1) Síndromes esofágicas
Os
sintomas mais comuns são: azia, regurgitação, dor à deglutição e dores no
tórax. Salivação excessiva e náuseas são menos frequentes.
Há
quatro condições associadas: esofagite de refluxo com erosão e necrose da
mucosa de revestimento logo acima da junção com o estômago; estreitamento
esofágico causado pela inflamação; esôfago de Barrett caracterizado por
alterações nas células da porção terminal do órgão; e adenocarcinoma.
2) Síndromes extraesofágicas
a)
Tosse crônica e laringite acompanhada de rouquidão e pigarro persistente,
geralmente associada ao uso excessivo da voz, a irritantes ambientais e ao
cigarro;
b) Asma
(como um cofator nos casos de difícil controle das crises);
c)
Erosão do esmalte dos dentes causada pelo conteúdo gástrico ao refluir até a
boca.
Paradoxalmente,
cerca de dois terços das pessoas que se queixam de refluxo, não apresentam
nenhuma esofagite a endoscopia. Por essa razão, quando os sintomas são
típicos e a resposta ao tratamento é rápida, não há necessidade de
realizar endoscopias nem outros exames. No entanto, a maioria dos médicos opta
pelo exame endoscópico para afastar as possibilidades de estreitamento
esofágico, câncer ou esôfago de Barrett, condição que predispõe
à malignização.
Em
casos selecionados, exames mais complexos permitem avaliar a motilidade
gástrica, quantificar a exposição do esôfago ao ácido e relacionar os
sintomas com a periodicidade dos refluxos.
O tratamento envolve:
1) Dieta alimentar
Evitar
frutas cítricas, tomates, cebolas, bebidas gasosas ou com cafeína, comidas
apimentadas, gordurosas ou fritas, chocolate, café e chá.
2) Mudanças no estilo de vida
* Parar
de fumar;
* Se
houver sobrepeso ou obesidade, emagrecer;
*
Reduzir o consumo de álcool (especialmente vinho tinto a noite);
*
Evitar refeições copiosas, e só ir para a cama duas ou três horas depois
da alimentação. Não deitar depois das refeições;
* Nos
casos em que os refluxos acontecem à noite, elevar a cabeceira da cama;
* Não
usar roupas nem cintos apertados.
3) Medicamentos
Reduzir
a acidez do suco gástrico melhora os sintomas e facilita a regeneração dos
tecidos lesados pela inflamação.
Existem
dois grupos de medicamentos usados com essa finalidade: os inibidores da bomba
de prótons (omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol, esomeprazol e outros) e os
antagonistas do receptor H2
(cimetidina, ranitidina, famotidina e outros).
(cimetidina, ranitidina, famotidina e outros).
Os
estudos mostram que os inibidores da bomba de prótons são mais eficazes
tanto na cura das esofagites e quanto no controle dos sintomas.
A
duração do tratamento é extremamente variável. Como os sintomas tendem a
tornar-se crônicos, o uso prolongado é indicado em parte significante dos
casos. Um estudo documentou boa eficácia e segurança dos inibidores da
bomba de prótons por períodos de até 11 anos.
Os
riscos potenciais do uso prolongado são má absorção de nutrientes,
pequenos aumentos do número de fraturas ósseas depois dos 50 anos de idade
(má absorção de cálcio) e de gastroenterites.
Antiácidos
podem ser úteis nas crises de azia que surgem apesar da medicação.
4) Cirurgia
A
cirurgia clássica (fundoplicação de Nissen) é feita por laparoscopia. Nela, a
parte alta do estômago é suturada ao redor da porção distal do esôfago com
o objetivo de criar uma barreira anti-refluxo.
Depois
de um período eufórico nos anos 90, as indicações cirúrgicas se tornaram
mais restritas, porque a eficácia é maior na cura da esofagite do que no
controle dos sintomas. Avaliados depois de 10 anos, cerca de 60% dos
operados voltam a tomar medicação.
Por: Drauzio Varella