sábado, 19 de novembro de 2011

Dieta equilibrada, exercícios e exames ajudam a reduzir riscos de infarto



 O coração pede socorro. As doenças coronarianas continuam a ser a segunda causa de morte no Brasil, atrás apenas dos acidentes vasculares cerebrais (AVC). O infarto, responsável pelo maior índice de mortalidade, tirou a vida de 76.359 brasileiros em 2009.

Para mudar a estatística, o Ministério da Saúde lançou um pacote de medidas. A meta é reduzir para 5% o índice de mortes por ataques cardíacos em pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS), que hoje oscila entre 10% e 15%.

A proposta, direcionada inicialmente às maiores regiões metropolitanas do país, é criar novos leitos de UTI coronariana; incluir mais dois remédios no tratamento do infarto — que serão oferecidos gratuitamente aos pacientes internados; aumentar a verba para angioplastia primária e instalar tele-eletrocardiogramas nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O investimento previsto é de R$ 234,4 milhões até 2014.

No Dia Mundial do Coração, o diretor da Sociedade Mineira de Cardiologia (SMC), Evandro Guimarães, alerta: “Não adianta nada o Ministério da Saúde agir se você não fizer a sua parte. A mudança de hábitos tem que começar dentro de casa”.

O cardiologista sugere, por exemplo, limitar o tempo gasto na frente da televisão e do computador para, no máximo, duas horas por dia. A ideia é que isso permita às pessoas aproveitarem os horários livres para andar de bicicleta, jogar peteca, cuidar do jardim ou simplesmente caminhar, nem que seja até a padaria e o supermercado. “O importante é sair da inércia. Está bem definido que a atividade física reduz a mortalidade cardiovascular, melhora o colesterol, diminui os níveis de pressão arterial e proporciona bem-estar”, afirma Guimarães.

Outra orientação é repensar os hábitos alimentares. Guimarães defende que os brasileiros devem seguir uma dieta saudável como a mediterrânea, baseada no consumo de massas, azeite, frutas, verduras e legumes, que comprovadamente reduz em 15% a chance de ter algum problema cardiovascular. É indicado, portanto, eliminar do cardápio a maior quantidade possível de gordura, até para não sofrer com excesso de peso, que também pode fazer o coração adoecer.

O diretor da SMC lembra, no entanto, que os fumantes precisam ir além. Não vai resolver nada a atividade física e a alimentação balanceada se o paciente continuar consumindo um maço de cigarro por dia. O tabagismo é e sempre será um dos principais inimigos do coração. “Se você fuma dois cigarros por dia, aumenta em 40% o risco de ter um infarto”, diz.

Tão importante quanto a mudança de vida é a avaliação cardiológica regular para medir pressão arterial, colesterol, glicemia, cintura abdominal e índice de massa corpórea (IMC). São exames simples que podem evitar o pior. “É muito comum receber no consultório um paciente de 50 anos que não sabia que era diabético. Às vezes, ele tinha a doença há mais de 10 anos e não sentia nada”, comenta o cardiologista. Como os brasileiros estão sofrendo infartos cada vez mais cedo, em parte por causa da vida agitada que levam, é bom procurar um especialista o quanto antes.

Para cuidar do coração, Guimarães reforça que é preciso ter força de vontade. Em um ano, o paciente pode não perceber os benefícios, mas a longo prazo o coração vai agradecer o esforço. “Se você reduzir seu peso, fizer atividade física e tiver uma alimentação saudável, vai conseguir viver mais e melhor. Além disso, vai depender menos da saúde pública, porque não vai precisar visitar o médico com tanta frequência nem vai tomar medicação. Isso é ter qualidade de vida.”

MORTE SÚBITA

O infarto é a doença cardiovascular que mais preocupa, porque é uma das maiores causas de mortes súbitas. Ocorre quando o entupimento da artéria gera uma arritmia cardíaca grave e irreversível. A doença também pode fazer o paciente desenvolver insuficiência cardíaca. Se a área do infarte for muito grande, a perda muscular será tão extensa que o coração perderá a capacidade de bombear o sangue. São pessoas que poderão, no futuro, ter indicação de um transplante cardíaco.

Teste a saúde do seu coração

SEXO E IDADE

PERFIL - PONTOS
Homem de 20 a 30 anos / Mulher até 50 anos - 0
Homem de 31 a 40 anos - 1
Homem de 41 a 45 anos / Mulher de 51 anos ou mais - 2
Homem de 46 a 50 anos / Mulher sem ovário - 3
Homem de 51 a 60 anos / Mulher com irmã(o) infartado - 5
Homem de 61 anos ou mais / Mulher diabética - 6


CIGARRO

PERFIL - PONTOS
Nunca fumou - 0
Ex-fumante ou faz uso de cachimbo ou charuto - 1
Menos de 10 cigarros por dia - 2
De 10 a 20 cigarros por dia - 8
De 21 a 30 cigarros por dia - 9
De 31 a 40 cigarros por dia - 10

PESO

PERFIL - PONTOS
5kg a menos que o peso normal - 0
Peso Normal - 1
De 5 a 10kg acima do peso - 2
De 11 a 19kg acima do peso - 3
De 20 a 25kg acima do peso - 7
25kg ou mais acima do peso - 8

ATIVIDADE FÍSICA

PERFIL - PONTOS
Atividade profissional/esportiva intensa - 0
Atividade profissional/esportiva moderada - 1
Atividade profissional/esportiva leve - 2
Atividade profissional sedentária/esportiva moderada - 3
Atividade profissional sedentária/pouca atividade esportiva - 4
Inatividade física - 6

HISTÓRICO FAMILIAR

PERFIL - PONTOS
Nenhum - 0
Pai ou mãe c/ (+) de 60 anos c/ doença coronariana - 1
Pai e mãe c/ (+) de 60 anos c/ doença coronariana - 2
Pai ou mãe c/ (-) de 60 anos c/ doença coronariana - 3
Pai e mãe c/ (-) de 60 anos c/ doença coronariana - 7
Pai, mãe e irmão c/ doença coronariana - 8

PRESSÃO ARTERIAL

PERFIL - PONTOS
Até 119mmHg - 0
120 - 130mmHg - 1
131 - 140mmHg - 2
141 - 160mmHg - 6
161 - 180mmHg - 9
180mmHg ou (+) - 10

GLICOSE

PERFIL - PONTOS
Jejum abaixo de 80 - 0
Diabéticos na família - 1
Jejum < 100 / 2º hora < 140 - 2
Jejum > 100 / 2º hora > 140 - 5
Diabetes tratado - 6
Diabetes não controlado - 10

COLESTEROL

PERFIL - PONTOS
Abaixo de 180 - 0
181 - 200 - 1
201 - 220 - 2
221 - 240 - 7
241 - 280 - 9
> 280 - 10

RESULTADO

0 a 8 - Baixo risco
17 -  Risco potencial
40 - Risco moderado
59 - Risco alto
67 - Faixa de perigo
68 - Perigo máximo

Por: Celina Aquino