quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os ácaros e suas ameaças

Os ácaros são artrópodes com o corpo fundido em cefalotórax e abdome, com quatro pares de patas e sem antenas. Na parte anterior, chamada gnatossoma, localizam-se as peças bucais: quelíceras e palpos ou pedipalpos. As quelíceras possuem pinças em suas extremidades que são utilizadas para cortar ou perfurar os tecidos. Os palpos ou pedipalpos são órgãos que auxiliam na alimentação. Nos carrapatos existe um órgão relacionado aos palpos e quelíceras: o hipóstomo. Este auxilia na fixação do carrapato aos tecidos do hospedeiro.

A parte posterior, chamada idiossoma, corresponde ao resto do corpo, e, nele, estão inseridas as patas e podem ser vistos os orifícios genitais, anal, estigmas respiratórios, placas, sulcos, entre outros.

Escabiose (sarna)

Na subordem Sarcoptiformes encontramos algumas espécies de Acari que se caracterizam por possuírem cutícula delgada, sem estigmas respiratórios e palpos simples. A espécie Sarcoptes scabiei é uma das mais importantes.

A escabiose ou sarna sarcóptica foi uma das primeiras doenças humanas que teve sua causa conhecida. Antigamente essa sarna era muito comum entre a população; posteriormente, com o advento de medicamentos eficazes e higiene aprimorada, ela tornou-se rara. Entretanto, a partir da década de 70, elevou-se o número de pessoas apresentando esse parasito. As principais razões foram o aumento da população, facilitando o maior contato em ambientes coletivos (ônibus, por exemplo), promiscuidade sexual e mudança no comportamento humano em geral.

O Sarcoptes scabiei possui corpo globoso, pernas curtas, sem garras. A cutícula é marcada por estrias finas, frequentemente interrompidas por áreas com cerdas finas e flexíveis, espinhos curtos e robustos e escamas de forma triangular que são características do gênero. 

Biologia de Sarcoptes scabiei

Os adultos perfuram túneis ou galerias na epiderme, principalmente nas regiões interdigitais, mãos, punhos, cotovelos, axilas e virilhas.

Podem localizar-se também nas nádegas, genitais externos, seios, costas e pernas. As fêmeas que já copularam penetram na epiderme e começam a fazer túneis ou galerias e vão deixando para trás um rastro de ovos. Ovipõem três a quatro ovos por dia, num total de 40 a 50 durante toda a sua vida.

O período de incubação dura de três a cinco dias, quando eclodem larvas hexápodas. Estas permanecem nas galerias ou saem para a superfície da pele, onde ficam nas crostas que recobrem as galerias. Em um desses pontos, elas se alimentam, sofrem mudas e transformam-se em ninfas octópodas; oito a dez dias após transformam-se em machos e fêmeas. Ocorre a cópula e as fêmeas iniciam novas galerias ou túneis. O ciclo, do ovo até fêmeas grávidas, demora cerca de 20 dias.

Formas clínicas

A perfuração da epiderme, junto com produtos do metabolismo do parasito e a ação de sua saliva, gera um prurido intenso. Este prurido é mais evidente e irritante à noite, quando o hospedeiro está aquecido pelas cobertas. Frequentemente, o hospedeiro se coça fortemente, abrindo porta de entrada para infecções microbianas secundárias. Pode ocorrer a formação de crostas salientes.

Diagnóstico

A anamnese do paciente, o prurido, a localização e o aspecto das crostas são muito sugestivos para o diagnóstico clínico.

O diagnóstico parasitológico pode ser feito de duas maneiras:

a) aderindo uma fita gomada sobre as crostas, coloca-se depois a fita sobre uma lâmina e observa-se seu conteúdo ao microscópio;
b) raspar profundamente a epiderme nos limites com a pele sã, colher o raspado em lâmina o observar ao microscópio. Pode-se acrescentar algumas gotas de NaOH para clarificar o material antes de ser observado no microscópio.

Fonte: Portal Educação