Um procedimento comum utilizado em pacientes que acabaram de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) pode estar com os dias contados. De acordo com um amplo estudo da Universidade Loyola, em Chicago, nos Estados Unidos, a prescrição de medicamentos para controlar a pressão arterial não traz benefícios para a saúde do doente nesta situação. A recomendação não reduziu o número de mortes nem de invalidez e especialistas afirmam que ainda pode causar danos à saúde. Ainda assim, os pesquisadores ressaltam que é essencial controlar a hipertensão, principal fator de risco para o derrame.
O estudo publicado no “Journal of the American Medical Association” incluiu mais de quatro mil pacientes que sofreram derrame em 26 hospitais na China.
Eles foram selecionados aleatoriamente tanto para receber o medicamento quanto para interromper o seu uso.
Após 14 dias de acompanhamento ou a alta hospitalar, a equipe de pesquisa mostrou que não houve uma diferença estatística significativa entre os grupos.
— Na maioria dos casos, esse tratamento é desnecessário porque a pressão baixa naturalmente com o tempo, e reduzir a pressão pode ser contraindicado — afirmou o autor do estudo, Jose Biller, coordenador do Departamento de Neurologia do Centro Médico da Universidade Loyola.
Segundo o diretor clínico do Hospital Pró-Cardíaco e professor de Cardiologia da UFF, Evandro Tinoco, esta nova recomendação já vem sendo apresentada em estudos científicos.
— Antes baixávamos a pressão nesta fase aguda, o que parecia fazer sentido, pois estaríamos melhorando o fluxo sanguíneo para o cérebro e, assim, protegendo-o — explica Tinoco, que acrescenta: — Mas o que se observa é que este controle rigoroso da pressão não promove benefícios. Pelo contrário: isto pode aumentar o risco do paciente, pois, de alguma maneira, este aumento da pressão acontece para melhorar a chegada de sangue ao cérebro, já que a pressão intracraniana aumenta depois do AVC.
Pelo menos 25% da população mundial tem pressão alta, um dos maiores fatores de risco para o AVC, junto com doença cardíaca, diabetes, colesterol alto, tabagismo e avanço da idade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 5,7 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de derrames. No Brasil, são 68 mil por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.
A IMPORTÂNCIA DOS SINTOMAS
O estudo analisou pacientes que tinham sofrido um AVC isquêmico, o que representa 85% dos casos. Este tipo é causado por coágulos no sangue que bloqueiam o fluxo sanguíneo até o cérebro, levando a uma rápida degeneração do tecido cerebral.
Além do isquêmico, existe também o tipo hemorrágico, que ocorre quando um vaso sanguíneo enfraquecido se rompe e espirra sangue para o tecido do cérebro. A causa mais comum para esta ruptura é a hipertensão.
Nem sempre o AVC é diagnosticado, já que seus sintomas podem passar desapercebidos.
No entanto, as chances de sobrevivência aumentam se o problema é identificado e tratado em até 4,5 horas.
Para que o atendimento seja feito o mais rápido possível, é recomendável prestar atenção nas seguintes mudanças de comportamento: paralisia de um dos lados do corpo, diminuição da força, alteração da fala, dor de cabeça intensa e problemas de visão.
Fonte: O Globo
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