quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Espécies de plantas não estudadas podem dar origem a centenas de novas drogas


Análise revela que há pelo menos 500 substâncias químicas clinicamente úteis aguardando por descoberta em plantas não avaliadas

Há pelo menos 500 substâncias químicas clinicamente úteis aguardando por descoberta em espécies de plantas que ainda não foram avaliadas por seu potencial para curar ou tratar doenças. É o que revela pesquisa realizada por cientista do Jardim Botânico de Nova York, nos Estados Unidos.
Atualmente, 135 drogas no mercado são derivadas diretamente das plantas e os resultados da análise indicam que três vezes mais substâncias com potencial para combater doenças, que ainda não foram encontradas, poderiam se transformar em drogas ou serem usadas como base para pesquisas.
"Claramente, a diversidade de plantas não se esgotou, e ainda há um grande potencial no mundo botânico", afirma o responsável pela pesquisa, James S. Miller.
Para chegar a essa estimativa, Miller usou uma fórmula baseada em uma proporção entre o número de medicamentos que foram desenvolvidos a partir de plantas e o número de plantas que foram selecionados para a descoberta de drogas. Ele, então, aplicou essa proporção no número de espécies de plantas que ainda não foram selecionadas.
Por causa das incertezas em alguns desses números, a fórmula fornece uma série de descobertas de medicamentos em potencial. Embora não haja um consenso geral entre os botânicos sobre o número de espécies de plantas que possam vir a existir, Miller concluiu que existem 300 a 350 mil espécies de plantas. Dessas, ele determinou que a química de apenas 2 mil espécies tem sido exaustivamente estudadas, e talvez apenas 60 mil têm sido avaliadas, ainda que parcialmente, para a produção de produtos químicos medicinalmente úteis.
Trabalhando com esses números, Miller calculou que há uma probabilidade de ter um mínimo de 540 a 653 novas drogas à espera de descoberta a partir de plantas.
"Esses cálculos indicam que há um valor significativo em continuar a pesquisar plantas para descobrir novos compostos bioativos medicinalmente úteis", conclui Miller.
Avanços tecnológicos na década de 1970 e 1980 deram aos pesquisadores e médicos a capacidade de avaliar um grande número de amostras de plantas. Isso levou o governo federal e grandes empresas farmacêuticas a instituírem programas de triagem de plantas. Esses programas levaram ao desenvolvimento de várias drogas importantes, como a Taxol derivada da Taxus brevifolia (usada no tratamento do câncer) e Camptotecina de Camptotheca acuminata (utilizado para tratar o câncer), além de outras drogas como o anti-viral Tamiflu derivado da Illicium anisatum.
O número de descobertas de drogas, entretanto, foi substancialmente menor do que o previsto. No princípio de 2000, muitas das grandes empresas farmacêuticas tinham abandonado os trabalhos.
Miller argumenta que uma possível explicação para o baixo rendimento é a forma rudimentar com que extratos da planta foram testados quanto ao potencial farmacêutico. Plantas podem conter de 500 a 800 compostos químicos diferentes, mas os programas de rastreio do final do século 20 usado extratos feitos de uma planta inteira ou melhores extratos que continham centenas de compostos.
Nessas circunstâncias, um composto pode interferir com a ação de outro, ou a quantidade de um composto pode ser pequena demais para ser registrada em uma mistura de centenas de produtos químicos.
Para corrigir este problema, as novas tecnologias permitem agora que os pesquisadores separem misturas complexas de produtos naturais em uma "biblioteca" de compostos relativamente pura que pode ser testada individualmente. Um estudo de 2002 demonstrou que o teste de tais bibliotecas melhora drasticamente a taxa de descoberta.
A análise de Miller ressalta o fato de que o mundo vegetal representa uma fonte pouco explorada de drogas que podem potencialmente salvar vidas. O pesquisador acrescenta ainda urgência nos esforços para conservar os habitats naturais, para que as espécies não sejam levadas à extinção antes que elas possam ser estudadas.

Fonte: Isaude.net