Estilo de vida tem deixado mulher mais exposta a fatores de risco cardiovascular. Índice elevado de colesterol "ruim" é um dos mais graves gatilhos do problema
O coração da mulher está recebendo mais atenção da classe médica. Uma nova diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda mais rigor no tratamento e na classificação do risco cardiovascular em pacientes do sexo feminino.
"Espera-se com isso diminuir a incidência de infartos", comenta o médico Leopoldo Piegas, coordenador do programa de cuidados clínicos do Infarto Agudo do Miocárdio, do HCor.
São basicamente três mudanças. A primeira, exclusivamente destinada às mulheres, amplia a abrangência do risco. Serão consideradas pacientes de alto risco aquelas com mais de 10% de chance de sofrer um evento cardiovascular nos próximos 10 anos. Antes, essa classificação era restrita a quem tivesse o mínimo de 20% de chance. O risco intermediário está entre 5% e 10%.
A forma de calcular o risco também mudou. O Escore de Framingham foi substituído pelo Escore Global. Ele é mais abrangente e considera fatores como idade, tabagismo, pressão alta, diabetes, histórico familiar e pessoal de doenças coronarianas. A partir dessa avaliação clínica, é possível estabelecer o risco de a pessoa ter um incidente cardiovascular nos próximos anos.
Por fim, o nível de colesterol "ruim" (LDL) aceito em cada grupo de risco diminui. Em pacientes de alto risco, o nível máximo passa de 100 para 70 mg/dl e nas de médio risco, de 130 para 100 mg/dl. "O colesterol LDL está diretamente associado ao risco coronariano. Quanto menos tiver, melhor", esclarece o Dr. Piegas. A nova diretriz também sugere uma redução de 100 para 70 mg/dl em pacientes com diabetes.
Um dos principais objetivos das mudanças é aperfeiçoar a prevenção cardiovascular em mulheres. Uma série de mudanças no estilo de vida delas tem aumentado a quantidade de fatores de risco a que são expostas, como tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, estresse e obesidade.
O Ministério da Saúde divulgou o resultado da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), no qual a obesidade foi identificada em 8% das mulheres.
O controle do colesterol é realizado de duas formas: uso de medicamentos, como estatinas, e mudanças em determinados hábitos de vida. Nessa segunda medida, é importante evitar sobrepeso, adotar a prática regular de exercícios e principalmente fazer uma boa alimentação, fracionada em pequenas refeições durante o dia.
Salmão, azeite extravirgem, aveia, laranja, alcachofra, linhaça e soja são alguns dos alimentos comprovadamente benéficos no controle do LDL. Alguns deles, inclusive, favorecem o HDL, tido como colesterol bom. Para obter os benefícios desses alimentos, médicos e nutricionistas recomendam que eles sejam incluídos na dieta do dia a dia, e não apenas ingeridos eventualmente.
Arritmias cardíacas aumentam de 48% para 66% em mulheres
Um estudo sobre 648 mulheres internadas no HCor (Hospital do Coração), com idade entre 15 e 44 anos, mostrou aumento dos casos de arritmias cardíacas de 48% para 66%, entre 2008 e 2012. Nesse período, o percentual de mulheres que recebeu tratamento cirúrgico/ hemodinâmico para correção de arritmia cardíaca variou de 45% para 61%.
As arritmias estão ligadas a problemas graves, como infarto e derrame cerebral, e podem matar. O tipo mais comum de arritmia, a fibrilação atrial, atinge 10% da população com idade a partir de 70 anos. Essa doença aumenta em cinco vezes o risco de AVC, pois ela promove a formação de coágulos na corrente sanguínea.
Uma série de fatores podem estar ligados ao aumento das arritmias. Doenças nas artérias coronárias, insuficiência cardíaca, hipertireoidismo e desequilíbrio químico no sangue (alteração nos níveis de potássio, cálcio e sódio) são algumas das origens possíveis. Contudo, arritmias também estão ligadas ao consumo de substâncias estimulantes, como cafeína, tabaco, álcool e anfetamina.
Fonte: Dikajob
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