Cardioversores-desfibriladores implantáveis
Os médicos não conversam com os pacientes sobre o impacto psicossocial e os riscos de longo prazo gerados pelo implante de desfibriladores.
Embora projetados para tratar arritmias graves, esses aparelhos - tecnicamente chamados cardioversores-desfibriladores implantáveis (CDI) - podem trazer grandes impactos que surgem inesperadamente para os pacientes, já que eles não estão sendo avisados.
O alerta foi divulgado pelo renomado periódico científico JAMA, depois de um estudo conduzido por uma equipe multidisciplinar chefiada pelo Dr. Paul Hauptman, da Universidade de Saint Louis (EUA).
Ao contrário dos marca-passos, que enviam impulsos elétricos rápidos e de baixa energia, os CDIs dão um choque de alta potência, literalmente dando um tranco no peito do paciente.
"Receber um CDI é claramente um evento que muda a vida do paciente," disse Hauptman. "Os médicos precisam não apenas citar os benefícios do dispositivo, mas também fazer com que os pacientes saibam a respeito de seus riscos, além daqueles da própria cirurgia de implante."
O maior problema detectado pelos pesquisadores é que muitos pacientes ainda sem sintomas estão recebendo implantes de cardioversores-desfibriladores como parte de uma estratégia preventiva primária.
Segundo eles, esse procedimento não leva em conta os possíveis riscos pós-implante e nem as complicações, que incluem ansiedade e desordens psicossociais.
"Sete a oito pacientes em cada 100 vão ter benefício quando o CDI é implantado para a prevenção primária, em vez da prevenção secundária. A maioria não terá benefícios em termos de sobrevivência em relação aos cuidados tradicionais," disse o pesquisador.
Melhorando os desfibriladores
O aparelho, como qualquer outra tecnologia, não está livre de defeitos, e os fabricantes têm emitido alertas sobre problemas, alguns dos quais requerem procedimentos corretivos para substituir peças.
No estudo, 80% dos pacientes afirmaram não ter recebido dos seus médicos qualquer aviso dos riscos de complicações.
Eles também disseram que não foram avisados sobre as mudanças que poderiam esperar na qualidade e no estilo de vida após a implantação do dispositivo.
O estudo revelou ainda que a maioria dos pacientes viu a implantação como uma cura, mas logo perceberam que não era o caso.
"Os cardiologistas precisam ser treinados em comunicação com os pacientes, o que irá ajudar em uma tomada de decisão bem informada e antecipar as ameaças para a qualidade de vida dos pacientes," concluiu o Dr. Hauptman.
Embora possam ajudar a salvar algumas vidas, os CDIs são bem conhecidos pelo efeito devastador que podem ter sobre os pacientes. Por isso, muitas pesquisas têm tentado reduzir a energia com que eles trabalham, minimizando os terríveis choques que eles induzem quando o paciente menos espera e que acabam danificando o próprio coração.
Fonte: Diário da Saúde