Os novos tratamentos para combater os sintomas da psoríase estiveram no foco das atenções no encontro da Academia Americana de Dermatologia, em Miami (EUA).
A doença inflamatória crônica afeta de 1% a 3% da população mundial. Estima-se que o Brasil tenha 3 milhões de pessoas com o problema.
A psoríase não é contagiosa, não tem causa conhecida e caracteriza-se por manchas vermelhas, espessas e descamativas que geralmente aparecem nos braços, nas pernas e no couro cabeludo.
Como não há cura, o objetivo dos tratamentos - cremes, fototerapia, imunossupressores, corticoides e drogas biológicas - é o controle dos sintomas.
As novas drogas apresentadas no evento em Miami poderão se converter em opções para os pacientes que não respondem aos tratamentos atuais ou sofrem com efeitos colaterais graves.
Inflamação
Um dos novos medicamentos é o Apremilast, uma droga oral que reduz a inflamação nas células da pele e das articulações.
No estudo de fase 3 (último antes da aprovação da droga), com 844 pacientes, 59% dos voluntários tiveram melhora de 50% dos sintomas após 16 semanas, de acordo com uma avaliação de severidade e extensão da doença.
Uma melhora de 75% dos sintomas foi observada em 33% do grupo que recebeu a droga, em comparação com 5% do grupo placebo. O medicamento deve ser aprovado nos EUA até o fim deste ano, segundo a fabricante, o laboratório Celgene.
Os efeitos colaterais incluíram diarreia, náusea e infecção do trato respiratório.
De acordo com o dermatologista Davi de Lacerda, que participou do encontro nos EUA e não esteve envolvido no estudo, o medicamento poderia ser uma opção para quem tem a doença na forma mais grave e não pode usar os medicamentos biológicos por seu alto custo, ou ainda para quem não obteve respostas com outros tratamentos, como a fototerapia.
"Mas é uma droga nova, sobre a qual precisamos de mais dados a longo prazo."
Outros estudos de fase 2 mostraram bons resultados com drogas experimentais.
Uma delas é um anticorpo monoclonal, batizado por enquanto de MK-3222, fabricado pela MSD e voltado a pacientes que têm psoríase moderada e severa com formação de placas.
Os voluntários tratados com a dose mais alta do medicamento, de 200 mg, tiveram taxas de respostas de até 74%.
Uma pesquisa em roedores mostrou ainda que injeções de toxina botulínica melhoraram a aparência das lesões.
Para a dermatologista Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a ampliação do leque de tratamentos será benéfica pelo grande número de efeitos colaterais dos medicamentos disponíveis.
"Os imunossupressores, por exemplo, podem causar problemas de fígado, rim e hipertensão."
Durante o congresso, foi lançado ainda um aplicativo para celular direcionado aos médicos, o ADD Psoriasis App, para ajudar a diagnosticar e tratar a doença.
O programa tem um "checklist", recomendações de tratamento e acesso rápido a um guia sobre psoríase.
Fonte: Folha de S.Paulo