dos pesquisadores, testou a molécula e alterou sua formulação para adaptá-la ao consumo humano.
Fonte: Valor Econômico
O resultado das duas pesquisas foi divulgado antes da sua apresentação durante o Simpósio de Cânceres Genitais-Urinários da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em San Francisco.
Os novos tratamentos devem fazer com que o mercado mundial de terapias para câncer de próstata atinja US$ 4 bi.
Se os remédios forem aprovados pela FDA, a agência de vigilância sanitária dos EUA, a indústria farmacêutica terá produzido em apenas três anos, depois de décadas de frustrações, cinco novos tratamentos contra o câncer de próstata avançado.
Entre os já aprovados nos últimos dois anos estão o Provenge, da Dendreon, o Jevtana, da Sanofi e o Zytiga, da Johnson & Johnson.
A indústria farmacêutica está cada vez mais procurando maneiras de acelerar o desenvolvimento de novos remédios - incluindo a conclusão de que uma cooperação mais próxima com pesquisadores acadêmicos pode ajudar nas descobertas. O composto da Medivation, chamado MDV3100, é notável pelo modo como foi desenvolvido - em grande parte no laboratório de pesquisa de Charles Sawyers, um cientista do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, que tem um histórico de descobertas.
A Medivation espera submeter o remédio para aprovação da FDA este ano. Se tudo correr bem, o remédio pode ser aprovado cerca de cinco anos depois de ter sido testado pela primeira vez em pessoas. "Sob todos os aspectos, isso será considerado muito, muito rápido", disse David Hung, diretor-presidente da Medivation.
Outro acelerador do progresso é uma compreensão cada vez maior da biologia do câncer de próstata, uma doença alimentada em grande parte pelo hormônio masculino testosterona.
Os novos tratamentos não são curas e o impacto deles na sobrevida é modesto. O alto custo deve dificultar o seu uso para muitos pacientes. Uma série de três tratamentos com o Provenge, por exemplo, custa US$ 93 mil, enquanto que o preço das pílulas do Zytiga para um mês é de US$ 5 mil.
Mas alguns pesquisadores acreditam que as opções vão levar a novos tratamentos em que os remédios serão usados em sequência ou combinados, com aumento da sobrevida. Os novos tratamentos devem fazer com que o mercado mundial de terapias suba para US$ 4 bilhões até 2015, de acordo com a firma Morningstar, ante US$ 1 bilhão atualmente.
"Toda a equação do câncer de próstata está completamente diferente", disse Christopher J. Logothetis, diretor de oncologia genito-urinária do Centro de Câncer M.D. Anderson, de Houston, Texas. "Ele está agora entre os tumores sólidos que deveriam ser considerados altamente tratáveis."
Tudo isso vem em contraste com somente uma década atrás, quando a doença era considerada resistente a quase todos os tratamento. As farmacêuticas diziam "nada funcionou em 35 anos. Por que nós vamos colocar nossas [novas] drogas nisso?" disse Bruce Roth, professor de medicina e oncologista da Universidade de Washington, no Missouri. "Agora, nós estamos começando a ver o retorno do investimento nas pesquisas da biologia do câncer de próstata."
O MDV3100 é um exemplo. Sawyers, um pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes, teve um papel importante no desenvolvimento do revolucionário remédio contra a leucemia Gleevec, da Novartis, e uma versão de segunda geração chamada Sprycel, da Bristol-Myers Squibb.
Na metade da década de 90, quando estava na Universidade da Califórnia em Los Angeles, Sawyers interessou-se em descobrir por que homens com câncer de próstata não têm sucesso com terapia de hormônio - tratamento padrão, que impede que os tumores sejam alimentados por testosterona, seu principal fator de crescimento.
O senso comum era de que, uma vez que o paciente tinha uma recaída, os chamados receptores andrógenos - estruturas no exterior do tumor que se sobressaem das células cancerígenas como um cadeado para atrair a "chave" de testosterona que as ativa e promovem o crescimento do tumor - não eram mais o motor da doença. Sawyers duvidava disso. Numa série de experiências com ratos, ele e seus colegas concluíram que os pacientes resistentes a remédios na verdade tinham níveis mais elevados, e não reduzidos, de receptores andrógenos. As drogas estavam agora ativando os receptores em vez de bloquear a testosterona.
Mas ele diz que não estava conseguindo convencer as farmacêuticas a seguir sua pista. Então, ele se uniu ao químico Michael Jung, da Universidade da Califórnia, para desenharem eles mesmos a droga.
Cientistas acadêmicos, porém, não têm como fazer a transição entre a descoberta de uma droga promissora no laboratório e o seu teste em seres humanos, disse Sawyers. Em 2005, a Medivation aceitou licenciar a droga. A companhia confirmou as descobertas dos pesquisadores, testou a molécula e alterou sua formulação para adaptá-la ao consumo humano.
Fonte: Valor Econômico
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