sábado, 24 de agosto de 2013

Estudo da espécie medicinal Curcuma longa l. utilizada no tratamento do Câncer

Introdução

O Açafrão da Índia ou “Turmeric” ou “Cúrcuma” (Curcuma longa Linn.) é uma planta da família do gengibre (Zingiberaceae) sendo o rizoma a parte mais utilizada na culinária e na medicina. No Brasil, principalmente em Minas Gerais e Goiás, é conhecida como Açafrão da Terra, Açafroa ou Gengibre Amarelo. Não se pode confundir o Açafrão da Índia com o “Açafrão Verdadeiro” utilizado nas “paellas” espanholas, que é dispendioso e corresponde aos estigmas dessecados da bela flor amarela ou vermelha da planta Crocus sativus.

Metodologia

Foi realizada uma revisão bibliográfica em bancos de dados científicos, livros acadêmicos e revistas indexadas.

Taxonomia

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Zingiberidae
Ordem: Zingiberales
Família: Zingiberaceae
Gênero: Curcuma
Espécie: C. longa

Anatomia Botânica

Planta rizomatosa perene que pode atingir até 1,5 m de altura, apresenta rizoma piriforme, arredondado, carnudo e com ramificações laterais compridas e internamente de coloração alaranjada. Suas folhas são glabras, grandes, oblongas, lanceoladas e reunidas na base. Sua inflorescência apresenta flores pequenas de brancas a amareladas, saindo de uma haste longa.

Parte utilizada

Normalmente como condimento e planta medicinal, utilizam-se os rizomas, mas no oriente emprega-se também as folhas frescas como condimento.

Substâncias Bioativas

Possui óleos essenciais que são responsáveis pelo seu aroma e sabor e ação farmacológica, óleo resina, curcuminas, que são as substâncias corantes, de coloração amarelo alaranjado. A qualidade da cúrcuma é medida pelo teor de curcumina, que pode variar de 3 a 6 %. Possui ação antioxidante, auxiliando no combate a radicais livres. Está sendo muito usada para o tratamento de alguns tipos de câncer e possui ação antiviral, sendo empregada como coadjuvante no tratamento da AIDS.

A curcumina, isolada pela primeira vez por Vogel em 1842, é um pó insolúvel na água e no éter, mas solúvel no etanol e no DMSO. Quimicamente é um diferoilmetano com a fórmula: C21H20O6 e peso molecular: 368,4.

Na Índia, cerca de 100 mg/dia é consumido por habitante, como tempero. Estudos recentes mostram que podemos ingerir até 8 g/dia sem efeitos colaterais, entretanto a biodisponibilidade celular da curcumina é muito baixa, devido à rápida glucoronidação hepática e intestinal.

Nos Estados Unidos são muito comuns o câncer de mama, de cólon, de próstata e de pulmão, o que não acontece na Índia, onde é alta a ingestão de cúrcuma. Observou-se aumento da incidência de câncer de cólon em imigrantes da Índia vivendo nos Estados Unidos, o que mostra o valor da dieta como fator Quimiopreventivo. (Aggarwal-2003)

Shoba, conhecedor do fato que os indianos apreciam no seu cardápio diário o uso como tempero da cúrcuma com muita pimenta resolveu estudar o efeito da piperina extraída da pimenta negra (Piper nigra L.) ou da pimenta longa (Piper longum L.) sobre a biodisponibilidade da curcumina. A administração concomitante de piperina provocou grande aumento da concentração sérica, o que representa aumento de 2000% na biodisponibilidade celular da curcumina. (Shoba -1998)

A cúrcuma tem sido utilizada na medicina Ayuverdica, medicina tradicional da Índia, por mais de 6000 anos nas seguintes situações:
- Desordens biliares; 
- Anorexia;
- Tosse;
- Feridas em diabéticos;
- Males hepáticos;
- Reumatismo;
- Sinusite, etc.

Contraindicações

Algumas pessoas podem ter erupções cutâneas de pele. Em doses altas pode causar embriaguez, sono e delírio. Afecções gastrointestinais, como oclusão das vias biliares, cálculos biliares.

Considerações Finais

Apesar de Guido Shoba ter mostrado que a biodisponibilidade da curcumina pode ser aumentada em até 2000%, não se encontra na literatura trabalhos que utilizam a piperina no tratamento do câncer ou de doenças inflamatórias.

Existem sim, inúmeras tentativas de modificações da molécula da curcumina no intuito de se conseguir a patente do produto, para que possa enfim, ser industrializado e comercializado.

Trata-se de uma espécie promissora para o tratamento de diversas doenças do nosso cotidiano, em especial o câncer, que acomete a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.

É um compromisso nosso, investir na descoberta de novas moléculas e novos fármacos para o tratamento de diversas afecções que acometem a humanidade.

Fonte: Portal Educação