O coração pede socorro. As doenças coronarianas continuam a
ser a segunda causa de morte no Brasil, atrás apenas dos acidentes vasculares
cerebrais (AVC). O infarto, responsável pelo maior índice de mortalidade, tirou
a vida de 76.359 brasileiros em 2009.
Para mudar a estatística, o Ministério da Saúde lançou um
pacote de medidas. A meta é reduzir para 5% o índice de mortes por ataques
cardíacos em pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS), que hoje
oscila entre 10% e 15%.
A proposta, direcionada inicialmente às maiores regiões
metropolitanas do país, é criar novos leitos de UTI coronariana; incluir mais
dois remédios no tratamento do infarto — que serão oferecidos gratuitamente aos
pacientes internados; aumentar a verba para angioplastia primária e instalar
tele-eletrocardiogramas nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu). O investimento previsto é de R$ 234,4 milhões até 2014.
No Dia Mundial do Coração, o diretor da Sociedade Mineira de
Cardiologia (SMC), Evandro Guimarães, alerta: “Não adianta nada o Ministério da
Saúde agir se você não fizer a sua parte. A mudança de hábitos tem que começar
dentro de casa”.
O cardiologista sugere, por exemplo, limitar o tempo gasto na
frente da televisão e do computador para, no máximo, duas horas por dia. A
ideia é que isso permita às pessoas aproveitarem os horários livres para andar
de bicicleta, jogar peteca, cuidar do jardim ou simplesmente caminhar, nem que
seja até a padaria e o supermercado. “O importante é sair da inércia. Está bem
definido que a atividade física reduz a mortalidade cardiovascular, melhora o
colesterol, diminui os níveis de pressão arterial e proporciona bem-estar”,
afirma Guimarães.
Outra orientação é repensar os hábitos alimentares. Guimarães
defende que os brasileiros devem seguir uma dieta saudável como a mediterrânea,
baseada no consumo de massas, azeite, frutas, verduras e legumes, que
comprovadamente reduz em 15% a chance de ter algum problema cardiovascular. É
indicado, portanto, eliminar do cardápio a maior quantidade possível de
gordura, até para não sofrer com excesso de peso, que também pode fazer o
coração adoecer.
O diretor da SMC lembra, no entanto, que os fumantes precisam
ir além. Não vai resolver nada a atividade física e a alimentação balanceada se
o paciente continuar consumindo um maço de cigarro por dia. O tabagismo é e
sempre será um dos principais inimigos do coração. “Se você fuma dois cigarros
por dia, aumenta em 40% o risco de ter um infarto”, diz.
Tão importante quanto a mudança de vida é a avaliação
cardiológica regular para medir pressão arterial, colesterol, glicemia, cintura
abdominal e índice de massa corpórea (IMC). São exames simples que podem evitar
o pior. “É muito comum receber no consultório um paciente de 50 anos que não
sabia que era diabético. Às vezes, ele tinha a doença há mais de 10 anos e não
sentia nada”, comenta o cardiologista. Como os brasileiros estão sofrendo
infartos cada vez mais cedo, em parte por causa da vida agitada que levam, é
bom procurar um especialista o quanto antes.
Para cuidar do coração, Guimarães reforça que é preciso ter
força de vontade. Em um ano, o paciente pode não perceber os benefícios, mas a
longo prazo o coração vai agradecer o esforço. “Se você reduzir seu peso, fizer
atividade física e tiver uma alimentação saudável, vai conseguir viver mais e
melhor. Além disso, vai depender menos da saúde pública, porque não vai
precisar visitar o médico com tanta frequência nem vai tomar medicação. Isso é
ter qualidade de vida.”
MORTE SÚBITA
O infarto é a doença cardiovascular que mais preocupa, porque
é uma das maiores causas de mortes súbitas. Ocorre quando o entupimento da
artéria gera uma arritmia cardíaca grave e irreversível. A doença também pode
fazer o paciente desenvolver insuficiência cardíaca. Se a área do infarte for
muito grande, a perda muscular será tão extensa que o coração perderá a
capacidade de bombear o sangue. São pessoas que poderão, no futuro, ter
indicação de um transplante cardíaco.
Teste a saúde do seu coração
SEXO E IDADE
PERFIL - PONTOS
Homem de 20 a 30 anos / Mulher até 50 anos - 0
Homem de 31 a 40 anos - 1
Homem de 41 a 45 anos / Mulher de 51 anos ou mais - 2
Homem de 46 a 50 anos / Mulher sem ovário - 3
Homem de 51 a 60 anos / Mulher com irmã(o) infartado - 5
Homem de 61 anos ou mais / Mulher diabética - 6
CIGARRO
PERFIL - PONTOS
Nunca fumou - 0
Ex-fumante ou faz uso de cachimbo ou charuto - 1
Menos de 10 cigarros por dia - 2
De 10 a 20 cigarros por dia - 8
De 21 a 30 cigarros por dia - 9
De 31 a 40 cigarros por dia - 10
PESO
PERFIL - PONTOS
5kg a menos que o peso normal - 0
Peso Normal - 1
De 5 a 10kg acima do peso - 2
De 11 a 19kg acima do peso - 3
De 20 a 25kg acima do peso - 7
25kg ou mais acima do peso - 8
ATIVIDADE FÍSICA
PERFIL - PONTOS
Atividade profissional/esportiva intensa - 0
Atividade profissional/esportiva moderada - 1
Atividade profissional/esportiva leve - 2
Atividade profissional sedentária/esportiva moderada - 3
Atividade profissional sedentária/pouca atividade esportiva -
4
Inatividade física - 6
HISTÓRICO FAMILIAR
PERFIL - PONTOS
Nenhum - 0
Pai ou mãe c/ (+) de 60 anos c/ doença coronariana - 1
Pai e mãe c/ (+) de 60 anos c/ doença coronariana - 2
Pai ou mãe c/ (-) de 60 anos c/ doença coronariana - 3
Pai e mãe c/ (-) de 60 anos c/ doença coronariana - 7
Pai, mãe e irmão c/ doença coronariana - 8
PRESSÃO ARTERIAL
PERFIL - PONTOS
Até 119mmHg - 0
120 - 130mmHg - 1
131 - 140mmHg - 2
141 - 160mmHg - 6
161 - 180mmHg - 9
180mmHg ou (+) - 10
GLICOSE
PERFIL - PONTOS
Jejum abaixo de 80 - 0
Diabéticos na família - 1
Jejum < 100 / 2º hora < 140 - 2
Jejum > 100 / 2º hora > 140 - 5
Diabetes tratado - 6
Diabetes não controlado - 10
COLESTEROL
PERFIL - PONTOS
Abaixo de 180 - 0
181 - 200 - 1
201 - 220 - 2
221 - 240 - 7
241 - 280 - 9
> 280 - 10
RESULTADO
0 a 8 - Baixo risco
17 - Risco potencial
40 - Risco moderado
59 - Risco alto
67 - Faixa de perigo
68 - Perigo máximo
Por: Celina Aquino