quinta-feira, 11 de abril de 2013

Mídia influencia satisfação corporal e dieta


Um estudo com 159 estudantes universitários aponta que o padrão de beleza veiculado pela mídia pode causar insatisfação com o próprio corpo entre os jovens brasileiros. 

A pesquisa foi realizada no Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, pela nutricionista Maria Fernanda Laus. O padrão também pode influir na escolha de alimentos considerados saudáveis.

Padrão de beleza na mídia tem efeito sobre a satisfação corporal de jovens.

A nutricionista explica que estudos do mesmo tipo realizados em outros países já haviam relacionado “distúrbios da imagem corporal, mais precisamente a insatisfação, com exposição de imagens idealizadas pela mídia”. Assim, ela verificou essa relação em uma amostra da população brasileira. De acordo com Maria Fernanda, a literatura especializada sugere que a “insatisfação com o próprio corpo é resultado de uma discrepância entre a aparência autopercebida e a silhueta considerada ideal pela pessoa”. Por meio da comparação, as pessoas avaliam “de que forma seus próprios corpos se adéquam ao modelo que lhes é transmitido pela mídia”.

Com essas informações, e usando fotografias, a pesquisadora dividiu os jovens em dois grupos: Um experimental, no qual apresentaram aos jovens fotos de modelos que representam ideais de beleza. No outro, o controle, os participantes foram expostos a fotos de objetos neutros. Como também queria verificar a influência destas imagens na escolha alimentar, ofereceu a todos fotos de alimentos previamente classificados como “saudáveis” ou “pouco saudáveis”. As avaliações aconteceram antes e após as sessões de exposição às fotos.

Dieta e insatisfação com o corpo

Os resultados mostraram que “a exposição às imagens idealizadas pela mídia contribui para um aumento na insatisfação com o próprio corpo e também influencia as escolhas de alimentos considerados saudáveis”. Antes de observar as imagens dos modelos de beleza, o índice de satisfação corporal dos grupos, tanto o experimental quanto o controle, era praticamente o mesmo.

Após a exposição aos estímulos, 37,50% das mulheres e 58,97% dos homens do grupo experimental selecionaram uma silhueta diferente da escolhida como desejada antes da visualização. Dentre estes, 80% por cento das mulheres e 60,87% dos homens optaram por uma figura mais magra. As escolhas do grupo controle permaneceram inalteradas.

Outro achado da pesquisa foi o aumento nas escolhas de alimentos classificados como saudáveis entre os participantes do grupo experimental, especialmente entre as mulheres. Depois de expostas às fotos de modelos, o número de mulheres que escolheram esses alimentos cresceu 12,5%. A nutricionista lembra que a avaliação foi realizada com base na escolha alimentar feita pelo jovem, antes e após a exposição das imagens. E a classificação dos alimentos, baseada em consensos nutricionais de itens que fazem ou não parte de uma dieta balanceada.

Uma pessoa que deseja perder ou controlar seu peso pode optar por alimentos saudáveis “por saber ou acreditar que eles podem atender essas expectativas”. Por isso, a pesquisadora acredita que a alteração observada em seu estudo tenha sido motivada pelo receio de engordar ou pelo desejo de emagrecer e não pelo benefício de uma alimentação saudável.

A escolha dos alimentos, segundo Maria Fernanda, depende de fatores específicos para cada condição ambiental, na qual o humor e o estresse desempenham importante papel. Desse modo, ela conclui que a visualização de imagens de pessoas magras tenha gerado sentimentos negativos — observados pelo aumento na insatisfação com o próprio corpo, os quais “influenciaram a escolha alimentar pós-exposição”. A tese ‘Influência do padrão de beleza veiculado pela mídia na satisfação corporal e escolha alimentar de adultos’ foi orientada pelos professores Sebastião de Sousa Almeida e Telma Maria Braga Costa e defendida em março de 2013 na FFCLRP.

Fonte: Agência USP