Análise revela que há pelo menos 500 substâncias
químicas clinicamente úteis aguardando por
descoberta em plantas não avaliadas
Há pelo
menos 500 substâncias químicas clinicamente úteis aguardando por descoberta em
espécies de plantas que ainda não foram avaliadas por seu potencial para curar
ou tratar doenças. É o que revela pesquisa realizada por cientista do Jardim
Botânico de Nova York, nos Estados Unidos.
Atualmente,
135 drogas no mercado são derivadas diretamente das plantas e os resultados da
análise indicam que três vezes mais substâncias com potencial para combater
doenças, que ainda não foram encontradas, poderiam se transformar em drogas ou
serem usadas como base para pesquisas.
"Claramente,
a diversidade de plantas não se esgotou, e ainda há um grande potencial no
mundo botânico", afirma o responsável pela pesquisa, James S. Miller.
Para
chegar a essa estimativa, Miller usou uma fórmula baseada em uma proporção
entre o número de medicamentos que foram desenvolvidos a partir de plantas e o
número de plantas que foram selecionados para a descoberta de drogas. Ele,
então, aplicou essa proporção no número de espécies de plantas que ainda não
foram selecionadas.
Por causa
das incertezas em alguns desses números, a fórmula fornece uma série de
descobertas de medicamentos em potencial. Embora não haja um consenso geral
entre os botânicos sobre o número de espécies de plantas que possam vir a
existir, Miller concluiu que existem 300 a 350 mil espécies de plantas. Dessas,
ele determinou que a química de apenas 2 mil espécies tem sido exaustivamente
estudadas, e talvez apenas 60 mil têm sido avaliadas, ainda que parcialmente,
para a produção de produtos químicos medicinalmente úteis.
Trabalhando
com esses números, Miller calculou que há uma probabilidade de ter um mínimo de
540 a 653 novas drogas à espera de descoberta a partir de plantas.
"Esses
cálculos indicam que há um valor significativo em continuar a pesquisar plantas
para descobrir novos compostos bioativos medicinalmente úteis", conclui
Miller.
Avanços
tecnológicos na década de 1970 e 1980 deram aos pesquisadores e médicos a
capacidade de avaliar um grande número de amostras de plantas. Isso levou o
governo federal e grandes empresas farmacêuticas a instituírem programas de
triagem de plantas. Esses programas levaram ao desenvolvimento de várias drogas
importantes, como a Taxol derivada da Taxus brevifolia (usada no tratamento do
câncer) e Camptotecina de Camptotheca acuminata (utilizado para tratar o
câncer), além de outras drogas como o anti-viral Tamiflu derivado da Illicium
anisatum.
O número
de descobertas de drogas, entretanto, foi substancialmente menor do que o
previsto. No princípio de 2000, muitas das grandes empresas farmacêuticas
tinham abandonado os trabalhos.
Miller
argumenta que uma possível explicação para o baixo rendimento é a forma
rudimentar com que extratos da planta foram testados quanto ao potencial
farmacêutico. Plantas podem conter de 500 a 800 compostos químicos diferentes,
mas os programas de rastreio do final do século 20 usado extratos feitos de uma
planta inteira ou melhores extratos que continham centenas de compostos.
Nessas
circunstâncias, um composto pode interferir com a ação de outro, ou a
quantidade de um composto pode ser pequena demais para ser registrada em uma
mistura de centenas de produtos químicos.
Para
corrigir este problema, as novas tecnologias permitem agora que os
pesquisadores separem misturas complexas de produtos naturais em uma
"biblioteca" de compostos relativamente pura que pode ser testada
individualmente. Um estudo de 2002 demonstrou que o teste de tais bibliotecas
melhora drasticamente a taxa de descoberta.
A análise
de Miller ressalta o fato de que o mundo vegetal representa uma fonte pouco
explorada de drogas que podem potencialmente salvar vidas. O pesquisador
acrescenta ainda urgência nos esforços para conservar os habitats naturais,
para que as espécies não sejam levadas à extinção antes que elas possam ser
estudadas.
Fonte: Isaude.net